Wednesday, September 29, 2021

"Política é que nem novela. Não poderia voltar ao trabalho dali a seis meses e não saber o que ocorreu nesse meio-tempo", diz Andréia Sadi sobre o fim da licença-maternidade

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Andréia Sadi, 34 anos, está prestes a voltar ao cenário político em boletins de jornais da TV Globo e do canal GloboNews, e no programa Em Foco com Andréia Sadi. Afastada do trabalho por 6 meses devido à licença-maternidade, em entrevista exclusiva para a capa da CRESCER de outubro, ela diz que não se "desligou" por completo da política, depois que os gêmeos Pedro e João, de 6 meses, nasceram. "Política é que nem novela, cada dia um episódio. Não poderia voltar ao trabalho dali a seis meses e não saber o que ocorreu na novela nesse meio-tempo", explica.

E quem pensa que sua dedicação foi exclusiva à amamentação e à troca de fralda, está muito enganado. "Continuei em contato com as minhas fontes, apurando, afinal, a CPI [da covid-19] estava rolando, um monte de coisa acontecendo, como sempre. Foi tranquilo, porque fiz isso sem o compromisso de publicar, sem a pressão do horário. Anotei tudo no meu bloquinho, organizado mês a mês", diz. 

 

Mas, é claro, que cuidar dos dois exigiu bem mais dela do que qualquer CPI. E para sobreviver ao caos, a parceria do também jornalista André Rizek, marido de Andréia, foi essencial. "Tem uma música do Emicida que diz 'E tudo, tudo, tudo, tudo que nóis têm é nóis'. Eu e o André, que já éramos um casal unido, que dividia tudo, ficamos ainda mais fortes. Ele é o meu porto seguro e eu, o dele. Começamos essa história como dois, e saímos como quatro, a única aglomeração permitida (risos). Aprendemos na marra e com a mão na massa. Ele só não dá de mamar, por motivos óbvios – em todo o resto, somos parceiros", diz. Confira a entrevista:

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Ed 333 Andreia Sadi Capa (Foto: Babuska)

 

 

CRESCER: Você trabalhou até pouco antes de parir. Estava disposta mesmo até o final?
A.S.: Sim! Talvez até para abstrair um pouco da tensão da pandemia, do confinamento do home office, eu trabalhava no meu ritmo de costume. As pessoas me falavam para descansar, mas, para mim, funciona ao contrário: para estar calma, preciso fazer algo que me dê gás, que me empurre. Trabalhar é terapêutico. Gosto tanto de fazer várias coisas ao mesmo tempo que a vida me deu gêmeos (risos). Trabalhei até a véspera de eles nascerem, e me sentia bem. Ajudou o fato de eu ter feito atividade física e cuidado da alimentação com disciplina.

CRESCER: Como foi receber João e Pedro nos braços?
A.S.: Só de falar, já fico arrepiada! Foi muito louco, porque eu era a protagonista do parto, mas estava na plateia. Como foi cesárea, meu guia era o André. Ficava olhando as reações dele e para o relógio, porque queria saber o horário exato do nascimento deles. Primeiro veio o Pedro, com 2,8 kg, depois, o João, com 3,1 kg. Quando o pediatra os colocou no meu peito, na golden hour, foi o momento de maior êxtase da minha vida. Nunca senti nada igual!

 

Ed 333 Andreia Sadi Vai dar tudo certo (Foto: Babuska)

 


CRESCER: A volta para casa costuma ser motivo de apreensão. Foi assim para você?
A.S.: Sempre é, né? Ao contrário da maioria das gestantes, eu não me preocupava tanto com o parto, mas com a amamentação. Fiquei tão fixada nesse tema que comprei vários potinhos para armazenar leite já no começo da gravidez, e sem saber se teria leite (risos). Felizmente, tive e tenho bastante. Mas a adaptação ao aleitamento é demorada e a gente precisa persistir. No caso de gêmeos, a coisa dobra. João e Pedro não mamam juntos, por isso, faço livre demanda a partir do momento em que eles pegam o meu peito, a cada três horas. Significa que fico praticamente o dia todo com eles grudados em mim, porque tem dia que Pedro ou João permanece mais de uma hora mamando, parando, voltando. Então, quando o segundo termina, já é quase hora de o primeiro que mamou voltar. O momento da amamentação é mágico! Aprendi que preciso curtir cada minuto e oferecer dedicação exclusiva. No primeiro mês, aproveitava para pedir farmácia pelo aplicativo do celular ou para ler notícias. Hoje, se toco no celular, eles já reclamam. Param de mamar e ficam me olhando, como quem diz “larga já isso aí, agora é a minha vez” (risos)!

CRESCER: Na licença-maternidade, do que mais sentiu falta em relação ao trabalho?
A.S.: De encontrar as pessoas, de conversar pessoalmente, olhando nos olhos. Mas, de certa forma, minimizei um pouco isso, porque continuei em contato com as minhas fontes, apurando, afinal, a CPI [da covid-19] estava rolando, um monte de coisa acontecendo, como sempre. Foi tranquilo, porque fiz isso sem o compromisso de publicar, sem a pressão do horário. Anotei tudo no meu bloquinho, organizado mês a mês. Política é que nem novela, cada dia um episódio. Não poderia voltar ao trabalho dali a seis meses e não saber o que ocorreu na novela nesse meio-tempo. Porém, já avisava: se um deles chorar, vou desligar...

CRESCER: E o que mais curtiu durante esse período?
A.S.: Ficar com o João e o Pedro, não poderia ser diferente. Não tem nada nesse mundo mais especial do que fazê-los sorrir. Adoro quando a gente está no tapetinho, brincando. Nunca fui uma pessoa lúdica – o André é bem mais. Descobri esse meu lado e deixei-o aflorar. Quando a gente brinca e eles gargalham, é impossível não me desmanchar. Criar esse vínculo com eles foi o que mais amei! E também gostei de ter conseguido organizar nossa casa, ter dado a cara da nossa família a ela.

 

Ed 333 Andreia Sadi Vai dar tudo certo (Foto: Babuska)

 


 


CRESCER: Depois de tantos meses juntos com os bebês, como imagina a separação e a volta ao trabalho?
A.S.: Eu realmente gosto do que faço, amo ser uma comunicadora. E tenho o privilégio de contar com a ajuda da maravilhosa Margarida, a babá/enfermeira que está conosco desde que João e Pedro nasceram. Fico pensando em quem simplesmente não tem opção, e como faltam políticas públicas para apoiar a maioria das mães que trabalha fora de casa. Vou sair para fazer algo que gosto e valorizo, e vou retornar melhor, realizada. Porque não sou só mãe, sou mulher, jornalista, tenho vários papéis. Hoje, a Andréia profissional está em stand by, mas, quando voltar ao trabalho, vou ficar bem feliz. E eu estando feliz, os meninos também estarão. Imagine se, por algum motivo, eu não pudesse fazer isso... seria uma tristeza. Sou muito grata pela oportunidade de fazer o que gosto. Saber que a Margarida vai ficar com eles é uma tranquilidade. Além do mais, a Globo fica do lado de casa. Qualquer coisa, só dar uma corridinha...

CRESCER: Quais as suas maiores preocupações para quando tiver retornado presencialmente?
A.S.: Brinco que as prioridades mudaram e, claro, a primeira preocupação é com a saúde e o bem-estar dos meus filhos. Mas acredito que eles vão ficar bem. Vou amamentar de manhã e à noite, pelo tempo que eles quiserem, e vou deixar meu leite armazenado, se precisar. Eles estarão em plena introdução alimentar, então, essa questão vai estar resolvida. Algo que me afligia um pouco era pensar como seria a minha agenda, porque sempre precisei viajar bastante para gravar o programa [Em foco com Andréia Sadi]. Mas já acertamos, e estou bem tranquila. Com certeza, há jeito para tudo!

Ed 333 Andreia Sadi Vai dar tudo certo (Foto: Babuska)

 

 

 


CRESCER: O que você diria para a Andréia Sadi de seis meses atrás?
A.S.: Calma, vai dar tudo certo! Não gosto dessas frases de autoajuda, mas, neste caso, é a pura verdade. Com quantas coisas me preocupei desnecessariamente...!

CRESCER: E o que gostaria de falar para as mães que estão começando a viver a aventura da maternidade agora?
A.S.: Ainda sou uma “mãe estagiária” (risos), mas se eu puder dar uma dica, é esta: fuja do terrorismo psicológico, dos palpites, do “tem de ser assim”. Cerque-se de informação de qualidade, vinda da mídia tradicional, do apoio de médicos – pediatras, obstetras – e das pessoas que ama. Respire, tenha calma e siga sua intuição. Eu venho do futuro, e estou dizendo: Vai dar tudo certo!



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/09/politica-e-que-nem-novela-nao-poderia-voltar-ao-trabalho-dali-seis-meses-e-nao-saber-o-que-ocorreu-nesse-meio-tempo-diz-andreia-sadi-sobre-o-fim-da-licenca-maternidade.html