Na sexta-feira (29), por volta das 8 horas da manhã, a educadora social, artista e empresária Kely Zerial, 37 anos, de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, foi surpreendida pelo latido de seus cachorros, um barulho no portão e, em seguida, o aviso de uma vizinha informando que haviam deixado um bebê no portão da sua casa. A recém-nascida estava enrolada em um cobertor dentro de uma sacola plástica e chorava muito. Cuidadosamente, Kely levou a menina para dentro e limpou o excesso de sangue. Segundo ela, a criança ainda estava ligada ao cordão umbilical, que estava sem curativos, pulsando e pingando sangue.
"Eu agi instintivamente. Segurei o bebê no colo levemente e entrei para averiguar como estava. Tentei acalmá-la, pois ela chorava, e estava com muito sangue. Vi o cordão umbilical ainda jorrando sangue, foi um choque. Pedi ajuda de minha irmã com fraldas. Buscamos atendimento médico, comunicamos o Conselho Tutelar e a Polícia Civil. Foi uma explosão de sentimentos: preocupação, amor, euforia, piedade", contou ela a CRESCER.
Durante o atendimento, os agentes do Conselho Tutelar chegaram e, lá mesmo, Kely já demonstrou o desejo de adotar o bebê. "Percebi uma 'avalanche' de pessoas se aproximando e comentando. Não senti que era uma preocupação genuína sobre o estado da criança. Ainda no posto de saúde, enquanto ouvia pessoas lá fora gritando e sensacionalizando o ocorrido, recebi atenção da conselheira tutelar e ela foi me perguntado se eu teria desejo de adotar. Eu disse sim. Fui respirando e entendendo que este é um presente de Deus, pois eu também estava checando meu estado de saúde e até fazendo exames já com o desejo de ser mãe", disse.
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"Já vivi a experiência de maternidade com meus sobrinhos. Ajudei a criá-los e hoje eles já estão com 20 e 24 anos. Em 2020, iniciei uma busca para saber como estavam meus óvulos e meu útero, e como meu corpo reagiria a uma gravidez aos 37 anos. Muitas bençãos estão ocorrendo em minha vida. Eu tinha acabado de me mudar para esta casa. Foi um sonho realizado que agora vem com outro presente: a Angelina, como a tenho chamado", contou.
RUMO A ADOÇÃO
Do Hospital, a menina foi encaminhada para um abrigo provisório, enquanto a Justiça se posiciona sobre o pedido de Tutela Urgente em Caráter Precedente, de Kely. "Estou à disposição de todos os trâmites necessários, mas o foco agora é que Angelina esteja bem e com muita saúde", disse. Kely também pede para que as pessoas não julguem a mãe do bebê. "Estou orientando as pessoas a pararem de julgar a mãe e entender que há um pai nesta história também. Para mim é uma chuva de emoções e sensações, pois mistura a vinda da bebê, meu sonho de maternidade, a pressão de pessoas maldosas julgando a mim e a família desta criança. A bebê não foi abandonada por uma mãe, pois uma criança não se gera sozinha. Ela tem uma história que pode envolver muito sofrimento, antes do abandono. Percebam que esta mulher pode ter sofrido muito para chegar a esta decisão. Eu acredito que ela não queria o mal da criança, pois a deixou em com uma manta e, por pior que seja a situação, em uma porta", finalizou.
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