Wednesday, May 5, 2021

Grávida russa viaja ao Brasil para ter bebê em casa de parto pública de SP, mesmo sem falar português

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Mesmo sem falar português, uma grávida decidiu viajar da Rússia, seu país natal, ao Brasil para ter o seu bebê em uma casa de parto pública na Zona Sul de São Paulo, a Casa Angela. Aos 40 anos, Alena Cherepanova deu à luz Anfisa, seu quarto filho, em 26 de fevereiro deste ano, e relata ter vivido uma experiência emocionante ao lado da equipe que conheceu semanas antes do nascimento da sua bebê.

 

A decisão de vir ao Brasil foi motivada pelo desejo de ter mais liberdade e autonomia para parir. Em suas pesquisas para um parto respeitoso - depois de três experiências anteriores não muito positivas, a mãe ouviu sobre os Centros de Parto Humanizado espalhados pela Europa, e então encontrou a Casa Angela, uma opção de cuidado semelhante no Brasil. "Parecia o lugar perfeito para minha filha nascer", disse, em entrevista exclusiva à CRESCER. 

Grávida russa veio ao Brasil para ter bebê em casa de parto pública (Foto: Reprodução/Instagram/Casa Angela)

 

Mas a decisão também foi motivada por aspectos práticos: a não exigência de visto para entrar no Brasil, a gratuidade do atendimento às gestantes estrangeiras e a cidadania brasileira para o bebê. "Nossa família tem uma renda média e não teríamos condições de dar à luz na Europa. Então, exatamente um mês antes do parto, voei para o Brasil."

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Alena veio sozinha, às 34 semanas de gestação. O marido ficou para cuidar dos outros três filhos do casal, e viria mais adiante, apenas para o parto, mas não teve tempo de chegar: a filha nasceu no dia 26 de fevereiro, às 38 semanas de gestação, e a passagem do marido de Alena estava marcada para o dia 27 de fevereiro.

"Acordei cedo com contrações e dancei a manhã toda. Com base na minha experiência anterior de parto, eu estava no controle, as contrações gradualmente se tornaram regulares, meu objetivo era chegar à Casa Angela com uma boa dilatação. Quando cheguei, a equipe me envolveu com ternura, carinho e amor. Nunca antes, durante o parto, tinham sido tão atenciosos e receptivos comigo. Às 13h10, pude abraçar minha filha. Elas me deram tempo suficiente para relaxar com minha filha, mediram minha frequência cardíaca no cordão umbilical e, pela primeira vez na vida, cortei o cordão umbilical sozinha. Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo, tudo parecia um sonho maravilhoso!", lembra a mãe.

O nascimento de Anfisa foi marcante também para a equipe que o atendeu na Casa Angela. "Foi um parto lindo, transformador, livre de qualquer interferência e traumas. Foi um privilégio para a equipe da Casa Angela  ter feito parte da transformação dessa mulher e de todas que entram em contato com o nosso serviço. Temos contato frequente com Alena e sabemos que ela já retornou ao seu país e que passa bem com a sua família e a bebê Anfisa", conta a supervisora do ambulatório da Casa, Aline Zorzim, que acompanhou o pré-natal e o parto de Alena.

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Para a mãe, o atendimento individualizado transformou a sua experiência de parto. "A principal diferença dos meus nascimentos anteriores na Rússia é que na Casa Angela recebi uma abordagem individual, todos se adaptaram a mim e cuidaram para que eu me sentisse confortável. Na Rússia, os médicos fizeram o que lhes foi conveniente, ignorando minhas características mentais e fisiológicas", afirma.

E tudo isso, sem sequer falar português (ou inglês). Alena e a equipe se comunicaram o tempo todo por meio de um aplicativo. "Alena só se comunica em russo. Fala poucas palavras em português como “olá e obrigada”. Durante todas as consultas, trabalho de parto, parto e pós-parto, a comunicação foi realizada por meio de um aplicativo que traduzia as falas do português para o russo e do russo para o português", conta Aline.

"O entendimento mútuo com a equipe foi maravilhoso, apesar do fato de eu não saber português e não entender bem o inglês, nos comunicamos via google tradutor e parecia a nível mental!", destaca a mãe, que também deu entrevista à nossa reportagem com a ajuda do aplicativo tradutor.

A Casa Angela, por ser referência em atendimento humanizado na assistência à saúde da mulher, relata que receber muitas estrangeiras, principalmente vindas do Haiti. Para ser atendida na casa de parto, a mulher precisa iniciar o pré-natal na Unidade Básica de Origem mais próxima ao local escolhido para moradia, e estar dentro dos critérios estabelecidos pela Casa, como ser uma gestante de risco habitual. A lista completa das condições está disponível no site da Casa Angela.

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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2021/05/gravida-russa-viaja-ao-brasil-para-ter-bebe-em-casa-de-parto-publica-de-sp-mesmo-sem-falar-portugues.html

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