"Essa sou eu depois de um dos dias mais difíceis da minha vida". Foi com essa frase que a executiva e mãe de dois, Renata Louzada, 40, começou seu post na última terça-feira (13). Junto com o texto, estão algumas fotos impactantes. Ela, que é mãe de uma adolescente de 17 anos e um menino de 10, teve o rosto, partes do cabelo, orelha e pescoço queimados depois de um acidente doméstico. "Eu estava preocupada com o trabalho, com os compromissos do meu filho no colégio, com as compras que eu precisava fazer no supermercado, com a limpeza e organização da casa e, nessa vibe, fui colocar uns papéis na churrasqueira para queimar e não vi que havia um desodorante spray junto. O fogo explodiu bem na minha cara. Foi horrível, um desespero! O estampido da explosão ainda assombra meu sono", conta.
O motivo da desatenção, segundo Renata, é um fato bastante comum na maternidade: a sobrecarga de atividades. "Eu me separei há dois anos e meu ex-marido mudou de cidade. Fiquei sozinha para cuidar de tudo. Sou executiva de contas de um shopping, tenho um trabalho que me exige bastante, uma filha adolescente — que não é fácil — e um filho menor. O pai vem a cada quinze dias, mas não é o suficiente. Eu achava que dava conta, mas o tempo foi passando e comecei a me sentir exausta. Precisava parar, mas não sabia como", conta. Até que aconteceu o acidente e Renata foi obrigada a fazer uma pausa. "Nesse momento, a minha família e meus amigos vieram me socorrer, pois fiquei muito abalada emocionalmente. Minha mãe me ajudou com as decisões e meus pais levaram meus filhos para casa deles por uma semana. Mas precisou que isso acontecesse para eu pedir ajuda", lamenta.
Apesar do susto, ela diz o acidente serviu para mudar a rotina da família. "Entendi os riscos de viver uma vida corrida, cheia de compromissos e sem tempo para aquilo que é mais importante: os filhos, os amigos e a família. Agora, volto mais forte e muito mais determinada a continuar o meu caminho em busca do meu sucesso, mas também dedicada a ajudar outras mulheres que, assim como eu, se sentem exaustas ao cumprir suas rotinas de trabalho, cuidado com os filhos e consigo mesmas. Não é fácil", diz.
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"Agora, eu decidi ser a mãe possível, a mulher possível. Se eu não conseguir ajudar com a lição de casa ou esquecer de uma reunião, tudo bem. As crianças também precisam entender que eu não sou perfeita e que eu também falho. Conversei com a minha filha, dividimos algumas responsabilidades da casa. Ela e o irmão vão participar mais e vão ser menos passivos. No intuito de protegê-los, eu acabava tirando deles algumas responsabilidades", diz.
Renata conta que, imediatamente após o acidente, deu início a um tratamento. "Estou com algumas manchas ainda, mas nada permanentemente. Somos cobradas e exigidas a sermos ótimas profissionais, mães, esposas e nos fizeram acreditar que era possível, mas não é! É sobre-humano, é impossível ser boa em tudo! Em primeiro lugar, precisamos entender isso, em segundo, precisamos chamar outras mulheres e, principalmente os homens, para essa discussão", finaliza.
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