"Meu filho chorou inconsolovalmente porque cortei a banana em rodelas, em vez de amassar" ou "Minha filha simplesmente se jogou no chão do supermercado porque eu disse que não compraríamos um sorvete naquele momento". Se você é pai ou mãe de uma criança pequena, certamente, já passou por uma situação parecida, quando a criança começa a ter uma crise de birra, por motivos que, aos nossos olhos, não são nada de mais. Os ataques são comuns e fazem parte do desenvolvimento. A criança sente raiva ou frustração, mas não tem, ainda, ferramentas ou maturidade emocional para lidar com aquilo. Mas qual é o papel do adulto nesse cenário? Como ajudar seu filho? Reunimos cinco dicas do que fazer (e do que não fazer também). Confira:
"Costumo comparar a birra ao leite fervendo no fogão. Quando a gente para de olhar por um segundo, ele sobe e transborda, sujando tudo. Não adiantaa nem desligar o fogo, quando ele já está subindo, porque não vai parar", diz a psicóloga Rita Calegari (SP). Geralmente, a criança vai se irritando e, se você estiver ali, prestando atenção, vai perceber que ela pode ter um ataque de birra a qualquer minuto. Aí, dá para tentar mudar o foco, chamando atenção para outra brincadeira ou situação, antes que exploda. Também é importante os pais ficarem atentos a quando a criança começa a sentir fome ou sono, porque essas necessidades não atendidas também podem deixar os pequenos irritados e mais propensos a uma erupção. Mas é comum, assim como acontece com o leite, que as crises venham bem quando estamos preparando o jantar ou respondendo a um e-mail importante do trabalho. Nesse caso, siga para a próxima dica...
Quando a criança já está tendo um ataque de birra, não vai adiantar gritar, brigar, argumentar, tentar negociar, fazer chantagem... "Nesse momento, a escuta e a razão simplesmente não funcionam, então é um desgaste desnecessário", explica a psicóloga. O jeito é respirar, esperar passar e só depois conversar com a criança sobre aquilo, com tranquilidade, mostrando que há outras maneiras de lidar com a frustração e a raiva (veja a próxima dica). A conversa pode acontecer até um dia depois, não há necessidade de ter pressa. O iimportante é ajudar seu filho a entender o que ele está sentindo.
Aceite, também, que você não é perfeito. "Carregamos aquele peso de que pai e mãe têm que ter solução para tudo e não é assim", diz Rita. Uma solução é dizer algo como: "Filho, você está com raiva? Ou frustrado? Quando eu me sinto assim, geralmente, é porque estou com raiva, mas acho que jogar seus brinquedos e quebrá-los não é um jeito legal de resolver. Vamos pensar juntos em como a gente pode melhorar isso?".
Quando a criança tem uma crise emocional, acolha e valorize. Evite frases como "Não precisa chorar ou "Não é nada" ou então "Já passou". Com isso, a criança compreende que você quer apenas abreviar o problema e não está se conectando para entender como ela se sente. "Ouvir" enquanto você mexe no celular também passa a mesma mensagem. Olhe nos olhos, se conecte. Assim, ela entenderá que você está ali, presente. Isso também ajuda seu filho a entender que pode procurar e contar com você quando estiver com alguma questão e quiser conversar. Abre caminho para que continue assim lá na frente, na adolescência. A escuta começa na infância.
Quer saber mais sobre o tema? Confira o bate-papo com a Rita Calegari na íntegra, no vídeo abaixo:
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