Cada vez mais popular, o bitcoin vem dominando os noticiários, seja pela alta histórica de valor ou por esquemas fraudulentos que deixaram centenas de vítimas. Mas, afinal, você sabe como funciona essa criptomoeda e se ela pode ser um bom investimento para sua família? Conversamos com três especialistas para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema. Confira:
Investir em bitcoin é seguro?
O bitcoin é uma criptomoeda que não está vinculada a nenhum banco ou governo e pode ser enviada em transações por usuários sem precisar de intermediários. “O bitcoin é uma rede fundada há 12 anos e nunca foi hackeada. Nesse sentido, é um sistema seguro”, diz Roberta Antunes, diretora de crescimento da Hashdex, gestora de criptoativos. “Porém, é inegável que é mais arriscado do que um investimento tradicional porque é uma tecnologia nova e muito mais volátil quando comparada a outras reserva como o ouro, por exemplo, que já é utilizado há centenas de anos. Isso significa que pequenas notícias podem manipular muito intensamente o preço do bitcoin no mercado, então é preciso estar preparado para quedas e altas intensas”, afirma Roberta.
Quais são os principais prós e contras do bitcoin?
Como ponto positivo, Tatiana Revoredo, professora do Insper e membro da Fundação Oxford Blockchain (Inglaterra), ressalta que o bitcoin pode ser um ativo de proteção contra a inflação. “Ele não está vinculado a nenhum governo, portanto não sofre desvalorização por causa da má-condução da economia por algum país; se você investir diretamente, isto é, comprar de corretoras de criptomoedas e armazenar seus bitcoins numa carteira digital, você terá total controle dos seus bitcoins e não correrá o risco de tê-los confiscados em caso de crise econômica”, explica.
Já Eduardo Miranda da Cruz, professor de criptomoedas na Universidade de São Paulo (SP), ressalta que o bitcoin foi o melhor investimento da última década, com retornos na casa de 230% anualmente. Porém, é aí que se esconde, de acordo com Cruz, o maior contra da criptomoeda: a volatilidade. “Esta jornada teve seus períodos de fortes baixas também, tivemos quedas de 90%, além disso baixas na ordem de 40-50% foram relativamente comuns”, afirma. “É preciso ter estômago forte para ver seu investimento cair 50% em um único dia e não entrar em pânico. Porém quem aguentou firme e até aproveitou estas fortes baixas para comprar se deu muito bem”.
Bitcoin é um investimento de curto ou longo prazo?
O fato de o bitcoin ter sido considerado o melhor investimento da última década não significa que ele continuará tendo bons resultados. Todos os especialistas ouvidos concordam que o mais indicado é investir em bitcoin buscando um retorno a longo prazo e não imediato. “Ao ter um horizonte de longo prazo, você evita ser obrigado a tomar uma decisão em um momento desfavorável", explica Cruz. “Não recomendo a ninguém investir neste mercado no curto prazo, apesar de ser possível ter bons retornos, baixas significativas certamente irão ocorrer”, aconselha.
Como comprar bitcoin? E como armazená-lo?
Você pode adquirir bitcoin de forma direta (comprando de outra pessoa ou de alguma corretora de criptomoedas) e de forma indireta (adquirindo algum fundo de investimento, que tem bitcoin em seu portfólio).
De acordo com a professora do Insper, a forma de investimento mais indicada depende do perfil de quem vai comprar a criptomoeda. “O investimento direto é indicado para pessoas que têm facilidade com informática e computadores, conseguem entender os tipos de carteiras digitais – online ou a frio, sabem que é preciso utilizar uma internet segura com VPN e que nunca deve usar no wi-fi público”, explica. “Já o investimento indireto é recomendado para quem não tem facilidade com computadores e celulares, costuma perder senhas ou é desatento ao fazer transações”, afirma.
Tatiana também alerta que se você investir diretamente, será responsável pela segurança dos bitcoins. “Quem investe diretamente precisa aprender sobre carteiras digitais, como transacionar e armazenar com segurança os bitcoins, ter uma postura mais proativa e uma mudança de mentalidade, sabendo que não há um helpdesk, ou um gerente de banco para te ajudar caso você esqueça sua senha, por exemplo”, destaca.
Já o investimento em um fundo de criptomoedas funciona da mesma maneira que os outros fundos negociados na bolsa de valores. Neste caso, quem fica responsável por guardar os bitcoins é um gestor e não o investidor.
Para as famílias que têm interesse, existe uma porcentagem recomendada da renda "extra" para investir em bitcoin?
De acordo com Cruz, para quem tem interesse em bitcoin, uma alocação entre 1% até no máximo de 5% do valor que a família destina para investimentos é a mais indicada. “É importante investir um valor que não fará falta no curto/médio prazo, lembrando que nestes últimos 10 anos do bitcoin tivemos períodos de baixas que duraram uns dois anos ou mais. Na minha opinião, a melhor estratégia é comprar um pouquinho todos os meses, independentemente do preço, assim ao longo do tempo você vai acumulando bitcoin. Acredito que o bitcoin pode, sim, ser uma boa poupança para ser resgatada pelos filhos daqui a dez anos, por exemplo”, opina.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/11/bitcoin-para-familias-conheca-pros-e-contras-do-investimento.html