Caminho Zen, do GNT, não poderia ter estreado em uma hora mais adequada. Exibido pelo canal pago GNT, às quartas-feiras, às 23h, o programa, dividido em cinco episódios mostra Fernanda Lima, ainda durante a gravidez, em uma viagem de autoconhecimento pelo Japão com Monja Cohen. Nunca antes precisamos todos de tanta calma e de um mergulho consciente nas emoções para lidar com todas as dificuldades e anseios impostas pela pandemia do coronavírus, que se espalha pelo mundo.
Quem passou por um pós-parto de entrega intensa tem alguma ideia do que é quarentena. É o caso de Fernanda, que já estava passando os dias em casa, por conta dos cuidados de Maria Manoela, 4 meses. "A diferença é quem mais gente aqui em casa", disse ela, em entrevista exclusiva a CRESCER. Fernanda e o marido, o apresentador Rodrigo Hilbert, também são pais dos gêmeos João e Francisco, 11, que estão estudando em casa durante esse período.
Para Fernanda, a ioga, a meditação e as técnicas de respiração, temas que aparecem com frequência em Caminho Zen, ajudam muito na rotina, tanto no período de isolamento, como fora dele. "Hoje mesmo os meninos estavam implicando um com o outro, não consegui ajudá-los na escola por causa de uma reunião de trabalho e a hora do almoço estava um caos. Parei um pouco, pedi para que todos respirassem fundo cinco vezes e na volta foi outro almoço. Você sente a energia baixar", contou. Confira o bate-papo completo:
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Como você está lidando com a quarentena? O que mudou na rotina?
F: Eu já estava em quarentena por causa da Maria, ficando com ela 100% do tempo. Continuo amamentando de duas em duas ou três em três horas. A diferença agora é que tem muito mais gente conosco em casa. Os meninos estão fazendo home schooling e a escola passa as tarefas e atividades pela plataforma virtual. É uma prática a que ainda não estavam acostumados, então ouço, algumas reclamações de que preferiam estar na escola, mas tento sempre fazer com que vejam os aspectos positivos da situação. A parte tecnológica eles tiram de letra e eu ajudo mais nas tarefas em que é preciso pensar e refletir sobre determinada situação.
O Rodrigo e eu também tentamos manter os dois ocupados ao máximo com tarefas criativas. O videogame continua limitado a uma hora por dia. E eles estão se saindo bem, fazendo vídeos por conta própria, jogando bola dentro de casa, cozinhando com a gente e trabalhando em invencionices com o Rodrigo. É um momento complicado para todo mundo, mas acho que as crianças encaram melhor que os adultos. Elas conseguem, brincar e utilizar o lúdico pra enfrentar o confinamento. Já para os adultos é quase impossível não pensar no amanhã. No nosso caso, ficamos muito em casa juntos, então eles estão acostumados com essa convivência próxima. Acaba sendo uma situação de auto conhecimento e também de fortalecer laços com a família.
A ioga e a meditação têm ajudado você a lidar com a situação?
F: Sim porque sem buscar o equilíbrio e o aperfeiçoamento espiritual fica tudo muito absurdo e é difícil elaborar essa incerteza. A situação está extrema, a vida das pessoas está ameaçada e tanto quem está doente como quem não sabe como vai se sustentar daqui para frente tem todo direito de pirar. Já quem é mais privilegiado, que vai sofrer prejuízos financeiros, mas não faltará comida, precisa se preparar espiritualmente para ajudar quem não terá esse privilégio e para elaborar essas dores.
A atenção à respiração é importante nesse processo porque ajuda a ver as coisas de uma nova perspectiva. Tanto em relação às coisas complexas quanto as mais simples. Por exemplo, hoje mesmo os meninos estavam implicando um com o outro, não consegui ajudá-los na escola por causa de uma reunião de trabalho e a hora do almoço estava um caos. Parei um pouco, pedi para que todos respirassem fundo cinco vezes e na volta foi outro almoço. Você sente a energia baixar.
Como é a sua história com a prática do ioga e meditação?
F: Comecei a praticar aos 20 anos porque sentia uma pressão muito forte ao ser julgada e precisava de algo para me fortalecer. A primeira vez que fiz uma aula de ioga me apaixonei imediatamente. Sou bastante ativa e tenho flexibilidade, então me identifiquei na hora. Além da prática física, tem essa coisa de exercitar a respiração que passou a nortear minha vida e agora tudo que acontece comigo passa por esse lugar. Seja no trabalho, com a família, tudo que divido e compartilho passa por essa limpeza individual.
Com a chegada da maternidade, a mulher passa por muitas e profundas mudanças físicas, mas, principalmente emocionais. De que forma a ioga te ajudou nesse processo?
F: Na gravidez, nas duas, não consegui praticar com frequência porque sou daquelas que enjoa até a última semana. O que eu conseguia era fazer um pouco de meditação. A gravidez é sempre um período muito difícil. Só consigo pensar que vai passar. Prefiro ter um recém-nascido chorando e lidar com todas as emoções do puerpério do que com a azia, insônia e náusea da gestação. No pós-parto, eu consigo uns 10 ou 20 minutos sozinha para me concentrar e consigo voltar reernegizada para ser uma mãe mais equilibrada e mentalmente presente.
C: Francisco e João conhecem, praticam ou já tiveram curiosidade em aprender ioga?
F: A criança acaba entrando na onda da família, como eu e o Rodrigo praticamos no dia a dia, eles já estão acostumados com a rotina em que precisa ter diálogo, calma, não pode ser tudo pra ontem. Aqui não tem birra, criança que se joga no chão e nem gritaria. A gente também não grita. Quando eles ficam chateados e vejo que a energia está ruim, muitas vezes quando voltam da escola e estão muito agitados e um pouco agressivos, sento os dois na minha salinha de ioga por 3 minutos pra respirar fundo. Tem sempre um que se se recusa, deita no chão e acaba pegando no sono. Acho que ensinando nossos filhos a lidar com emoções de uma maneira positiva e não destrutiva, geramos os adultos de que a gente gosta, capazes de controlar os impulsos. Sei dessa missão, principalmente por ser mãe de menino e prometo criar seres humanos pacíficos. Porque quem não aprende isso acaba se tornando quem a gente tem pavor de lidar.
A escola também nos ajuda nessa missão porque tem aulas de mindfullness. Já eu costumo propor atividades de respiração, mas não é todo dia porque não quero que peguem bode, é algo que eles tem que descobrir o valor por si mesmos. Mas percebo que eles já dão importância à respiração porque sempre que tem que se apresentar ou fazer algo que exige concentração, eles respiram fundo.
Quando eram menores, apresentava esse universo pra eles por meio de brincadeira. Por exemplo, quando íamos dormir os três na cama, inventei um concurso de bocejo, que estimula naturalmente a respiração profunda. Não dava dois minutos estava todo mundo dormindo. Foi sempre algo apresentado na rotina com imaginação e não com imposição de regras.
C: No pós-parto, você continuou praticando ioga?
F: Respeitei os 40 dias de resguardo sem exercício. Só me concentrava na respiração e alongava, mas nada que exigisse muito esforço físico. Atualmente, tenho praticado muito. Eu preciso e sei que sou melhor com a ioga.
C: Caminho Zen estreou este mês. São cinco episódios gravados no Japão com a Monja Coen. O que você vai levar dessa experiência?
F: Nessa viagem pude conhecer melhor e espiritualidade da Monja que pratica o zen budismo e aprofundar meus conhecimentos na meditação e ioga. Apesar de seguirmos vertentes diferentes, os objetivos de todas essas filosofias são muito parecidos. Foi muito legal poder conhecer a Monja e traçar um paralelo entre todo o conhecimento que ela tem e como podemos aplicá-lo no dia a dia.
C: Como você e a Monja se conheceram? Fala um pouco sobre ela?
F: Conheci a Monja durante as gravações. No convívio percebi que ela é exatamente quem demonstra ser. Acho ela muito inteligente, agradável, super tranquila, dedicada e didática, no sentido de não deixar nada muito nebuloso. É uma pessoa muito necessária nos dias de hoje.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Comportamento/noticia/2020/04/fernanda-lima-aqui-nao-tem-birra-crianca-que-se-joga-no-chao-e-nem-gritaria.html