Com o coronavírus, o uso de álcool para higienizar as mãos se tornou comum pelo mundo. O produto é ofertado na forma líquida e em gel e, apesar de sua função desinfetante, pode representar grave risco a crianças, em especial as menores, vítimas frequentes de acidentes domésticos.
Foi o que houve na Austrália, onde um menino de 6 anos deu entrada na emergência de um hospital local. Segundo o jornal Mail Online, ele ingeriu entre 30 e 60 ml de álcool líquido desinfetante para as mãos. A criança sofreu intoxicação aguda, caracterizada pelo envenenamento com o produto.
O menino se recuperou, mas o caso poderia ter sido mais grave, conforme explica o pediatra Eduardo Gubert, docente na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Médico intensivista do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, ele lembra que muitas famílias acabam deixando o álcool em lugar acessível às crianças, pois, com a pandemia, o produto é utilizado para limpeza de mãos, superfícies e objetos várias vezes ao dia. Porém, os riscos devem ser bem explicados aos pequenos, de acordo com a idade, e o produto mantido fora do alcance dos filhos, que podem confundir o álcool com uma bebida.
O pediatra destaca que o álcool em gel costuma causar mais problemas com o fogo, pois é altamente inflamável, mas sua ingestão é mais difícil, pela consistência e sabor desagradável, o que reduz as chances de intoxicação. “Já o álcool líquido é mais perigoso em termos de quantidade que a criança pode ingerir. Um bebê, por exemplo, pode dar um gole maior no álcool e ter sintomas de intoxicação, como tontura, enjoo, desiquilíbrio, fala enrolada e passos mais largos, como uma pessoa embriagada mesmo”, diz o médico.
Ele ressalta, ainda, que em qualquer composição o álcool pode pegar fogo e resultar em queimaduras graves. “Verificamos estes acidentes geralmente com crianças mais velhas, de 5 anos para cima, pois são as que têm acesso a fósforos, isqueiros, cozinhas, churrasqueiras e acabam querendo brincar com o álcool.”
Para evitar acidentes, inclusive com os olhos, é preciso estar sempre atento. Manter o álcool na dispensa, junto com os produtos de limpeza, e sempre supervisionar a higiene das crianças.
“Prefira lavar as mãos com água e sabão, sempre que possível, o que tem o mesmo efeito higienizante e também reduz riscos de dermatite, problema frequente entre crianças que usam muito álcool”, alerta o pediatra Eduardo Gubert.
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