Anna Carolina estava com 39 semanas e 1 dia de gestação quando começou a sentir as primeiras contrações. À espera de Arthur, seu primeiro filho, ela chamou a doula e a enfermeira obstetra que a acompanhariam em casa até o momento de ir para o hospital onde o bebê deveria bascer. Mas Arthur não quis esperar. Nasceu no estacionamento do prédio onde a família mora, no Rio de Janeiro, amparada por sua equipe e sob o olhar assustado (mas muito feliz) do pai, André.
O parto aconteceu no dia 14 de junho do ano passado. As fotos, porém, foram publicadas nesta terça-feira (21) pela fotógrafa Graziele Pereira, e o relato teve mais de 10 mil compartilhamentos até esta quarta (22).
“Foi um misto de preocupação e alívio. Primeiro, a preocupação por não termos uma estrutura para lidar com alguma intercorrência, já que a intenção não era um parto domiciliar, menos ainda um parto em pleno estacionamento. Em seguida, ao ver que estava tudo bem, que ele respirava bem e tinha vindo já chorando, veio o alívio: por me livrar das dores e das contrações, por não correr o risco de ser submetida a uma cesariana desnecessária”, conta Anna Carolina da Costa Avelheda Bandeira, 30 anos, em entrevista exclusiva a CRESCER.
Anna teve um trabalho de parto bastante rápido – cerca de 2h30 de fase ativa. A equipe, segundo ela conta, começou a desconfiar da proximidade do nascimento depois que Anna saiu do banho. “Todas estavam a postos, a todo o momento, acompanhando todo o processo. Amanda, a enfermeira obstétrica, até de luvas já estava, sabendo que corríamos o risco de que ele nascesse dentro do carro. Roberta, a doula, não desgrudou de mim um segundo também, sempre me incentivando. E Grazi, a fotógrafa, conseguiu fazer lindos registros desse momento, mesmo sem nem conseguir conferir se as fotos estavam ficando boas. Elas foram incríveis!”
“Carol já estava com as contrações bem regulares quando cheguei. Com frequência a enfermeira auscultava o coração de Arthur e estava tudo ótimo com ele. Quando o André (marido) chegou, vimos claramente no rosto da Carol a paz de ter o marido por perto e foi ali que as contrações começaram a ficar mais intensas”, conta a fotógrafa Graziele Pereira.
A ideia era que Anna Carolina tomasse um banho para então seguir para a maternidade, cujo trajeto levaria cerca de 30 minutos. “No banho as contrações começaram a intensificar. Quando chegamos ao térreo a Carol disse ‘acho que ele está aqui em baixo’. A enfermeira obstetra examinou e estava tudo bem, o bebê não estava ali embaixo. Havia tempo de chegar na maternidade que era relativamente perto. Foi o tempo do André buscar o carro na garagem, estacionar próximo ao portão e Carol andar até o carro. Ela teve mais uma contração e gritou ‘Vai nascer’. A enfermeira levantou o vestido da Carol e o Arthur já estava coroando. Foi à jato. Foi rápido. Lindo e emocionante. Cheio de adrenalina e ocitocina.”
As fotos registradas por Graziele mostram a angústia do pai com o nascimento. “Meu marido ficou muito assustado, com receio de que algo não saísse bem, mas muito emocionado, por nosso filho ter nascido com saúde, no tempo e no ‘jeito’ dele.” O cordão umbilical só foi cortado no hospital, pelo marido de Anna.
O casal pretende ter mais filhos. E o próximo, será em casa? “Não pensei ainda se gostaria de tentar um parto domiciliar, apesar de, teoricamente, já ter tido um (risos). Acho que tudo vai depender de como uma futura gestação venha a progredir.”
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/Parto/noticia/2020/04/mae-da-luz-em-estacionamento-de-predio-no-rj-misto-de-preocupacao-e-alivio-conta-ela-em-entrevista-exclusiva.html