Thursday, December 23, 2021

Gripe em SP: com surto de Influenza A, medicamento contra a doença está em falta nas farmácias da capital

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Assim como já vinha ocorrendo no Rio de Janeiro, o surto de gripe que a cidade de São Paulo tem enfrentado nos últimos dois meses, especialmente agora em dezembro, tem não só lotado hospitais e Unidades Básicas de Saúde (UBSs), como aumentado a procura por remédios contra a doença – e alguns já estão em falta. Famílias com diagnóstico positivo para Influenza A estão tendo dificuldade de encontrar o Tamiflu (Oseltamivir), que sumiu das prateleiras em muitas redes de farmácias da capital. 

A Drogaria São Paulo, por exemplo, confirmou em nota enviada à CRESCER que, por conta de um crescimento repentino na procura pelo medicamento, algumas unidades apresentaram um desabastecimento pontual. “A drogaria informa, ainda, que um reforço no estoque já foi providenciado e será enviado em caráter de urgência às lojas da rede”, diz o comunicado.

Sintomais mais comuns entre crianças e jovens com Covid-19 foram febre, tosse, vômito e falta de ar (Foto: Pexels)

 

A epidemia fora do habitual – o Influenza tende a circular com mais intensidade durante o inverno – também fez a prefeitura do município adotar algumas medidas emergenciais para o atendimento a pacientes com sintomas respiratórios, entre elas a aquisição de medicamentos para atender ao aumento da demanda. Além disso, cerca de 280 médicos e enfermeiros serão contratados, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), enquanto permanecer a alta procura nas unidades de saúde da capital.

Segundo a prefeitura, os profissionais vão reforçar as equipes das Assistências Médicas Ambulatoriais (AMAs) e das 19 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade, onde também serão instaladas tendas para triagem das pessoas com sintomas de gripe. O objetivo é identificar se há casos de covid-19 entre os pacientes, já que os sintomas do vírus Influenza são parecidos aos provocados pelo coronavírus, como tosse, febre alta, dor no corpo e dores de cabeça. Crianças ainda podem apresentar dificuldade na alimentação e até mesmo diarreia, além de dor na garganta e no peito.

Com essa semelhança, a busca pelo diagnóstico correto fez disparar a corrida por testes de covid-19 nas farmácias. De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), na semana de 6 a 12 de dezembro, o número de atendimentos saltou 32% em relação ao período anterior – foram realizadas 126.210 testagens, contra 95.674 entre 29 de novembro e 5 de dezembro. A instituição destacou que foi o maior volume desde a primeira semana de outubro.

Mesmo com a explosão na procura pelos testes, o percentual de resultados positivos, no entanto, seguiu em queda: apenas 6,56% acusaram diagnóstico positivo para o novo coronavírus – o menor índice desde a implementação desse serviço nas farmácias, em abril de 2020, informou a Abrafarma. 

Alta nos casos de gripe e tratamento

Para se ter ideia do surto de influenza que a capital paulista vive, em novembro de 2021, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) registrou um total de 111.949 atendimentos de pessoas com sintomas gripais, sendo 56.220 suspeitos de covid-19. Já em dezembro, até a última segunda-feira (20), a pasta contabilizou 156.629 atendimentos com quadro respiratório, sendo 73.718 suspeitos de Covid-19.

O Sabará Hospital Infantil, localizado na região central de São Paulo, também informou à CRESCER que a procura por auxílio médico aumentou nos últimos dois meses e que, só na primeira quinzena de dezembro, 42% dos testes rápidos realizados deram positivos para Influenza A. Em novembro, esse número foi abaixo de 10%.

Com tantas crianças sendo infectadas pelo vírus da Influenza, conversamos com o infectologista e pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para entender o que os pais podem fazer diante da escassez do Tamiflu nas drogarias. "Ele é um antiviral que, se usado até 72 horas após o início do quadro, atenua os sintomas, encurta o tempo da doença e evita complicações", explica o médico. "Na falta dele, não tem outro remédio para tratar o vírus. É possível lidar apenas com os sintomas: analgésico para dor, antitérmico para febre. Além disso, higiene nasal, vapor e inalação também podem ser usados", acrescenta.

O especialista diz ainda que, eventualmente, crianças maiores podem usar descongestionantes, desde que com prescrição. "Esses remédios podem ter riscos. Então, nada de xaropes ou descongestionantes sem receita médica", ressalta.

Kfouri também esclareceu uma dúvida comum entre as famílias que receberam o positivo para Influenza A: por mais que os testes rápidos não mostrem com qual cepa do vírus a pessoa foi infectada, a conduta não é alterada. "Tanto faz se é H1N1 ou H3N2, pois não muda o tratamento. Saber se você está com uma cepa ou outra é indiferente para o quadro clínico e para o manejo", pontua.

Vacinação contra a gripe

 

 

Nesta quarta-feira (22), a prefeitura de São Paulo informou que, por meio da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), vai receber do Instituto Butantan 1 milhão de doses da vacina contra a gripe H1N1. Em nota, a gestão municipal divulgou que um lote com 400 mil imunizantes será disponibilizado já nesta quinta-feira (23) e a SMS iniciará a vacinação já a partir do dia 24 de dezembro, das 7 às 19h, em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs).

Vale lembrar que as doses serão destinadas às pessoas que ainda não se vacinaram em 2021. Gestantes, puérperas, lactantes, idosos acima de 60 anos e crianças de 6 meses a 5 anos completos são prioridade. "Quem é desse grupo de risco já deveria ter se imunizado em abril, com ou sem essa epidemia. Se não tomou, deve, sim, tomar agora, independente da cepa que está circulando nesse momento", destaca o infectologista Renato Kfouri.

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/12/gripe-em-sp-com-surto-de-influenza-medicamento-contra-doenca-esta-em-falta-nas-farmacias-da-capital.html