Tuesday, October 26, 2021

"Fui adotada e adotei gêmeos. Espero que eles se sintam tão sortudos quanto eu", diz britânica

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"'Nós escolhemos você', meu pai costumava contar. Ele disse que havia uma longa fila de bebês, todos chorando na enfermaria, enquanto eu era o único quieto. Eu tinha cerca de uma semana de vida quando meus pais me acolheram, e saber que eu fui adotada sempre me fez sentir mais especial. Eu sou filha única. Eu me senti sortuda. É algo que quero que meus filhos gêmeos e adotados aos três anos também cresçam sentido", disse a britânica Siobhan, do País de Gales.

Em um depoimento emocionante ao site Metro, a mãe de dois relembrou como foi a adoção dos seus filhos gêmeos, hoje com 8 anos, e fez um paralelo com sua própria experiência de ser adotada. 

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Britânica (à direita) com sua esposa (Foto: Reprodução/Metro)

 

"Eu e minha esposa, Caroline, realmente não tínhamos pensado em ter filhos até 2016. Recém tínhamos mudado de casa e estávamos com o casamento marcado para agosto. Certo dia, enquanto caminhávamos pela praia, Caroline disse do nada: 'Este seria um lugar adorável para crianças crescerem'. Algo despertou em nós e nossos planos de adoção se desenvolveram naturalmente depois disso. Fizemos cursos e avaliações e, após cinco meses, ficamos sabendo que um menino e uma menina estavam precisando de um lar. Sabendo que eles eram irmãos, imediatamente sentimos que eles seriam uma boa companhia um para o outro, e pensamos que isso poderia tornar a transição para outra família mais fácil.

Então, em 2017, adotamos os gêmeos. Tenho certeza de que algumas pessoas podem pensar que adotar gêmeos é uma tarefa difícil, mas estamos satisfeitos por termos feito isso. Eles sempre terão um ao outro e nossa família veio 'pronta'. Não queríamos um filho bebê. Acho que as pessoas presumem que você vai se relacionar melhor com um recém-nascido, mas, para nós, consideramos que não há feedback com eles. Você os muda, os alimenta e eles dormem. Com uma criança que consegue se comunicar com você, há uma resposta. Além disso, os gêmeos tinham apenas três anos, ou seja, muito pequenininhos, ainda. Eles ainda estavam engatinhando. 

Algumas pessoas também podem adotar bebês porque pensam que criarão um vínculo mais forte; pensam que os bebês sempre o conhecerão, mas não acho que isso seja necessariamente verdade. As crianças mais velhas têm que esperar mais por causa dessa atitude e é muito triste. Você olha para as crianças na escola primária e elas não têm ideia do que se passa no mundo. Elas estão aprendendo coisas novas todos os dias. Eles só precisam de alguém que os leve para sua casa e os ame, e os ensine como ser uma boa pessoa. Vínculo é sobre amor e tempo que passamos juntos. Aprendi isso por meio do amor incondicional que meus pais demonstraram por mim. Acredito plenamente que, seja um filho biológico ou adotado, é seu filho. Talvez seja por causa da minha própria experiência como adotada, que não acho que você pode amar uma criança biológica mais do que uma criança adotada. Amamos os gêmeos como se fossem nossos, porque são nossos.

Quando os vimos pela primeira vez, nosso filho correu para o canto, colocou o rosto nas mãos e não olhou para nós nem falou nada. Nossa filha era uma tagarela! Agora, é engraçado, porque você não pode calar nosso menino, por mais que tente, enquanto nossa menina costuma ficar mais quieta. Suas personalidades estão se desenvolvendo o tempo todo. A cada semana eles deixam de querer ser médico, advogado, guarda costeira ou bombeiro. Agora, eles têm oito anos e temos e, à medida que crescem, podem ler seus 'livros de adoção', com fotos deles juntos com sua família biológica e pequenas lembranças. Compartilhamos isso com eles sempre que desejam.

Siobhan adotou os filhos em 2017 (Foto: Reprodução/Metro)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quando criança, meus pais tinham um arquivo que eu olhava de vez em quando, que continha informações sobre minha mãe biológica. Eu queria conhecê-la e acabei encontrando. Eu a localizei na Irlanda, há cerca de oito anos. Pelo arquivo e por nosso encontro posterior, descobri que havia sido concebida 'fora do casamento'. Minha mãe biológica foi da Irlanda para o País de Gales para dar à luz em um convento, em segredo. Ela nunca contou ao meu pai biológico sobre mim. Ela me explicou que não poderia, aos 18 anos, compartilhar com sua família a minha chegada. Ela criou uma história de que iria viajar pela Europa. Ela me pegou, depois foi para a Itália e tirou algumas fotos antes de voltar para casa.

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Anos depois, minha mãe biológica e meu pai acabaram se casando. Na verdade, tenho dois irmãos mais novos. Estou em contato com todos eles, incluindo minha mãe e meu pai biológicos. Fico feliz em conhecer minha família biológica. Compartilhamos semelhanças e eles são pessoas adoráveis,​ mas a descoberta não mudou quem são minha mãe e meu pai, ou o que eles significam para mim. Quando minha mãe biológica conheceu minha mãe adotiva, a primeira coisa que ela disse foi 'obrigada por criá-la tão bem'. Lembro-me da nossa assistente social dizendo 'não importa se o bebê nasceu no seu ventre ou no seu coração' e acho que isso é verdade. Nossos filhos roubaram nossos corações no momento em que os conhecemos. 

Eu aconselharia qualquer pessoa que esteja considerando a adoção a falar com o serviço local para obter o máximo de informação possível, conversar com os pais que adotaram para descobrir como é realmente. É perturbador que haja tantas crianças no sistema que não precisam existir. Eles só querem uma chance, eles só querem um lar amoroso e se você pode dar isso a eles, por que não faria? Eu sei o que é estar em ambos os lados do processo de adoção. Seus pais são quem educa, quem ama, e é muito gratificante ser essa pessoa para nossos preciosos gêmeos"

 

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/10/fui-adotada-e-adotei-gemeos-espero-que-eles-se-sintam-tao-sortudos-quanto-eu-diz-britanica.html