É hora de falar de um assunto que os pais até evitam, mas uma hora chega… O crescimento dos filhos. Eu, que não tenho mais bebezinhos em casa, sinto falta de dar uma cafungada no cocuruto, de carregar aquele pacotinho para todos os lados, de tê-los embaixo da minha asa. Mas não tem jeito: os bichinhos esticam, criam suas personalidades e começam a cair no mundo. Falando assim, parece fácil, natural… Mas vou contar: dá um aperto no coração, viu?
E isso acontece porque o crescimento dos filhos está conectado ao momento em que eles descobrem o mundo que existe além dos pais. Começam a formar vínculos com outras pessoas, e nós sentimos que não somos mais as únicas pessoas na vida deles. Ursinhos de pelúcia, carrinhos e bonecos vão dando lugar para amizades, maquiagens, instrumentos musicais, compromissos. Eles, do lado de lá, estão encantados, descobrindo o mundo. Nós, pais, do lado de cá, ficamos assim: “Quando foi que isso aconteceu?”.
Você, que é mãe ou pai de primeira viagem e está com um bebê, prepare-se. De repente, acontece um fenômeno que vou chamar de jab direto da paternidade ou maternidade. Você está de boa e, do nada, vem o jab, aquele socão de esquerda, que é quando se dá conta de que seu filho está criando independência. Conforme toma esse soco, já fica meio zonzo. Quando pensa em se recuperar, vem o socão direto, que é o momento em que cai a ficha do “você está envelhecendo”. O meu conselho: abrace o oponente, aceite a nova fase e aproveite. E olha que eu ainda estou na fase light. Imagine quando só tiver adultos em casa. Quando começarem os namoros…
É para isso que eu vou à academia, para extravasar a emoção. Mas é importante perceber que não ficamos apenas mais velhos com o crescimento dos filhos. Ficamos mais experientes. Temos de usar essa maturidade e lembrar que esse momento não é complicado só para nós. Do lado deles, também rolam desafios. Eles começam a ter de tomar decisões, a se socializar, a enfrentar as dificuldades, as frustrações. A vontade que dá de ir junto e protegê-los a qualquer custo é enorme. Só que deixar que eles vivam as decepções é um mal necessário.
Porque vão aprender com os erros. O que também não pode rolar é um monitoramento absurdo de tudo o que eles fazem. Temos de respeitar a privacidade, dar espaço e acreditar e confiar na educação que foi dada. É difícil, mas gosto de pensar que os filhos são como as pipas. A gente solta no céu, vai dando linha e, uma hora, eles estarão longe. Muitas vezes, não vamos sentir que estão ali, conectados, mas acredite: do outro lado, eles estarão voando e sempre ligados aos pais, sendo guiados por seus ensinamentos. E que seja um voo lindo!
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