Mês do Dia dos Pais e pensamos em escapar deste assunto. Mas não. Porque brincar é tão democrático que comporta todo mundo. Mas tivemos uma surpresa nas redes sociais do Tempojunto, que trouxe uma reflexão que gostaria de compartilhar aqui.
O quanto você mãe (sim, o papo começa com você) permite que o pai do seu filho ocupe um lugar de brincar que pode ser mais legal que você brincando? Este questionamento surgiu espontaneamente, quando publicamos esta lista abaixo:
Cinco dicas para você recordar sempre que aparecer aquela aflição em ver o pai rolando no chão com o filho:
1- Ele não vai brincar como você. Aceite isto.
2- Ele vai brincar melhor que você muitas vezes. Aceite isto também.
3- As brincadeiras dele trazem desafios que também preparam para o mundo.
4- Ele é capaz também de brincar de casinha e boneca. Dê espaço para que isto aconteça.
5- Machucou? Coloca um curativo (nos dois) e retome a brincadeira, sem reclamações, autopiedade ou lições de moral.
O post era sobre a aflição que algumas de nós temos quando vemos os pais brincando com os filhos de um jeito diferente do que a gente. Mas poucas leram o post. Fixaram-se na lista. Fixaram-se especificamente no item 2 da lista.
Foi a primeira vez que recebemos um retorno mais crítico com relação ao nosso post. As mães afirmando que “brincam como pais”; “que brincam de coisas agitadas também”; “que a maternidade era sagrada e que os homens não tirariam também isto das mulheres”.
Será que nós mulheres, nos valorizamos tão pouco em tudo na vida, que precisamos nos agarrar à maternidade com uma voracidade que não nos permite compartilhá-la com os pais? Sim, a maternidade é tudo e muito mais. Mas a paternidade também é. E a paternidade é fundamental para uma criança.
Será que o pai do nosso filho não consegue ser o pai do nosso filho porque faz coisas de formas diferentes da nossa? E a gente não abre espaço, nem nos momentos de brincar?
Ok. Talvez dizer que os pais vão brincar “melhor” muitas vezes tenha sido exagerado. Explico: o texto do post dizia que como mães a gente tende a ter um cuidado “extra” no brincar com os filhos. Pela própria razão da maternidade. E os pais são mais livres e, em geral, deixam os filhos descobrirem, explorarem mais durante uma brincadeira. O que é muito bom para as crianças.
Do princípio e porque brincar com pai é bom demais.
Então, deixa eu contar um pouco mais sobre a brincadeira com os pais. Começando pelo frio na barriga que dá quando a gente vê um papai brincando de erguer o filho de ponta cabeça, segurando somente pelos pés. A criança rindo a valer e nós, mulheres, mães, um poço de ultra proteção, quase tendo um chilique. ;)
Em geral, quando um pai brinca com seu filho, a energia é diferente da mãe. Sem medo de cair em uma polêmica de gênero, o masculino é mais “guerreiro”, “aventureiro”, “heroi”, e corporal. Que bom que é assim. Eu escutei uma frase muito boa de um especialista em desenvolvimento infantil, no filme O começo da Vida que é mais ou menos assim: o pai é quem apresenta o mundo lá fora aos filhos. E a brincadeira é uma das ferramentas para isso.
Eu me lembro que meu pai brincava de luta comigo. Assistíamos juntos Gigantes do Ringue pela TV para completo horror da minha mãe. E, olha só, esta é uma das poucas lembranças que tenho de brincar com meu pai. Então, é importante que nós, mães, nos afastemos um pouco e abramos espaço para que os papais criem seus próprios vínculos com os filhos (e não aquele que nós já definimos) por meio das brincadeiras como pega-pega, pipa e até “lutinha”.
Para o pai, estar presente nesta atividade ajuda a reforçar a afetividade, a confiança, o companheirismo e a cumplicidade. De um lado, o filho ganha um heroi para confiar. De outro, o pai entra no universo do filho, passando a conhecê-lo melhor.
Ah! E sim, brincadeira não é exclusividade de ninguém. Você também, mãe tá liberada para brincar de lutinha, de guerra atômica, de futebol e carrinho de rolemã. E você, pai, também está super convidado a pentear a boneca, montar a casinha ou cozinhar o bolo de massinha. Com seu filho ou com sua filha. Sem grilos, culpas ou estresse.
Mais cumplicidade. Menos estresse.
Agora, de novo a listinha, para você olhar para os itens 1, 3, 4 e 5, que são muito importantes:
1- Ele não vai brincar como você. Aceite isto.
3- As brincadeiras dele trazem desafios que também preparam para o mundo.
4- Ele é capaz também de brincar de casinha e boneca. Dê espaço para que isto aconteça.
5- Machucou? Coloca um curativo (nos dois) e retome a brincadeira, sem reclamações, autopiedade ou lições de moral.
Patrícia Marinho é publicitária, mãe de duas meninas, de 11 e 4 anos; e Patricia Camargo é jornalista, mãe de um menino de 8 anos, e duas meninas de 6 e 5 anos. As “Patricias” são sócias do Tempojunto, que mostra como a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento das crianças e dá sugestões práticas de como incluir o brincar no dia a dia e na relação entre as mães, os pais (e tios, e avós...) e seus filhos. Aqui elas tiram dúvidas, dão dicas e contam como o brincar pode fazer a diferença no convívio com as crianças de qualquer idade.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Patricia-Camargo-e-Patricia-Marinho-Tempojunto/noticia/2018/08/5-coisas-que-voce-precisa-saber-antes-de-criticar-o-brincar-de-um-pai.html