Quem precisa lidar com a educação infantil em casa durante a pandemia pode muito bem estar enfrentando a passagem do tempo em um ritmo diferente do que adultos sem filhos. Uma nova pesquisa descobriu que os pais são muito mais propensos a dizer que o tempo passou "rápido" ou "muito rápido" em comparação com pessoas sem filhos, quando solicitados a relembrar a década passada.
Pesquisadores na Alemanha e na Suíça dizem que aquele velho conselho que adverte os pais a "valorizarem cada momento", já que "as crianças crescem tão rápido" pode ser baseado em fatos científicos, já que as crianças mudam mais do que os adultos. "Ao longo de dez anos, as crianças passam por mudanças dramáticas não apenas em sua aparência física, mas também em suas habilidades cognitivas. Experimentar mudanças tão notáveis em uma pessoa com quem vivemos, enquanto os adultos mudam minimamente, pode levar à percepção do tempo de forma acelerada", explica o pesquisador principal, Marc Wittmann, do Instituto de Áreas de Fronteira de Psicologia e Saúde Mental em Freiburg, Alemanha.
Também é possível que os pais vivenciem os estágios "mágicos e novos" de uma criança como "intervalos de tempo de evolução lenta". Mas como a rotina muda conforme a criança cresce, isso pode levar a um "efeito acelerador na vida subjetiva", disseram os cientistas, embora mais estudos sejam necessários. Outra explicação vem do fato de os pais dedicarem grande parte de seu tempo aos filhos, deixando menos para si e para seus hobbies. Esse sentimento pode deixá-los com a sensação de que o tempo passou, embora os cientistas não tenham encontrado nenhuma diferença nas pressões do tempo registradas pelos pais em comparação com os não-pais no estudo. "Por último, ter filhos é considerado por muitos como um passo importante na vida, e refletir sobre ter cruzado esse limiar na vida pode ter uma influência na memória autobiográfica", explica Marc Wittmann.
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Para o estudo, a equipe pediu a 431 pessoas com idade entre 20 e 59 anos que preenchessem um questionário subjetivo, para medir suas percepções de tempo. Eles foram perguntados: "Quão rápido os últimos dez anos se passaram para você?". Cada resposta era relacionada a uma pontuação. Quanto mais rápido eles sentiram que o tempo havia passado, maior essa pontuação. Os "não pais" tiveram uma pontuação média de 0,76 — consideravelmente abaixo de "rápido", em comparação com os pais que tiveram uma média de 1,22 — muito mais rápido do que "rápido". O estudo foi publicado na revista Timing & Time Perception.
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