Wednesday, August 21, 2019

"O modelo de família em que o homem é o provedor e a mulher cria os filhos está obsoleto há tempos", diz Chris Nicklas

pai; filho; paternidade; carinho (Foto: Thinkstock)

 

Em minhas últimas pesquisas venho me deparando com um assunto tão importante quanto esquecido: a paternidade.
Sempre que falamos sobre o pai e o seu papel na chegada do bebê tudo gira em torno da mãe e seu estado emocional.
O pai deve cuidar dela, de seu descanso, de sua alimentação, deve ajudar nos cuidados com o bebê, trocar fraldas, colocar para arrotar e não podemos esquecer que tem que trabalhar e trazer dinheiro pra casa.
Comecei a me dar conta que nada se fala sobre o processo paterno na transição para essa nova etapa da vida, cheia de tantas responsabilidades, inseguranças e desafios.
Ouvi de um médico a seguinte observação: no serviço de atendimento à saúde dos hospitais nada está endereçado ao pai e às dificuldades que este enfrenta no início da vida de seu bebê, que diga-se de passagem, têm um forte impacto em sua saúde e estado psicoemocional.

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Isso fez muito sentido para mim. Lá em casa, pensando agora em perspectiva, foi uma transição bastante dura para o meu marido.
Pouco se fala e menos ainda se faz a respeito deste tema.
Na contramão disso, percebo o quanto cada vez mais cruzo com homens em busca de uma nova forma de paternar.
Semana passada aconteceu o Primeiro Encontro Falando em Família. Foi lindo de ver do palco, de onde apresentei e mediei debates, casais dividindo os cuidados com os bebês.
Vi pais ninando seus filhos, dando papinha, brincando... E também ouvi depoimentos por parte de algumas mães que alegavam que não teriam dado conta do recado se não tivessem tido o apoio e a parceria de seus maridos.
Os tempos mudaram e não é de hoje que homens repensam seus valores e a sua forma de se relacionar com o outro.

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O modelo de família em que o homem é o provedor e a mulher responsável pela criação dos filhos já está obsoleto há tempos, mas ainda estamos construindo uma nova forma de estruturar nossas famílias.
Historicamente podemos localizar o início desta transformação cultural no momento em que a mulher se lança no mercado de trabalho, e como que num efeito dominó desloca todas as pecinhas que estão na sua frente.
Ganhamos todos! A mulher, por passar a ter a possibilidade de encontrar um companheiro que divida consigo a sua dupla jornada, e pais por terem a oportunidade de mergulhar no fascinante e lúdico universo infantil.

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Pois nada mais enriquecedor do que olhar o mundo pela ótica da criança.
Cheia de poesia e o frescor de quem vê tudo pela primeira vez ela nos dá aulas de como o mundo, e a vida, podem ser lindos.
Agora só falta lutarmos para que esta igualdade se manifeste na sociedade e nas leis trabalhistas. Precisamos trazer para o nosso país modelos de Licença Parental, que permitem que pai e mãe dividam igualmente os cuidados com a criança se assim desejarem.
A luta é árdua, mas os interessados são muitos! E quem mais se beneficia advinha quem é?! Nossos filhos!

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Chris Nicklas (Foto: Edu Rodrigues )

 

Chris Nicklas é apresentadora, criadora e gestora do site Amamentar é…, estudante de Psicologia e mãe dos gêmeos Luca e Nina de 15 anos.



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