"Amamentar é natural, é simples, é fácil." Essa foi uma frase que circulou por muito tempo nos meios médicos, entre as famílias, nas redes sociais.
Vamos ao dicionário?*
Natural
"O que está em conformidade com as leis da natureza; feito de forma espontânea; típico do instinto; sem interferência do homem; vindo de nascença."
Simples
"Que não apresenta nenhuma dificuldade para ser entendido ou resolvido; que não é acompanhado ou ajudado por outro; que é normal, comum, habitual."
Fácil
"Que se faz ou se obtém sem trabalho ou dificuldade; que é entendido ou aprendido sem esforço; que se caracteriza por ser natural, espontâneo; que não traz preocupação ou desconforto."
Para mim ficou natural, simples e fácil reconhecer que amamentar não é mais (ou nunca foi) nada disso. Porém deveria ser. Talvez, quem sabe, um dia, em um passado distante, quando não havia outra opção, outra forma de alimentar um bebê, ou quando as opções não eram tão divulgadas, comercializadas e empurradas nas nossas mentes... Talvez, um dia, tenha sido.
Amamentar é uma escolha, é uma cultura, é mais solitário do que deveria ser, é ciência.
Amamentar requer informação real, ética, cientificamente comprovada, sem conflito de interesses, de acesso fácil, com compreensão simples, buscada e transmitida de forma natural.
Amamenar precisa de proteção (através de leis), apoio (por uma rede que englobe a família, a sociedade, os profissionais de saúde, as escolas, as empresas, os governantes, quem amamenta, amamentou ou não amamentou) e promoção (pela informação, pela divulgação em mídia, redes sociais).
Amamentar é um direito, não uma obrigação. Ninguém é mais mãe ou menos mãe, ama mais ou ama menos seu filho, por conta do tipo de parto, do tipo de aleitamento.
Amamentar não merece julgamento, não deve gerar desconfiança, não é uma seita, não pode trazer desconforto e não deve doer.
Abordando a ciência
- Fumar faz mal à saúde.
- Atividade física faz bem à saúde.
- Contato com a natureza impulsiona a saúde.
- Alimentação equilibrada é base da saúde.
Alguém questiona isso? Nem quem fuma, quem é sedentário, quem não tem contato com o verde e mesmo quem come de forma inadequada. Por que não? Porque isso é cientificamente comprovado.
Então, um pouco mais de ciência:
- O leite materno é o alimento padrão ouro da alimentação infantil.
- A recomendação é que seja oferecido desde a sala de parto, exclusivo e em livre demanda até o sexto mês, complementado, a partir daí, com alimentação equilibrada até 2 anos ou mais.
Amamentar não é contra ninguém. Amamentar é sempre a favor.
*Fonte: Dicionário Michaelis de Língua Portuguesa
Dr. Moises Chencinski é pediatra, membro do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), editor do blog 'Pediatria Orienta' da Sociedade de Pediatria de São Paulo, multiplicador de curso oficial do Ministério da Saúde para equipes de saúde da 'Avaliação do frênulo lingual em recém-nascido', criador e incentivador do movimento 'Eu Apoio Leite Materno'.
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