Thursday, September 23, 2021

15 coisas que você precisa saber sobre dermatite atópica

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Pele vermelha, seca, que coça tanto a ponto de fazer feridas. Não é fácil conviver com a dermatite atópica, muito menos ver o filho sofrer por causa dela. Para que o seu filho tenha mais qualidade de vida, reunimos tudo o que você precisa saber para lidar com esse problema de pele. Confira:

Crianças com dermatite atópica devem passar hidratante de uma a duas vezes ao dia (Foto: Thinkstock)

 

1. É bastante comum
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a doença atinge 25% das crianças no país.

2. Não é contagiosa
Ela se caracteriza por uma alteração inflamatória crônica da pele, imunomediada (que se manifesta quando o sistema de defesa do organismo não reconhece um possível agressor e, por isso, ataca células saudáveis do próprio corpo) que não tem cura. Por isso, na escola, é importante orientar colegas da turma, professores e coordenadores de que a dermatite atópica não será transmitida de uma criança para outra, para que aquela que sofre com lesões aparentes nas mãos, pernas, rosto ou pescoço não chegue a sofrer bullying, sendo afastada das brincadeiras.

3. Tem herança genética
Segundo Clarissa Prati, assessora do Departamento de Dermatologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a dermatite atópica ocorre devido a uma tendência genética familiar. "Se os pais (ou um deles) têm alguma manifestação de atopia, inclinação hereditária de desenvolver manifestações alérgicas, como asma, rinite ou alergia alimentar, são grandes chances de o filho desenvolver também, e aí, pode manifestar a dermatite atópica", afirma.

4. Acomete principalmente as crianças
De acordo com informações do portal Medscape (referência na comunidade médica), a doença acontece majoritariamente na primeira infância: 85% no primeiro ano de vida, chegando a 95% antes dos 5 anos. Ela pode ter períodos de remissão, especialmente na adolescência, mas depois voltar na idade adulta.

5. A coceira é o principal sintoma
O prurido pode ser de grande intensidade, prejudicando o sono e as atividades habituais. A pele seca característica e a coceira desencadeiam uma reação inflamatória deixando o local vermelho e com lesões. Nos casos mais graves, a pele fica bastante ferida. “Como a coceira é um sintoma bastante comum e interfere muito na qualidade de vida dos pacientes, controlá-la é essencial. Para isso, vale utilizar hidratantes, que são a base do tratamento, anti-inflamatórios e medicação sistêmica (administrada na circulação sanguínea)”, afirma Clarissa Prati, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

6. Atinge diferentes áreas da pele
Depende muito da idade da criança. Nos bebês pequenos, geralmente afeta bochechas, tronco e regiões extensas de membros superiores e inferiores. "Após os 2 anos, é comum que as lesões se localizem nas dobras atrás dos joelhos e dos cotovelos, além do pescoço, punhos e tornozelos", diz a dermatologista pediátrica Juliana Loyola Presa, professora da Universidade Federal do Paraná e das Faculdades Pequeno Príncipe.

7. Tem gatilhos diversos
Cada paciente deve ser avaliado de maneira individualizada, pois as causas podem ser diferentes de um para outro. Alguns pioram no inverno devido ao clima frio e seco enquanto para outros o pólen da primavera é o grande gatilho. Há crianças que sofrem com o calor, pois o suor age como um irritante para a pele. De forma geral, toleram pouco os produtos de higiene perfumados e coloridos. Mais recentemente, também têm se observado muitos casos de dermatite atópica relacionados a alergias alimentares.

8. A base do tratamento é a hidratação da pele
Quanto mais se coça, mais sente vontade de coçar. Romper este ciclo é fundamental e a hidratação é a principal aliada nesse processo. “Quando as lesões estão inflamadas, o alergista ou dermatologista poderá indicar alguns cremes que controlam a inflamação. Se houver sinais de que elas estejam infectadas, um antibiótico deverá ser prescrito”, afirma Márcia Carvalho Mallozi, coordenadora do Departamento Científico de Dermatite Atópica/Contato da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai). Por isso, hidrate a pele da criança, deixando-a melecada, mesmo. E procure manter as unhas do seu filho sempre curtas e tente distraí-lo, cantar uma música, brincar e acolher. Há opções que ajudam o pequeno nas crises mais fortes: as mais indicadas são cremes e pomadas, mas os pais precisam ficar atentos ao tipo de tratamento que farão. “Os produtos dermatológicos à base de pimecrolimo são uma opção segura e adequada, pois essa é a única molécula que pode ser indicada a partir dos 3 meses, e que atua reduzindo as crises de dermatite. Outros medicamentos têm nível de toxidade elevada, como é o caso dos corticoides, portanto é preciso sempre seguir à risca a orientação médica”, diz o pediatra e nutrólogo Fábio Ancona, professor aposentado da Unifesp.

Mãe passando hidratante no bebê (Foto: Getty Images)

 

9. Pesquisadores estão buscando novos tratamentos
Um artigo publicado recentemente na Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, a maior biblioteca médica do mundo, traz esperanças sobre novos tratamentos que vêm sendo testados, especialmente com estudos avançados sobre o microbioma cutâneo (conjunto de micro-organismos que habita a pele – no caso da dermatite atópica, há um desequilíbrio em relação às bactérias do bem): um medicamento de uso tópico chamado crisaborol, e outro administrado via subcutânea em pacientes maiores de 12 anos, de nome dipilumabe, são algumas das grandes promessas. Vale reforçar que essas alternativas ainda estão no campo dos estudos e, além disso, nenhum medicamento deve ser usado sem prescrição médica.

10. Pequenos cuidados no dia a dia aliviam o problema
As principais dicas para ter melhor qualidade de vida são: manter a hidratação da pele da criança, sobretudo após os banhos (de preferência mornos e rápidos), passar longe dos alérgenos mais comuns, como sabão em pó e amaciante, evitar que roupas de lã ou de materiais sintéticos (mesmo a etiqueta) entrem em contato direto com a pele, dando preferência a tecidos naturais. Se o problema for relacionado a alergia alimentar, é imprescindível ficar atento ao que o pequeno ingere, e isso pode variar de acordo com cada um.

11. A amamentação pode ser uma aliada na prevenção
Como já dissemos, a dermatite atópica tem herança genética associada à influência do ambiente, portanto, é difícil falar em evitar a doença. No entanto, o que se sabe por meio de pesquisas ao longo do tempo é que filhos de pais que apresentam alergias ou os que tiveram na infância seriam beneficiados com aleitamento materno, alimentação o mais saudável possível e uso de hidratantes na pele desde recém-nascidos.

12. Pode ser associada a doenças como asma e outras alergias
“Gosto de explicar aos pais que a dermatite atópica anda de mãos dadas com a asma, rinite e, mais recentemente, com a alergia alimentar. É importante esclarecer que uma doença não se transforma em outra, mas elas compartilham mecanismos imunológicos semelhantes e podem ser observadas em diferentes momentos da vida de um paciente”, afirma a dermatologista pediátrica Juliana Loyola Presa.

13. Tem manifestações diferentes em crianças e adultos
De forma geral, a coceira e a pele seca são semelhantes, mas a localização das lesões será distinta. No adulto, por vezes, se observa uma pele mais grossa e áspera nas dobras de membros superiores e inferiores. Vale ressaltar que as crianças que apresentam formas mais graves e de difícil controle, além de um maior impacto por alterações emocionais, têm mais risco de persistirem com a doença ativa durante a vida adulta.

14. O lado emocional pesa bastante
Não que a dermatite atópica seja causada por fatores emocionais puramente, mas o estresse é um dos importantes gatilhos da doença. Em uma criança irritada, cansada e ansiosa, o controle possivelmente será mais difícil. Buscar ajuda psicológica pode ser um dos grandes pilares no tratamento. No Brasil, hoje existem grupos de apoio a pacientes e suas famílias – saber que outras crianças passam pelas mesmas dificuldades e dividir experiências pode ser um aliado no controle dos sintomas.

15. A criança com dermatite leva uma vida normal
A rotina da criança com dermatite atópica deve ser a mais normal possível, sempre respeitando algumas restrições. Praia e piscina, por exemplo, não são proibidas, mas devem se tomar os cuidados inerentes à exposição ao sol e à água do mar ou piscina, com o uso de proteção solar. Ao voltar para casa, a criança deve tomar banho com água doce não clorada, usar o sabonete com o qual está acostumada e fazer a hidratação em seguida. Para o dia a dia na escola, é importante ter sempre um hidratante na mochila. Pode acontecer de a criança apresentar um início de crise – pele vermelha ou rachadura – e a orientação é hidratar imediatamente.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/09/15-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-dermatite-atopica.html