Nesta sexta-feira (24), a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um manifesto no qual defende a vacinação contra covid-19 para crianças de 5 a 11 anos e pede urgência na decisão do Ministério da Saúde. O documento foi motivado pela fala do ministro Marcelo Queiroga que, na última quinta-feira (23), afirmou que "os óbitos de crianças estão dentro de uma patamar que não implica em decisões emergenciais".
A imunização da população pediátrica com a vacina da Pfizer foi aprovada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na semana passada, no dia 16 de dezembro, mas enfrenta forte resistência do governo federal, que resolveu abrir uma consulta pública para decidir sobre a vacinação infantil. A medida foi divulgada no Diário Oficial da União (DOU) da quarta-feira (22), mas o formulário só ficou disponível nesta sexta-feira (24).
Diante desse contexto, a SBP reafirmou seu posicionamento favorável à vacinação. "Ao contrário do que afirmou recentemente o ministro da Saúde, o número de hospitalizações e de mortes motivadas pela covid-19 na população pediátrica, de forma geral, incluindo o grupo de crianças de 5-11 anos, não está em patamares aceitáveis. Infelizmente, as taxas de mortalidade e de letalidade em crianças no Brasil estão entre as mais altas do mundo", declarou a entidade.
No manifesto, a SBP destacou as estatísticas de mortes do público infantojuvenil: "Até o momento, a covid-19 vitimou mais de 2.500 crianças de zero a 19 anos, sendo mais de 300 delas confirmadas no grupo de 5-11 anos, causando ainda milhares de hospitalizações".
Além desses dados, a entidade também ressaltou outras complicações trazidas pela infecção pelo SARS-CoV-2, como a Síndrome Inflamatória Multissistêmica — que já teve efeito letal em pelo menos 85 crianças —, e a chamada covid longa, com a persistência dos sintomas da doença, que tem impacto nos sistemas sensorial, neurológico e cardiorrespiratório, além da saúde mental dos pequenos.
"Diante deste cenário, a vacina contra a covid-19 se apresenta como uma alternativa real de controle e prevenção destes desfechos da doença e que está ao alcance dos responsáveis pelas políticas públicas de saúde do nosso país", enfatizou a SBP no documento, abordando como a imunização se mostrou eficiente na prevenção da covid-19, reduzindo casos de morte e de internações na população.
"O Brasil se encontra diante de hospitalizações, sequelas e mortes que são passíveis de prevenção em sua grande maioria. Ignorar este fato, minimizar sua importância e afirmar que elas são aceitáveis não são atitudes esperadas das autoridades. A sociedade espera e merece outro tipo de postura e de compromisso com a saúde das crianças e adolescentes do Brasil", finalizou a entidade.
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