Até então, todos os estudos indicam que as crianças são menos vulnerários ao coronavírus. No entanto, apesar de ficarem menos doentes, os especialistas afirmam que elas são vetores importantes, ou seja, pegam o vírus e transmitem a outras pessoas. Agora, novas evidências confrontam essa hipótese de os pequenos serem "super espalhadores" do Covid-19. Isso porque cientistas descobriram que um menino de 9 anos que contraiu o vírus na França, não o transmitiu para ninguém, apesar de ter entrado em contato com mais de 170 pessoas nos dias seguintes.
+ Coronavírus: explique, tranquilize e acolha os medos das crianças
O estudo, publicado na Clinical Infectious Diseases, comparou o caso do menino ao de Steve Walsh, o primeiro britânico a ter um resultado positivo para o vírus, depois de participar de uma conferência em Cingapura, em janeiro. Sem saber, ele passou o vírus para vários outros convidados em um chalé de esqui na região da Alta Saboia, na França, antes de voltar para Londres. Enquanto a maioria dos convidados contraiu o vírus, um novo estudo da Public Health France descobriu que o garoto não o transmitiu a mais ninguém. "O fato de uma criança infectada não transmitir a doença, apesar das interações estreitas em três escolas, sugere potenciais dinâmicas diferentes de transmissão em crianças", afirmam os pesquisadores, liderados por Kostas Danis.
CRIANÇAS X VETORES
O estudo começou logo após pesquisadores na China alertarem que crianças infectadas por coronavírus estariam colocando em risco outras pessoas ao espalharem secretamente a doença. Pesquisadores do Ningbo Women and Children's Hospital, em Zhejiang, analisaram o efeito de pacientes assintóticas em crianças no público em geral. No estudo, a equipe analisou 36 casos de crianças com menos de 16 anos que apresentaram resultado positivo para Covid. Desses, 28% eram assintomáticos, enquanto outros 19% apresentavam apenas sintomas leves.
+ Mãe divulga foto do filho de 3 anos internado com coronavírus para alertar outros pais
No estudo, publicado no The Lancet, os pesquisadores, liderados por Haiyan Qiu, escreveram: "Embora febre, tosse seca e pneumonia leve sejam manifestações comuns, quase metade dos pacientes não apresenta sintomas óbvios nem achados radiológicos anormais". Desde os resultados, os pesquisadores dizem que as crianças podem estar transmitindo o vírus, apesar de não apresentarem nenhum sintoma. “Embora todos os pacientes pediátricos em nossa coorte apresentassem Covid tipo leve ou moderado, a grande proporção de crianças assintomáticas indica a dificuldade em identificar pacientes pediátricos que não possuem informações epidemiológicas claras, levando a uma situação perigosa na comunidade”, finalizou.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2020/04/covid-segundo-estudo-algumas-criancas-podem-nao-espalhar-o-virus.html