Diziam que ela era uma heroína. Com superpoderes, conseguia enfrentar árduas tarefas que lhe eram dadas.
A responsabilidade era grande. Eram muitos chamados ao mesmo tempo. Ela mesma, às vezes, se envaidecia com seu poder de realização.
Com o tempo, porém, ela sentiu que um poder específico estava mais aflorado: o da invisibilidade. Mas isso nada a ajudava na conquista dos seus objetivos. Muito pelo contrário. Era praticamente a sua criptonita.
Ninguém mais enxergava aquela mulher. Por mais que ela fizesse, tudo passou a parecer normal demais. Nada além da obrigação. E ela, num esforço frustrado, tentava fazer mais e mais para ser novamente percebida.
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E foi perdendo suas forças. Uma a uma. Não tinha mais energia para colocar seus outros poderes em ação. E, por incrível que pareça, apenas assim voltou a ser notada. Quando as coisas começaram a sair do normal. Quando conseguiram enxergar novamente valor naquilo que havia sido consumido pela rotina.
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A Mulher Invisível voltou a tomar forma. Mas estava muito frágil. Aquilo parecia não ser mais pra ela. Foi um erro. Comum a muitos de nós. O da acomodação. O de não enxergar valor nas coisas cotidianas. O de deixar a quem mais faz por nós, por nossos filhos, um injusto peso de coadjuvante.
Beto Lima é publicitário e desde 2013 escreve sobre família no @eupapai, perfil de Instagram criado por ele para trazer a visão paterna sobre a criação dos filhos. Quer escrever para ele? Clique aqui!
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