No ano de 2021, a saúde foi a grande protagonista, não há dúvidas! Após um longo período de incertezas e inseguranças, a vacina, finalmente, chegou ao território brasileiro, em janeiro. No entanto, voltar à normalidade — se podemos chamar assim — não é tão fácil! Tivemos que enfrentar uma segunda onda de covid-19, ainda mais letal que a primeira. Ficamos apreensivos com a chegada da variante delta, porém, também vimos muitas pessoas saindo de suas casas aderindo à vacinação, tanto que já estamos chegando aos 70% da população imunizada. Foi um ano e tanto!
E não parou por aí! Tivemos a aprovação da vacina da Pfizer para crianças acima de 5 anos aqui no Brasil. Novas terapias contra o coronavírus foram aprovadas. Além disso, testemunhamos outras conquistas da ciência — não só com relação à covid. A vacina contra HPV se mostrou eficaz em reduzir o risco do câncer de colo de útero. E até mesmo um ginecologista inventou o primeiro preservativo unissex do mundo. Incrível, não é? Bom, muitos eventos aconteceram! E para refrescar a sua memória, a CRESCER preparou uma lista dos fatos de saúde que bombaram em 2021. Confira!
O dia 17 de janeiro ficou marcado na vida dos brasileiros! Nesta data, a Anvisa, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, aprovou as vacinas da CoronaVac — desenvolvida pelo Instituto Butantan, em São Paulo, em parceria com a Sinovac, na China — e a da Oxford — desenvolvida pela Fiocruz e o laboratório AstraZeneca — para uso emergencial no Brasil. A primeira vacinada do país, a enfermeira Mônica Calazans, recebeu a sua dose no mesmo dia da aprovação.
Na época, a agência condicionou a liberação ao monitoramento das incertezas e reavaliação periódica e justificou a aprovação por conta do "cenário da pandemia, aumento do número de casos e ausência de alternativas terapêuticas". Por enquanto, a CoronaVac ainda tem seu uso aprovado apenas em caráter emergencial. No entanto, a AstraZeneca conseguiu a aprovação de seu registro definitivo em março deste ano.
Em fevereiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também divulgou a concessão do registro definitivo da vacina contra a covid-19 produzida pela Pfizer. "O imunizante do Laboratório Pfizer/BioNTech teve sua segurança, qualidade e eficácia aferidas e atestadas pela equipe técnica de servidores da Anvisa que prossegue no seu trabalho de proteger a saúde do cidadão brasileiro. Esperamos que outras vacinas estejam em breve sendo avaliadas e aprovadas. Esse é o nosso compromisso", disse em nota o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres.
Em abril, tivemos mais uma boa notícia! E o nosso time contra o coronavírus ganhou um importante reforço. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de uma terapia com anticorpos para o tratamento da covid-19, em pacientes com a doença leve ou moderada. A administração foi recomendada para adultos e crianças a partir de 12 anos (que pesem no mínimo 40 kg), com a doença confirmada em laboratório. No entanto, a agência ressaltou que esses anticorpos não previnem a covid-19.
O uso da terapia deve ser feito dentro do ambiente hospitalar, por via venosa, no entanto não é aconselhado para pacientes que precisem de internação. "A Agência esclarece que o casirivimabe e o imdevimabe não estão autorizados para uso em pacientes hospitalizados (internados) devido à covid-19 ou que necessitam de oxigênio de alto fluxo ou ventilação mecânica em seus tratamentos. De acordo com dados do estudo clínico, os anticorpos não demonstraram benefício em pacientes internados, podendo até estar associados a desfechos clínicos piores quando usados", diz a agência. Saiba mais.
O Instituto Butantan também anunciou que desenvolverá uma vacina própria.. A "Butanvac" será desenvolvida e produzida pelo Instituto Butantan, sem a necessidade de importar tecnologias ou insumos de outros países. Para isso, o centro de pesquisa planeja seguir o mesmo processo de produção usado para a vacina da gripe.
A ButanVac [NDV-HXP-S, nome internacional do imunizante] é desenvolvida a partir da inoculação de um vírus modificado que contém a proteína S do SARS-CoV-2 em ovos embrionados de galinhas. De acordo com o Instituto Butantan, um estudo, publicado na revista científica Frontiers in Immunology, demonstrou níveis robustos de anticorpos com atividade neutralizante contra o vírus da covid-19 após a segunda dose da vacina. Além disso, não houve indicações de reações locais ou sistêmicas graves após os participantes receberem as duas doses da vacina.
Um dos maiores desafios que enfrentamos este ano, de fato, foi o surgimento das variantes do coronavírus. Quem não se lembra dos hospitais lotados em Manaus (AM)? Uma das piores crises sanitárias que vivemos. Isso porque a variante de preocupação gama foi identificada pela primeira vez no Brasil no final do ano passado, no entanto, foi determinante para intensificar a segunda onda de covid-19 na capital do Amazonas, no início deste ano.
Com o avanço da vacinação, conseguimos diminuir o impacto da variante gama. No entanto, um novo temor tomou conta do mundo. Identificada pela primeira vez na Índia, em outubro de 2020, a mutação do vírus SARS-CoV-2, conhecida como Variante Delta, foi se disseminando cada vez mais. No Brasil, ela teve mais impacto este ano. Em setembro, ela já era dominante em cidades grandes, como São Paulo.
Pensávamos que nós entraríamos em um momento bem crítico de saúde pública, mas felizmente, a vacinação conseguiu conter a nova variante. Agora, temos uma nova preocupação. A variante ômicron já está em solo brasileiro e as empresas, que produzem vacinas, já anunciaram que será necessário uma dose de reforço do imunizante para proteger a população. A nova cepa, identificada pela primeira vez na África do Sul, surpreendeu os cientistas ao apresentar 50 mutações — 30 delas localizadas na proteína Spike, parte do vírus que as vacinas usam como alvo para reforçar o nosso sistema imunológico contra a covid-19.
+ Variante ômicron da Covid-19 e as crianças: há motivos para alerta?
Em junho, o Brasil deu um importante passo em relação à luta contra a covid-19. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso da vacina da Pfizer para crianças com 12 anos de idade ou mais. O imunizante foi o primeiro no país a ser liberado para menores de idade. A decisão foi tomada após a Anvisa avaliar estudos feitos fora do Brasil, que indicaram a segurança e a eficácia do imunizante para essa faixa etária.
"Os adolescentes têm um risco muito menor de adoecer de formas graves da covid-19, mas eles podem se infectar e transmitir o coronavírus para outras pessoas, inclusive para idosos", explica Francisco Oliveira, que é gerente médico e Infectologista do Sabará Hospital Infantil. Para o especialista, à medida que os grupos de risco vão sendo vacinados, é natural que se expanda a imunização de outras faixas etárias.
+ Especialistas respondem as principais dúvidas sobre a vacinação dos adolescentes
No início de dezembro, os pais dos pequenos acima de cinco anos também tiveram a notícia que a vacina da Pfizer se mostrou eficaz para essa faixa etária e foi aprovada pela Anvisa. "A totalidade de evidências que foram apresentadas tanto pela empresa, com base nos estudos que foram avaliados por nós, quanto também as informações de monitoramento propostas, é que embasou a decisão da área técnica de conceder a publicação da ampliação da vacina da Pfizer para a população pediátrica", afirmou Gustavo Mendes, gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da agência.
No entanto, a composição do imunizante aplicado nos pequenos será diferente. "Formulada num frasco com tampa laranja, além da cor, a dose para crianças é de 10 ug (adultos 30 ug), e é importante que exista distinção na composição, com substâncias diferentes, o que faz diferença no volume da injeção (adulto com 0,3 ml, crianças 0,2 ml)", explicou o especialista da Anvisa. Saiba mais aqui.
O Instituto Butantan também protocolou na Anvisa um novo pedido solicitando a autorização para o uso da vacina CoronaVac em crianças e adolescentes de 3 a 17 anos. Esta é a segunda vez que o laboratório requisita a indicação do imunizante contra a covid-19 para essa faixa etária. O primeiro pedido apresentado em julho foi avaliado pela agência e negado por causa da limitação de dados dos estudos apresentados naquele momento.
A saúde também teve momentos importantes fora do contexto da covid-19:
A vacina contra Papilomavírus humano, mais conhecido como HPV, reduziu os casos de câncer do colo do útero em 87%. É o que concluiu um estudo recente realizado no Reino Unido. Desde 2008, a Inglaterra iniciou um programa para vacinar meninas entre 12 e 13 anos contra o vírus com a vacina bivalente Cervarix. Publicado no jornal acadêmico The Lancet, o trabalho buscou analisar o impacto dessa iniciativa quando essas jovens chegassem à vida adulta.
A pesquisa se baseou em dados coletados entre 1º de janeiro de 2006 a 30 de junho de 2019. O estudo considerou mulheres com idade entre 20 e 64 anos residentes na Inglaterra. A partir dos dados, os cientistas ainda apontaram que a taxa de câncer de colo de útero nas participantes vacinadas contra a HPV quando tinham entre 14 e 16 anos reduziu para 62%. Já para as jovens que tinham entre 16 e 18 anos, a taxa foi de 34%.
Em maio, nós recebemos a triste notícia sobre as mortes de dois bebês por sarampo no Amapá, confirmadas pela Superintendência de Vigilância em Saúde do Amapá (SVS/AP). O estado não registrava mortes causadas pela doença há duas décadas. Os óbitos eram de duas meninas, sendo uma na capital, Macapá, e outra, em uma aldeia indígena, no município de Pedra Branca do Amapari, região central do Amapá.
No caso da capital, o óbito ocorreu no dia 28 de março. A menina tinha 7 meses e começou a apresentar os primeiros sintomas no dia 24 de fevereiro. Ela não estava vacinada. Já a criança indígena tinha 4 meses – ainda fora da faixa etária de vacinação – e faleceu no dia 19 de abril teve confirmação de sarampo.
+ Sarampo, pólio, difteria... Por que doenças erradicadas estão voltando?
Por que doenças como o sarampo estão voltando? Os especialistas acreditam que isso se deve, principalmente, aos baixos índices de vacinação. “Existe um movimento antivacinas que, apesar de lento, cresceu. Outros fatores que influenciam negativamente são as fake news e a falta de informação. Seguidamente, recebo mães questionando, por exemplo, a associação entre a vacina tríplice viral e o autismo. Não existe, até hoje, um estudo que comprove isso. E apesar de as doses conterem os chamados vírus vivos, não há chances da criança contrair a doença”, esclarece o pediatra, infectologista e secretário do Departamento de Imunizações da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SP-SP), Daniel Jarovski.
O especialista explica que assim como o reaparecimento do sarampo, a preocupação em relação à poliomielite também aumenta. Para ele, as duas são as mais graves do grupo de doenças erradicadas no Brasil. “Até o momento, nenhum caso de poliomielite foi registrado, mas existe, sim, uma preocupação por conta dessa baixa nas imunizações”, afirma. Apesar de o Brasil não registrar casos há quase 30 anos, alguns países – como Paquistão, Nigéria e Afeganistão - ainda sofrem com a doença. Por isso, o sinal de alerta vai para os mais de trezentos municípios brasileiros onde a taxa de vacinação ficou bem abaixo do esperado.
Um ginecologista malaio criou o que ele diz ser o primeiro preservativo unissex do mundo. Ele sugere que o produto possa ser usado por mulheres ou homens e é feito de um material geralmente usado como curativo para ferimentos. O inventor espera que o Preservativo Unissex Wondaleaf capacite as pessoas a controlar melhor sua saúde sexual, independentemente de seu sexo ou orientação sexual. “É basicamente um preservativo normal com uma cobertura adesiva”, disse John Tang Ing Chinh, ginecologista da empresa de suprimentos médicos Twin Catalyst.
“É um preservativo com uma cobertura adesiva que se fixa à vagina ou ao pênis, além de cobrir a área adjacente para proteção extra”, disse Tang. O adesivo só é aplicado em um lado do preservativo, acrescentou ele, o que significa que pode ser revertido e usado por qualquer sexo. Cada caixa de Wondaleaf contém dois preservativos e custará 14,99 ringgit (cerca de R$ 20). O preço médio de uma dúzia de preservativos na Malásia é de 20 a 40 ringgit.
Até pouco tempo atrás, quem precisasse tomar melatonina tinha de importar ou ter receita para a produção em farmácias de manipulação. Em meados de outubro deste ano, no entanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a comercialização da substância na forma de suplemento alimentar. Conhecida como hormônio do sono, a melatonina é produzida pelo próprio organismo e agora também poderá ser encontrada mais facilmente à venda em potinhos, como comprimidos, gotas, cápsulas ou balas. Mas, fique atenta!, grávidas, lactantes e crianças não estão entre o público indicado.
De acordo com a resolução da Anvisa, os produtos são destinados exclusivamente a pessoas com idade igual ou maior a 19 anos e para o consumo diário máximo de 0,21 mg. E deverão conter a advertência de que o suplemento “não deve ser consumido por gestantes, lactantes, crianças e pessoas envolvidas em atividades que requerem atenção constante”.
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