Lidar com a saudade dos pais que trabalham fora não é fácil. Theodora, 8, sabe bem o que é isso! Após seu pai, Mauro Ferrari, 47, começar a trabalhar mais, a menina começou a sentir muita falta dele. Mauro é cozinheiro em um restaurante e proprietário de um buffet, no bairro da Mooca, em São Paulo, e tem trabalhado dobrado com novas demandas. A pequena encontrou uma solução, para ajudar a distância a se tornar menos dolorosa. "Ela me disse: 'vou fazer um coração no seu braço que, quando você apertar, é como se estivesse me dando um abraço, então, a nossa saudade vai acabar'", explica Mauro, em entrevista a CRESCER.
Theodora também fez o desenho em seu próprio braço e, agora, sempre que quer dar um abraço gostoso no pai, ela o aperta. O coração, então, inspirou o cozinheiro a fazer uma tatuagem, no mesmo dia. "Peguei o desenho que estava no meu braço mesmo e o tatuador fez em cima", conta ele. Tudo aconteceu na última segunda-feira (22). Segundo Mauro, a estratégia da filha tem funcionado e ela tem lidado melhor com a saudade desde então.
O coração é um dos métodos que pode ajudar a lidar com ansiedade dos filhos nos momentos que é preciso ficar um tempo longe deles. Porém, também é importante evitar algumas situações para não deixar a criança ansiosa. Confira algumas dicas.
Sempre diga a verdade
Dizer, por exemplo, que só vai até “ali” fazer uma coisinha e, na verdade, demorar horas para voltar, pode causar frustrações nas crianças e retardar o processo de aceitação. Assim, cada despedida vai se tornar um problema. E, sim, essa comunicação tem que acontecer desde bem pequenos: mesmo que eles não entendam completamente.
Controle sua ansiedade
O momento da despedida, no geral, é mais difícil para os pais do que para a própria criança. Cuide para que sua angústia e sua insegurança não reflitam diretamente no seu filho. Pais inseguros geram filhos inseguros. Esteja certa de que a pessoa com quem você deixará seu filho ou a escola que escolheu transmitam conforto.
Não saia de fininho
Sair à francesa pode fazer com que a criança demore a se adaptar à ausência dos pais. Esse tipo de atitude pode, segundo especialistas, produzir crianças inseguras e medrosas. Diga sempre “tchau”, mesmo que sem alarde. Ele precisa se sentir comunicado, importante.
Voltou? Comemore mesmo!
Se seu filho estiver acordado quando você retornar, mostre mesmo o quanto sentiu falta dele. Se estiver dormindo, jamais deixe de ir até ele também. Dê um beijo, ajeite a coberta e ele já vai saber que você esteve por perto. E terá uma noite tranquila.
Honre os horários
Faça de tudo para chegar no horário que marcou com ele, pois a demora é angustiante para a criança.
O adulto é você
Pode acontecer de seu filho tentar punir você pela ausência temporária. Vai usar artifícios como fingir não ver ou até conhecer você. É a saudade que virou mágoa. E é você que não pode reagir mal, para, claro, não reforçar a tristeza que ele ainda está sentindo. Encare a atitude com naturalidade e tente quebrar o gelo fazendo uma graça ou sugerindo uma brincadeira.
Presente todos os dias, não!
Os presentes para suprir a ausência é um tipo de erro que, além de criar um mau hábito de cobrar pela recompensa, pode fazer com que a criança não manifeste seus reais sentimentos. Segundo os especialistas, facilita formar pessoas inseguras ou manipuladoras. Mas, tudo bem fazer uma surpresa de vez em quando.
Acabaram as férias. E agora?
Os deliciosos períodos de convívio diário são seguidos de difíceis separações. É na hora de voltar à rotina que aparecem as dores de barriga, de cabeça, as cobranças. Aproveite ao máximo esses dias mais juntos, mas, quando eles acabarem, não se culpe. No fundo, as crianças gostam de suas atividades de rotina e ficam felizes em retomá-las.
Jamais subestime o que ele sente
Chorar ou agarrar-se ao seu pescoço são reações naturais em crianças de qualquer idade. E o seu papel é sempre de acolhimento. Explique com amor e carinho, e quantas vezes forem necessárias que você tem que ir, mas que vai voltar.
Fontes: Ana Merzel, coordenadora de Psicologia do Hospital Albert Einstein (SP); Heloísa Chiattone, psicóloga do Hospital e Maternidade São Luiz (SP); Mariana Tichauer, psicóloga da Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico (Edac); Quézia Bombonatto, presidente nacional da Associação Brasileira de Psicopedagogia
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/02/pai-tatua-coracao-que-filha-desenhou-em-seu-braco-para-ele-apertar-quando-sentir-saudades.html