Descobrir uma gravidez de múltiplos deixa muitos pais assustados. Afinal, um bebê já vem com muita responsabilidade, imagine mais de um! Para a auxiliar de produção Brenda de Lima Almeida, de 23 anos, a notícia de sua gravidez de trigêmeos veio de uma forma diferente e a pegou totalmente desprevenida. Ela fez o primeiro ultrassom quando estava com oito semanas de gestação e, na ocasião, soube que teria apenas um bebê, no entanto, no segundo exame, os médicos identificaram mais dois fetos.
Antes de engravidar dos trigêmeos, Brenda já era mãe dos pequenos Pietro, de 3 anos, e Isabelle, de 1 ano e oito meses. Ela mora com os filhos e o marido, Davi Henrique Cardoso de Oliveira, em Iporã, no Paraná. A auxiliar de produção já estava se preparando para colocar o DIU, pois não queria ter mais filhos, já que a condição financeira da família foi bastante impactada com a pandemia. Nesse momento, inclusive, o marido dela está sem um trabalho fixo.
No entanto, a mãe não conseguiu evitar sua terceira gestação. Após um sangramento intenso, Brenda decidiu ir ao hospital e fez um ultrassom. Logo, ela teve a notícia de que estava grávida de oito semanas e com um hematoma subcoriônico [descolamento ovular]. "Nesse primeiro ultrassom, só tinha um bebê", lembra a auxiliar. Logo após, a mãe foi orientada a ir para a casa e fazer repouso e, depois, retornar ao hospital para fazer novos exames.
Quando fez seu segundo ultrassom, ela entrou em choque ao descobrir que, na verdade, havia mais dois fetos em desenvolvimento. Assim, eram dois com 12 semanas e outro com 11 semanas. O que ocorreu com a Brenda é conhecido como superfetação — acontece quando uma mãe grávida continua a ovular e tem relações sexuais desprotegidas nesse intervalo [veja a explicação no final da matéria].
"Eu fiquei em choque, nem acreditei! Eu até brinquei com a médica dizendo que aquele não era o meu ultrassom", conta a jovem. Apenas quando escutou o coração dos três bebês que Brenda sentiu que a ficha caiu! "Mas eu saí de lá espantada, nem sei como cheguei em casa", acrescenta. Ela conta que em sua família apenas sua avó teve gêmeos e ela sofreu um aborto espontâneo. "Só descobri isso na minha terceira gestação".
Segundo Brenda, a gravidez não tem sido nada fácil, pois é de risco. Além disso, ela tem sentido muito enjoo, dor na coluna e pressão baixa. Ela também tem lidado com problemas psicológicos. Na primeira gestação, ela teve depressão pós-parto e, na segunda, também apresentou alguns sintomas moderados de depressão. Por isso, atualmente, Brenda está fazendo acompanhamento psicológico. "Eu gostaria que dessa vez [minha gestação] fosse especial", declara.
Por enquanto, a auxiliar, que já está com 26 semanas, está recebendo doações, pois não tem condições de fazer todo o enxoval dos bebês. "Só com o meu salário não dá para criar todas essas crianças. Eu estou tentando desfraldar o mais velho, mas a minha filha pequena ainda é muito nova", diz ela.
O médico Wagner Hernandez (SP), que é obstetra especialista em gestação gemelar e de alto risco, comenta que o caso Brenda seria uma gestação trigemelar, sendo um bebê com uma bolsa e uma placenta e outros dois bebês que compartilham não só a mesma placenta como a mesma bolsa aminiótica. O especialista diz que é difícil saber o porquê dos dois bebês com maior tempo de gestação não terem sido identificados no primeiro ultrassom. Como são duas placentas, teoricamente, já daria para ver os dois sacos gestacionais, então, pode ter sido um erro de visualização.
Quanto à superfetação, apesar de rara, é realmente possível de acontecer. Ou seja, uma mulher pode, sim, experienciar uma gravidez em dose dupla a partir de duas concepções diferentes, separadas por até algumas semanas. A superfetação acontece quando uma mulher já grávida continua a ovular e tem relações sexuais desprotegidas nesse intervalo. A segunda gravidez pode acontecer entre 1 e 4 semanas depois da primeira, mas, de qualquer forma, os bebês devem nascer ao mesmo tempo, assim como gêmeos.
Luciano Curuci, médico ginecologista e presidente do Colégio Médico de Acupuntura do Estado de São Paulo (CMAeSP), ressalta a importância de casos de superfetação, como o de Brenda, terem um pré-natal com bastante cuidado. "Deve estar sempre em acompanhamento obstétrico com pré-natalista experiente em gestações de alto risco e seguimento ultrassonográfico de controle de placenta, líquido amniótico e crescimento fetal", recomenda o especialista.
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