Friday, September 17, 2021

"Atravessei a frustração de não fazer o parto desejado", diz Juliana Schalch, sobre cesárea do filho, há apenas 8 dias

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Em entrevista à CRESCER no mês passado, entrando na reta final da gestação, Juliana Schalch, 36 anos, que estará no ar na próxima novela das 9 da TV Globo — Um Lugar ao Sol, que deve estrear em novembro —, contou que pretendia dar à luz em uma casa de partos. "Quero abraçar Martim assim que ele vier ao mundo. O parto é um processo de mãe e bebê", disse ela, na época. Mas o pequeno Martim chegou ao mundo na última quinta-feira (9), de uma forma bem diferente da idealizada pela mãe.

Nos últimos dias antes do nascimento, Juliana descobriu um impedimento para o seu tão sonhado parto normal. "Chorei, sofri meu luto", admitiu. Mas, segundo ela, que é casada com o ator Henrique Guimarães, a cesárea foi "surpreendentemente emocionante": "Colocamos nossa playlist, demos risada da anestesia fazendo efeito! E quando Martim chegou, foi muita emoção! Todo branquinho de vérnix, veio para os meus braços", lembrou. Confira abaixo o relato de parto que Juliana fez à CRESCER.

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Juliana e Martim (Foto: Katia Rocha)

 

"Na faculdade de psicologia, eu assisti a um vídeo que me marcou muito: era um parto de cócoras. Lembro até hoje da mãe pegando seu filho logo depois da saída dele do útero. O filme era em preto e branco, a mulher se emocionava, e eu também. Eu lembro de me surpreender ao tomar conhecimento do parto de cócoras. A partir dali, esse foi um tema que sempre me chamou a atenção. Adoro ler relatos de parto, adoro escutar as histórias desse momento mágico que é trazer ao mundo uma nova vida. E quando engravidei, eu tinha a expectativa de parto normal. Um desejo.

Aos poucos, fomos encontrando a equipe que gostaríamos para fazer esse sonho acontecer. E, ao mesmo tempo que as coisas aqui foram se organizando, a gravidez ia caminhando também. À princípio, minha placenta estava baixa. Primeiro, cobrindo todo o colo do útero. Depois, parcialmente. E, então, ela ficou marginal. Fiz algumas sessões de acupuntura e rezei pra caramba até que finalmente, ela subiu! Em um mês, ela subiu quase 5 centímetros! Fiquei muito feliz!

Uma veia no caminho

Mas no mesmo dia que vimos que a placenta tinha subido, descobrimos uma veia bem ali, entre a cabecinha do Martim e o colo do útero. Ou seja, a passagem pro mundo de cá ainda não estava liberada. Continuei rezando e acreditando que ela pudesse sair dali, mas, infelizmente, isso não aconteceu. Essa veia se chama 'vasa prévia', e configura um grande risco no parto natural, pois pode se romper no trabalho de parto. Quanto mais avançava a gestação, mais distante do parto dos meus sonhos eu ficava.

Com 36 semanas, fui internada na maternidade para que, em qualquer sinal de trabalho de parto, a gente pudesse ter um rápido atendimento. O exame final, que mostrou que a veia continuava lá, aconteceu quando eu já estava internada. E com esse último diagnóstico, a cesárea tinha que ser agendada. Não só eu não poderia viver um parto normal, como Martim não poderia escolher a hora do seu nascimento. Chorei, sofri meu luto. Entendi que realmente a maternidade nos mostra que não temos controle de nada. Engravidar é entrega absoluta para a natureza. Não sabemos de nada, não controlamos nada. Não sabemos como ficará nosso corpo durante a gestação e nem depois; não sabemos quando e nem como será o parto; não sabemos qual será o sexo do nosso filho, nem como ele vai ser; qual será seu temperamento... Não sabemos como será nossa vida depois que essa vida vier ao mundo. É um grande exercício de aceitação desde o começo.

Cesárea "surpreendentemente emocionante"

Com 37 semanas e 3 dias, Martim chegou em um parto cesárea que foi surpreendentemente emocionante. Até ser encaminhada para a sala do centro obstétrico, eu estava superapreensiva, mal-humorada e com fome. É que atrasou muito do horário que inicialmente tínhamos agendado. Veja só, nem o horário da cesárea eu consegui controlar! Mas chegando lá, a equipe foi me tranquilizando.

A sala estava quentinha para o Martim, colocamos nossa playlist, demos risada da anestesia fazendo efeito! E quando Martim chegou, foi muita emoção! Ele, todo branquinho de vérnix, veio para os meus braços. Ficou deitado no meu colo e acalmou totalmente do choro do nascimento. Depois de um tempo, procurou o peito e mamou! Ficamos ali, por um bom tempo, enquanto se finalizava o procedimento cirúrgico. Fomos os últimos a sair da sala, inebriados do maior amor do mundo!

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Juliana e Henrique com Martim (Foto: Katia Rocha)

 

Rede de apoio e informação

Agora, estamos em casa lidando com o pós-cirúrgico e início da amamentação. Essa primeira semana é bastante difícil por conta disso. Uma dor física mesmo, que afeta também o lado emocional. Estou aqui com uma rede de apoio muito linda: Henrique teve uma licença de 20 dias, minha mãe tirou uns dias de férias para me dar esse suporte e minha avó também está vindo quando pode. Uma das coisas que ajudou muito mesmo foram as leituras durante a gestação. Livros, entrevistas, relatos de outras mulheres. Tudo ajuda a gente a não se sentir só. Um livro muito bom que eu recomendo é 'Maternidade e o encontro com a própria sombra', de Laura Gutman — a família toda deve ler!

Acho que eu consegui atravessar a frustração de não fazer o parto desejado porque confiava muito na equipe que estava me assessorando. A medicina está aí para esses momentos. A cesárea deve ser feita em casos como esse, e tudo isso me mostrou o quanto é necessário estarmos abertas para abrir mão do nosso ideal. Afinal, somos um canal para que uma nova vida possa vir ao mundo e para que isso aconteça da melhor forma possível.

Hoje, olhando para o Martim, realmente pouco importa como foi o parto. A emoção de tê-lo nos braços é inacreditável! É uma benção que tenha dado tudo certo e ele esteja bem e com saúde! Sinto-me grata por toda a equipe que esteve junto nesse processo, me amparando física e emocionalmente, cuidando de mim. Agradeço ao meu companheiro, pai do meu filho, Henrique, por todo o amor, dedicação e compreensão e à minha família que também esteve perto durante todo o processo. Internamente, sinto-me grata a mim mesma, por ter a flexibilidade necessária para aceitar as mudanças no percurso. E assim seguimos nossa jornada, agora com a companhia do nosso Martim!"

Juliana e Martim (Foto: Katia Rocha)

 

 

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/09/atravessei-frustracao-de-nao-fazer-o-parto-desejado-diz-juliana-schalch-sobre-cesarea-do-filho-ha-8-dias.html