Sunday, May 9, 2021

“Fiquei em choque com a realidade da maternidade porque sonhei com algo muito mais fácil do que realmente é”, diz escritora

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Fernanda Witwytzky com Sara, Samuel e Rafael, seu marido (Foto: Instagram)

 

Fernanda Witwytzky ficou conhecida na internet depois de compartilhar sua trajetória para engravidar nas redes sociais. Não demorou muito para o vídeo viralizar. Ao todo foram 2 anos e 32 testes de gravidez negativos. Um tempo de muita dor, frustração e fé. Hoje, Fernanda é mãe dos gêmeos Sara e Samuel e está grávida de Isaac, que deve chegar no 2° semestre de 2021.

Além de criar conteúdo na internet, Fernanda é escritora. Depois de uma crise de quase 5 anos no mercado de trabalho, ela se encontrou nas palavras. Sua primeira publicação narra seu longo processo como tentante até a vitória do nascimento dos primeiros filhos. Um ano depois, ela compartilha mais uma experiência literária em que conta as dores e amores do primeiro ano vivendo a maternidade. As Primeiras Quatro Estações, projeto desenvolvido com a Thomas Nelson e Pilgrim, tem como intuito principal abraçar as mães para lembrá-las que está tudo bem não estar feliz o tempo inteiro, mas que a alegria sempre vem.

"As Quatro Estações" é o segundo livro de Fernanda Witwytzky (Foto: Instagram)

 

Crescer: Como surgiu a vontade de escrever o segundo livro?

Fernanda Witwytzky: Quando eu tive os bebês, até mesmo durante a gravidez, eu consumi muito conteúdo para me ajudar com sono noturno, alimentação e tudo mais, mas depois que eles nasceram, senti muita falta de saber mais sobre como nos sentimos depois do nascimento. Como desde pequena eu gostei de escrever, decidi colocar para fora esse sentimento.

Crescer: O quadro “Dicas da Fê” parece realmente uma troca de figurinha que toda mãe precisa. A ideia surgiu da falta desse diálogo?

Fernanda Witwytzky: Quando eu comecei a viver a maternidade, eu compartilhava muitas dicas entre um grupo de amigas, que também eram mães, sem julgamento, de forma segura e gostosa. Era realmente uma troca e algumas dessas conversas foram muito preciosas, tiveram sugestões que funcionaram muito bem e pensei que seria legal passar para frente. Apesar da ideia do livro ser sobre a mãe e não sobre “como criar seu bebê”, achei que seria interessante ter dicas práticas, simples e que foram muito úteis para mim.

 

Crescer: Já existe uma cobrança muito grande da maternidade romântica e plena, mas quando falamos de mulheres que sonharam com esse momento, parece ficar ainda mais latente. Como foi lidar com essa sensação de que nem tudo eram flores - mesmo durante a primavera?

Fernanda Witwytzky: Para mim essa experiência foi contrária do que muitas mulheres passam. Vivemos um tempo em que as pessoas tentam tanto passar a realidade da maternidade que acaba assustando um pouco. Realmente, tem dias muito difíceis e cansativos. Isso me ajudou a não romantizar, mas precisei lidar com a expectativa interna. Eu tinha o sonho de ser mãe. Eu não pensava na realidade dura e nos perrengues. Imaginei o sucesso e idealizei as partes boas. Me choquei com a realidade da maternidade porque sonhei com algo muito mais fácil do que realmente é. Foi neste momento que eu revelei o pior de mim, meus piores defeitos e minhas melhores qualidades também. Eu fui muito confrontada como mulher, principalmente os meus desejos. 

Fernanda Witwytzky está grávida do terceiro filho (Foto: Instagram)

 

Crescer:  Você escreveu o livro estando grávida. Como tem sido essa experiência de tirar um projeto do papel e planejar a chegada de um bebê ao mesmo tempo?

Fernanda Witwytzky: Eu engravidei do Isaac quando os bebês tinham 7 meses, pouco antes de completarem 8 meses eu descobri. Então escrevi ⅓ do livro estando grávida. Eu pude escrever sobre essa experiência depois de um tempinho da descoberta, cerca de dois meses. Foi importante ter este período para entender esse sentimento. Apesar de sempre celebrar a vida e o Isaac ser um sonho para nós, foi um susto porque a gente imaginava que seria mais para frente. É muito diferente estar grávida pela segunda vez porque você já conhece a realidade. Foi muito desafiador essa reta final do livro. Passei muito mal, como a maioria das grávidas. A escrita exige concentração, ideia e criatividade e é muito complicado fazer isso enquanto não está bem.

Crescer: Quando você exemplifica situações vividas pelos gêmeos no livro, sempre trata isso de maneira genérica sem identificar sobre quem está falando. Qual o motivo disso?

Fernanda Witwytzky: Eu acho que esse é o maior desafio para mim como escritora e alguém que trabalha com a internet. Eu quero muito que o Isaac, a Sara e o Samuel se sintam protegidos por mim. Eu como mãe tenho o dever de proteger a individualidade e a privacidade dos meus filhos. Eles não têm como fazer isso ainda. Por mais que eu compartilhe coisas íntimas no livro, são coisas minhas. Eu, como adulta, consigo ter uma régua, eles não. 

 

Crescer: Quando você fala sobre sua relação com seu corpo durante a maternidade, você separa em três fases: a do não reconhecimento, a do conformismo e a do alerta. Como foi pra você esse momento?

Fernanda Witwytzky: Eu não estranhei meu corpo durante a gravidez. Como eu desejei muito esse momento, eu achava uma sensação mágica estar grávida, mas durante o pós-parto foi complicado. Eu evitava olhar para o espelho de tanto que eu não me reconhecia. Não era uma questão de comparação com outras mulheres, mas comigo mesmo no passado. Então quando eu via meus seios, minha barriga e minha musculatura, eu não me enxergava. Eu passei por alguns bons meses não me olhando no espelho. No livro tem um capítulo que se chama “Corpo do Verão”. Eu falo sobre a experiência de ter ido para a praia com esse 'novo' corpo. A baixa autoestima nesse processo. Eu só entendi que era um tempo de estranheza e decidi não me forçar a nada. Tentei focar em outras coisas e me sentir orgulhosa em outras áreas da minha vida, como no trabalho, por exemplo.

Sara e Samuel são gêmeos (Foto: Instagram)

 

 

Crescer: Quais são seus próximos planos?

Fernanda Witwytzky: Se eu te falar que depois que eu desligar essa ligação, eu vou planejar minha agenda dos próximos meses antes da chegada do Isaac porque vou começar a escrever o próximo livro, você acredita? Na verdade, As Primeiras Quatro Estações não era para ter saído agora. Meu projeto com a Thomas Nelson e a Pilgrim era um outro livro, mas me veio a ideia do As Primeiras Quatro Estações e pedi para passar na frente. Por isso, o projeto já está pronto. Ele será lançado no próximo ano e não será sobre maternidade!



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