Tuesday, September 15, 2020

#ANovaVoltaÀsAulas: "Já recebi mensagens 1h20 da manhã. Vemos colegas ficando doentes, não pelo vírus, mas devido à sobrecarga de trabalho", diz professora

Professora desabafa sobre ensino à distância (Foto: Arquivo pessoal)

 

Em tempos de coronavírus, as aulas pelas telas se tornaram uma realidade para os estudantes e professores. No entanto, o ensino a distância de forma tão inesperada tem sido um desafio. Muitos educadores relatam a sobrecarga de trabalho no cenário de pandemia. A professora Aline Balestrin Rowedder, 42, diz que sua vida mudou completamente após o fechamento das escolas e que tem sido muito difícil se adaptar a essa nova rotina. 

Aline dá aulas para o ensino fundamental e médio, na rede pública, em Palmitinho, Rio Grande do Sul. Há mais de 20 anos atuando como educadora, ela explica que nunca pensou que passaria por uma situação como essa. Segundo a profissional, os professores, em geral, estão sobrecarregados e cansados, além de se sentirem frustrados por saberem que os alunos não estão aprendendo. 

Apesar da sobrecarga e cansaço com as aulas online, a educadora explica que mesmo as aulas presenciais sendo melhores, as escolas ainda não estão preparadas para a volta dos alunos. Confira seu depoimento. 

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Nós vemos colegas ficando doentes não pelo vírus, mas com essa pressão que a gente carrega. A nossa família fica, muitas vezes, em último lugar. Temos que sempre está atento se está faltando um conteúdo na plataforma online e se algum aluno está com dúvida. Fazer isso a todo momento, sem descanso, acaba acarretando um fardo muito grande para nós professores, deixando sempre a família em último lu,gar. É filho para depois, marido para depois, casa para depois e o eu também vai ficando para depois. 

Antes da pandemia, tínhamos uma rotina, de certa forma, mais equilibrada. Nós fazíamos formações e reuniões. Os alunos nos chamavam para tirar algumas dúvidas, que ficaram pendentes, mas era uma rotina psicologicamente tranquila, com todas as dificuldades de escola pública, mas a gente conseguia conduzir de uma forma mais calma. 

Porém, com a pandemia, tudo mudou repentinamente. Hoje, eu sou professora de física de oito turmas de ensino médio e uma turma de ensino fundamental. Tivemos que nos adaptar a essa nova realidade, mas temos dificuldades enormes. Nem todos os nossos estudantes têm acesso à internet. Muitos dos alunos do ensino médio têm apenas um celular na família para dois ou três irmãos responderem às atividades. Alguns moram no interior, onde em tempos normais, o único ônibus que passa todos os dias é o do transporte escolar.

Além disso, não temos horários para atender aos estudantes. Eles nos chamam praticamente a todo momento. Na medida que eles vão conseguindo ter o acesso, eles nos procuram. Domingo, sábado, eu já recebi mensagem pelo meu WhatsApp 1h20 da manhã. 

Nossa rotina mudou completamente. Tenho que preparar a aula que irei subir na plataforma para as oito turmas, corrigir as tarefas anteriores, planejar atividades e levar à escola para os alunos que não têm internet. Temos também que gravar aulas para explicar as atividades e fazer aulas ao vivo, além de sanar as dúvidas dos pais no horário que eles conseguem, e isso é compreensível. Ainda vem o que realmente desgasta: planilhas e mais planilhas, documentos para comprovar tudo o que fazemos e o que os alunos fazem ou deixam de fazer. 

Nós também precisamos participar três vezes por semana de formações por lives. Essa situação é bem difícil e cansativa. Muitas vezes, eu me sinto impotente, porque eu sei que meu aluno não está aprendendo como deveria. Sinto que não é culpa minha, mas é algo que eu carrego dentro de mim.

Apesar de tudo isso, acredito que não temos uma estrutura para o retorno às aulas presenciais. As nossas escolas não estão preparadas para isso. Os nossos estudantes estão com saudades dos colegas, em um descuido irá ter o abraço, vai ter o aperto de mão e o contato. Também penso como será feito o isolamento de bebedouros e a utilização dos banheiros. O retorno às aulas não deva acontecer, apesar de toda a sobrecarga que estamos tendo, porque nós não estamos estruturados para isso, nem nós professores, nem os alunos.

Ao longo das próximas semanas, CRESCER publica reportagens com depoimentos de pais, professores e especialistas sobre a nova volta às aulas, durante a pandemia do coronavírus.

 

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2020/09/anovavoltaasaulas-ja-recebi-mensagens-1h20-da-manha-vemos-colegas-ficando-doentes-nao-pelo-virus-mas-devido-sobrecarga-de-trabalho-diz-professora.html

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