Wednesday, September 29, 2021

Uma chance em 200 milhões: trigêmeos nascem saudáveis após compartilharem mesma placenta

https://ift.tt/39Ms843

O nascimento de trigêmeos na Inglaterra tem chamado a atenção pela raridade: os três bebês compartilharam uma única placenta — o que seria apenas uma chance em 200 milhões, segundo informou o site Mirror. A mãe, Gina Dewdney, 34, engravidou no ano passado e ficou chocada ao saber, durante o ultrassom de 13 semanas, que ela esperava três filhos. Já os médicos ficaram sem acreditar quando descobriram que os bebês compartilhavam uma única placenta, o que é chamado de gravidez monocoriônica.

+ Mãe dá à luz trigêmeos menos de um ano após ter seu primeiro filho

Os trigêmeos idênticos com seus pais (Foto: Reprodução/Mirror)

 

 

 

Os bebês Jimmy, Jensen e Jaxson nasceram prematuros, em 26 de abril, relata o jornal Liverpool Echo. "Eu tinha na cabeça que demoraria muito para engravidar, porque normalmente as pessoas levam alguns anos tentando. Mas em apenas um mês engravidei. Eu descobri muito cedo que estava grávida, pois comecei a ter enxaquecas muito fortes, das quais não costumo sofrer. Além de insônia; eu simplesmente não conseguia dormir. Tive a sensação de que havia mais de um bebê e de que teríamos gêmeos. Eu disse isso ao meu marido, mas não mencionei a ninguém e realmente não contei a ninguém que estava grávida porque não estávamos vendo ninguém em confinamento e pensei em esperar até o primeiro exame. Nosso primeiro ultrassom foi com 13 semanas e, imediatamente, a mulher que fez o ultrassom disse que eram gêmeos. Mas depois de 15 ou 20 minutos, tudo ficou mortalmente silencioso na sala e tudo o que podíamos ver na tela eram três cabeças. Meu marido perguntou: 'Isso é uma terceira cabeça?'", contou a mãe.

Os próximos exames mostraram que realmente havia três bebês a caminho. A mãe disse que a gravidez foi de "altos e baixos", já que há muitos riscos para trigêmeos que compartilham a mesma placenta. Os médicos tinham planejado que Gina fizesse uma cesárea agendada, no entanto, sua bolsa estourou com 34 semanas. Ela começou a ter contrações e foi levada às pressas para uma cesariana de emergência. A mãe disse que o nascimento das crianças foi acompanhado por cerca de 30 pessoas, pois cada bebê tinha que ter sua própria equipe neonatal. Além disso, Jaxson nasceu empelicado, isto é, ainda envolto pelo saco amniótico, o que também é raro!

Agora com cinco meses de idade, os bebês passaram seis semanas na UTI, em Liverpool Women's. Gina relatou que tem sido difícil dormir pouco e amamentar em dose tripla, mas por outro lado tem ficado encantada ao vê-los adquirindo suas próprias personalidades. "Eles estão começando a sorrir. O que é interessante é que eles são todos idênticos e o DNA é o mesmo, mas eles já têm personalidades tão diferentes e eu acho isso fascinante, porque eles estão sendo criados da mesma forma e você pensa em natureza versus criação", finalizou. 

Gina compartilhou a jornada de sua família em um perfil do Instagram chamado @the_cheshire_triplets.

Riscos

Um dos principais riscos para bebês que compartilham a mesma placenta é a síndrome de Transfusão Feto-Fetal (STFF) — uma condição rara, causada pela conexão vascular entre os bebês, por meio de veias ou artérias do cordão umbilical interligadas, fazendo com que o sangue seja distribuído de maneira desequilibrada. “Diferente do que alguns dizem, esse desequilíbrio não está relacionado com a absorção maior ou menor de nutrientes, ou seja, um bebê não 'rouba' os nutrientes do outro. O que ocorre, na realidade, é que o volume de sangue fica desigual entre os bebês. Um feto torna-se receptor e o outro doador”, explica o ginecologista Javier Miguelez, especialista em medicina fetal do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo.

+ "Uma delas tem menos de 30% de chances", diz grávida de trigêmeos

Por isso, as consequências são diferentes para cada gêmeo: o chamado “receptor” fica com um volume excessivo de sangue, o que faz com que o coração precise trabalhar mais, causando uma hipertrofia do músculo. “Além disso, por conta dessa absorção, a eliminação de líquido é maior e a bexiga se dilata. Assim, o saco gestacional deste bebê fica com uma quantidade maior de líquido amniótico (em sua maior parte constituída por urina fetal)”, diz Javier. Já o gêmeo doador, justamente por estar doando o sangue que deveria ser consumido por ele, desenvolve-se menos e fica com uma bexiga menor, já que o sangue não é filtrado e, com isso, o volume de líquido amniótico é baixo.

Bebês nasceram de 34 semanas (Foto: Reprodução/Mirror)

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/09/uma-chance-em-200-milhoes-trigemeos-nascem-saudaveis-apos-compartilharem-mesma-placenta.html