Thursday, December 9, 2021

"Após aplicação da CoronaVac, não foram identificados riscos de miocardite e eventos trombóticos", afirma especialista

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Com o avanço da vacinação dos adultos contra a covid-19, o próximo passo é a imunização dos pequenos. No entanto, um dos principais debates é quanto à segurança dos imunizantes para a população de jovens e crianças. Nesta quinta-feira (9), no CoronaVac Symposium, organizado pelo Instituto Butantan, Jiayi Wang, gerente e especialista em farmacovigilância na Sinovac - fabricante da CoronaVac - apontou que, até o momento, não foram identificados riscos de miocardite, miopericardite e eventos tromboticos relacionados à CoronaVac. A miocardite, um tipo de inflamação no coração, foi relacionada como um efeito adverso após o uso do imunizante da Pfizer, principalmente em meninos adolescentes. No entanto, vale ressaltar, que os casos são bem raros.

No caso da CoronaVac, esse evento ainda não foi notificado. "Desde 7 de novembro, foram aplicadas 2.1 bilhões de doses de CoronaVac no mundo todo e não identificamos nenhum risco de miopericardite ou eventos trombóticos. A Sinovac vai continuar esse monitoramento o  tempo todo", disse a pesquisadora. 

Vacina CoronaVac (Foto: Reprodução Facebook/Instituto Butantan)

A especialista também compartilhou como tem sido a imunização dos jovens no território chinês com a CoronaVac. "Desde 7 de novembro já foram aplicadas cerca 120 milhões de doses na população de 3 a 17 anos e foram reportados mais de 60 mil casos de AEFIs [eventos adversos após a imunização]. Esses eventos estão principalmente ligados à dor no local da injeção, eritemas (manchas vermelhas) e febre", afirma.  

Durante o evento, Wang também apresentou um estudo chinês em que mostra que na população acima de 3 anos, a incidência geral de eventos adversos foi de cerca de 20% a 30%, sendo que nenhuma reação adversa grave foi observada. Os principais sintomas de eventos adversos foram dor no local da injeção e febre (cerca de 3% a 5% das pessoas). 

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Com base nesses dados, Wang ressalta que a CoronaVac tem um bom perfil de segurança para a população acima de 3 anos. No entanto, a pesquisadora enfatizou que estudos precisam continuar para avaliar a segurança a longo prazo do imunizante no mundo todo. 

Experiência Chilena 

 

No Chile, desde setembro, já há a aprovação da CoronaVac para crianças acima de 6 anos e, no mês passado, o país aprovou também o uso deste imunizante na faixa etária acima de 3 anos. No primeiro grupo, já é possível perceber alguns resultados positivos no mundo real. "Os dados fornecidos pelo Instituto de Saúde Pública no Chile mostram que em crianças vacinadas com seis anos ou mais, a maior parte da população, não tiveram eventos adversos sérios", ressaltou Susan Bueno, professora da Pontificia Universidad Católica de Chile e pesquisadora associada do Instituto Millennium de Imunologia e Imunoterapia, que também participou do evento. 

Durante o Simpósio, a pesquisadora relatou que após o início  da vacinação dos adultos, houve uma grande preocupação de como ficaria a situação das crianças no país. Por isso, o Chile desenvolveu um estudo multicêntrico, em parceria com a Sinovac, para avaliar o impacto da CoronaVac em crianças e jovens de 3 a 17 anos.

O estudo inclui tanto o Chile como também mais quatro países: Quênia, Malásia, Filipinas e África do Sul e contou com 14 mil voluntários. Só no Chile, foram recrutados 2.500 participantes para receber a vacina e 1.500 para receber o placebo. A segunda dose da vacina foi administrada com no mínimo 14 dias após a primeira. 

Os dados dos estudos feitos no Chile ainda estão sendo analisados, mas já é possível ter algumas informações preliminares. De acordo com a pesquisadora, a maior parte das reações adversas são leves. Com relação aos eventos adversos imediatos, o principal é dor no local da injeção. Entre os eventos não imediatos estão febre, tosse e vômito. Quanto à resposta imune, na população entre 12 e 17 anos, os resultados apontaram que os jovens tiveram uma boa resposta imunológica. 

Segundo Bueno, de fato, nós temos uma incidência da infecção da covid-19 entre crianças mais baixa do que em adultos, no entanto, ainda há crianças que desenvolvem a forma grave da doença e até mesmo uma complicação como a Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica. "Nós apresentamos nos nossos dados do Chile que a vacinação com vírus inativado pode produzir uma imunidade importante nas crianças. Quanto à segurança, a CoronaVac é uma vacina de vírus inativado e é uma plataforma usada já há várias décadas para outras vacinas com um bom padrão de segurança. Na minha opinião, é muito importante proteger as crianças contra essa doença. E o uso de vacinas com o vírus inativado é uma plataforma mais segura que outras vacinas. Acho que é uma boa decisão", concluiu a professora. 

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