A Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) é uma doença inflamatória, que atinge entre 3% e 5% dos bebês em amamentação, segundo um estudo publicado no periódico científico BMC Pediatrics, dos Estados Unidos.
Os sintomas da APLV podem aparecer imediatamente após a ingestão do leite de vaca (diretamente pela criança ou, no caso dos bebês amamentados no peito, por meio do leite materno, depois de a mãe ter consumido o leite de vaca) ou levar até dois dias para começar. Entre os sinais estão:
- Dermatite atópica,
- Diarréia,
- Constipação,
- Vômito,
- Gases,
- Cólicas,
- Problemas respiratórios,
- Sangue nas fezes,
- Refluxo,
- Soluços,
- Tosse crônica,
- Rinite,
- Asma.
“Geralmente, as alergias aparecem nas regiões de dobras, como joelhos e cotovelos. Irritabilidade também pode ser visível no momento da ingestão, além do refluxo”, explica o pediatra Eduardo Gubert, professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e médico do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, de Curitiba.
Ele destaca que é importante saber a diferença entre a alergia e a intolerância à lactose. “Há muita confusão da APLV com a intolerância e são sintomas bem diferentes, com reações distintas do corpo. Uma reage à proteína e outra à lactose, que é um carboidrato", aponta.
Na APLV, o organismo do bebê reage contra a proteína presente no leite da vaca, sendo necessária a exclusão total dele da dieta da criança - ou da mãe. Já na intolerância, o que ocorre é a incapacidade de digestão do leite e, dependendo do grau desta intolerância, não há necessidade de exclusão total do leite bovino da dieta.
Para quem tem APLV, a dieta precisa ser bem restritiva, pois há alimentos que possuem a proteína e precisam ser totalmente evitados durante os meses de tratamento. “Qualquer transgressão da dieta pode acarretar sintomas na criança”, aponta o pediatra.
Em geral, a alergia aparece nos primeiros seis meses de vida, durante o aleitamento materno exclusivo ou ainda com o complementar, por fórmula. É importante, porém, que a mãe não pare de amamentar seu filho no peito, pois o leite materno é um aliado para ambos, ajudando na prevenção de outras doenças.
“Se a mãe está em aleitamento materno exclusivo, que é o melhor cenário, a dieta restritiva da mãe é o melhor tratamento, pois mantém a amamentação e evita as fórmulas, que são bem caras", explica o especialista.
Primeiro, é necessário diagnosticar a APLV com o pediatra ou o gastropediatra. “O diagnóstico é clínico, pelos sintomas do bebê. Não há testes para fazer”, destaca o médico.
Em caso positivo, será preciso retirar totalmente o leite de vaca da dieta infantil - ou da mãe, caso seja um bebê amaentado no peito. Os derivados, como queijos, manteiga e iogurtes, também contém a proteína e, portanto, também devem ser retirados da alimentação. A mãe pode usar suplementos de cálcio, para não perder os nutrientes - é importante conversar com um profissional de saúde, que deve prescrever da maneira mais adequada, em cada caso.
Segundo os médicos, não é recomendado substituir o leite de vaca por leite de outros animais, como o de cabra para as crianças. Eles não possuem todos os nutrientes necessários e alguns têm proteínas muito parecidas com as bovinas, o que também pode causar alergia. Os chamados leites vegetais também não suprem todas as necessidades de bebês lactantes e, em alguns casos, também podem causar alergias.
Nestes casos, a solução são as proteínas hidrolisadas, presentes em alguns tipos específicos de fórmulas. Algumas alergias podem ainda persistir, sendo, então, indicado o uso de fórmulas de aminoácidos livres, ainda mais específicas, que são eficazes, mas costumam ter preços bem mais altos.
“Estas alergias ou atopias, como chamamos, geralmente têm origem genética e são doenças autoimunes [quando o próprio corpo começa a se atacar]. Hoje, a APLV é mais fácil de tratar visto que todos os rótulos de alimentos e líquidos possuem detalhes sobre sua composição, o que auxilia as mães na restrição da dieta”, ressalta o pediatra.
O tratamento dura, em média, de seis meses a um ano, podendo se estender. Na maioria dos casos, a tolerância ao leite é alcançada até os 3 anos (75%) ou até os 6 anos (90%).
“Em dois meses com dieta de restrição do leite de vaca, é possível que o sistema imunológico entenda que a proteína não é agressiva e passe a reagir com menos sintomas. Há casos que demoram mais, no entanto, não é algo que fica para a vida inteira. A APLV é reversível”, esclarece o pediatra.
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