Na tentativa de amenizar o aumento de casos de pacientes com sintomas respiratórios na capital, nesta segunda-feira (27) a prefeitura de São Paulo informou que, a partir desta terça-feira (28), a vacinação contra o vírus influenza está liberada para todas as faixas etárias, a partir dos seis meses de idade. Com a medida, todos que não receberam o imunizante em 2021 poderão ser vacinados.
Antes desse anúncio, as doses eram oferecidas apenas para o grupo prioritário, formado por pessoas maiores de 60 anos, crianças de 6 meses até cinco anos completos, grávidas e puérperas. "Quem é desse grupo de risco já deveria ter se imunizado em abril, com ou sem essa epidemia. Se não tomou, deve, sim, tomar agora, independente da cepa que está circulando nesse momento", destaca o infectologista e pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Na semana passada, no dia 22 de dezembro, a prefeitura já tinha informado que, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), receberia do Instituto Butantan 1 milhão de doses da vacina contra a gripe H1N1. O centro de pesquisa atendeu a um pedido da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da SMS, que solicitou as doses adicionais como forma de tentar reduzir a epidemia fora do habitual que a cidade vive nos últimos meses — o Influenza tende a circular com mais intensidade durante o inverno e as campanhas de vacinação contra a gripe costumam começar no mês de abril de cada ano.
A alta de casos também fez a prefeitura do município adotar outras medidas emergenciais para o atendimento a pacientes com sintomas respiratórios, entre elas a aquisição de medicamentos para atender ao aumento da demanda. Além disso, cerca de 280 médicos e enfermeiros serão contratados enquanto permanecer a alta procura nas unidades de saúde da capital.
Segundo a SMS, neste ano cerca de 4,5 milhões de pessoas receberam o imunizante contra a gripe H1N1 na cidade — número abaixo do esperado. E para se ter ideia do surto de influenza que a capital enfrenta neste momento, em novembro de 2021, a SMS registrou um total de 111.949 atendimentos de pessoas com sintomas gripais, sendo 56.220 suspeitos de covid-19. Já em dezembro os casos mais que dobraram: até esta segunda-feira (27), a pasta contabilizou 238.081 atendimentos com quadro respiratório, sendo 108.835 suspeitos de covid-19.
Segundo os especialistas, um dos grandes responsáveis por esse crescimento seria a maior circulação do H3N2, um subtipo do vírus Influenza A. Recentemente, ele sofreu algumas alterações que foram identificadas em Darwin, na Austrália, e a nova cepa do vírus ganhou o nome de H3N2 Darwin. Embora a vacina da gripe de 2021 não proteja contra essa variante, a imunização agora segue sendo recomendada. "Há uma expectativa de algum grau de proteção, não só para outros vírus que a vacina contempla — o imunizante contra a gripe é trivalente —, mas para o próprio H3N2, no que a gente chama de proteção cruzada", esclarece Kfouri.
Portanto, quem ainda não tiver tomado o imunizante, basta se dirigir a uma das 469 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da capital, drive-thrus, megapostos e farmácias parceiras, ou seja, os mesmos locais em que estão sendo aplicadas as vacinas contra o coronavírus. Para se vacinar, é preciso levar um documento de identificação e, se possível, a carteira de vacinação.
Vale lembrar, ainda, que não há mais a necessidade de esperar determinado tempo entre as doses da gripe e da covid-19. "As vacinas de covid hoje podem ser aplicadas simultaneamente ou com qualquer intervalo ou com qualquer vacina, não apenas a da gripe", reforça o infectologista e diretor da SBIm.
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