A pandemia de Covid-19 continua impactando negativamente a vacinação dos recém-nascidos. Em 2020, a cobertura de alguns imunizantes recomendados a esse grupo atingiu níveis ainda mais baixos do que se viu em 2019, ano em que, pela primeira vez, nenhuma vacina bateu a sua meta mínima (em geral, entre 90% a 95%) (1). De acordo com dados do Ministério da Saúde, apenas cerca de 62% dos bebês com idade até 30 dias tomaram a vacina contra hepatite B em 2020 (1). O imunizante deve ser aplicado em todos os bebês logo depois do nascimento, preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. A complementação com outras duas doses são feitas até os seis meses. Para os nascidos pré-termo com menos de 33 semanas de gestação ou que chegam ao mundo com menos de 2 dois quilos, a recomendação é tomar quatro doses (2,5).
O medo de contrair o vírus SARS-CoV-2 é um dos fatores que contribuem para a queda da vacinação, mas há outros. Muitas vezes, a imunização dos prematuros é esquecida ou adiada por falta de conhecimento da segurança e resposta imunológica em recém-nascidos muito pequenos e condições associadas, como aponta um documento da Sociedade Brasileira de Pediatria sobre a vacinação de prematuros (3). Porém, é importante destacar que, embora os prematuros apresentem sistema imunológico imaturo em comparação com crianças nascidas a termo, a resposta a vacinas dos pré-termos é satisfatória (7).
Questões como isolamento social, hesitação em se expôr ao vírus e outros fatores estruturais que dificultam o acesso aos serviços de saúde culminaram em um aumento do número de indivíduos suscetíveis com atraso no calendário de vacinação (5).
Para organizar e cumprir o calendário vacinal dos prematuros, novas tecnologias em vacinas estão disponíveis na rede pública por meio dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais– CRIE. Eles foram criados no Sistema Único de Saúde para melhorar a atenção no cuidado de pessoas que necessitam de atenção especial. Aos nascidos pré-termo extremo, aqueles com menos de 31 semanas gestacionais ou menos de 1kg ao nascer, o CRIE oferece, por exemplo, a vacina pentavalente acelular. Trata-se de uma combinação da vacina tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche acelular) com outras vacinas a serem dadas na mesma época, como os imunizantes para doenças causadas pelo Haemophilus influenzaetipo b (principalmente meningite) e poliomielite. A vacina pentavalente acelular e a hexavalente acelular também estão disponíveis no CRIE para pré-termos extremos e que oferecem proteção contra 5 ou 6 doenças em uma só injeção (2,5).
O uso de vacinas combinadas como as vacinas pentavalente e hexavalente acelulares disponíveis nos CRIE tem como benefícios menor trauma para o bebê e familiares, melhorando a adesão para completar o esquema vacinal e proporcionando dessa forma melhores coberturas vacinais (5).
Todo estado brasileiro tem pelo menos um CRIE em atividade. Esses locais são também o canal do SUS para garantir aos prematuros o fornecimento de imunobiológicosespeciais a serem administrados em doses consecutivas nos primeiros meses de vida, como as imunoglobulinas. Pertencentes à classe dos anticorpos monoclonais, sua produção envolve técnicas de engenharia genética, células vivas e critérios rigorosos de conservação (5).
Não esqueça de manter a carteirinha de vacinação do seu filho em dia. Vá até uma unidade básica de saúde e proteja seu filho de doenças que estão querendo voltar.
Referências:
1 - Ministério da Saúde. DATASUS PNI. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinasc/cnv/nvuf.def
2 - Ministério da Saúde. Nota técnica Vacina Penta e Hexa Acelular. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/informe-incorporacao-penta-hexa-acelulares-210104.pdf
3 - Ministério da Saúde . Vacinação em pré termos. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20947d-GPA_-_Vacinacao_em_pretermos-ok.pdf
4 - Ministério da Saúde. PNI 30 Anos. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro_30_anos_pni.pdf
5 - Ministerio da saúde. Manual do CRIE. Disponível em:
https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/11/manual-centros-referencia-imunobiologicos-especiais-5ed.pdf
6 - Sociedade Brasileira de Imunizações. Bravo, F. & Ballalai, I. Nota técnica Recuperação de esquemas de vacinação em atraso em decorrência da pandemia de COVID-19. Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/nt-sbim-recuperacao-doses-atrasadas-pandemia.pdf
7 - Chiappini, E. 2019. Hexavalent vaccines in preterm infants: an update by Italian Society of Pediatric Allergy and Immunology jointly with the Italian Society of Neonatology. Italian Journal of Pediatrics volume 45, Article number: 145.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Publieditorial/Sanofi-Pasteur/noticia/2021/05/bebes-prematuros-como-dar-mais-protecao-para-quem-precisa-de-mais-cuidado-conheca-o-crie.html