Mais madura e independente, a cantora e compositora Isadora Canto retorna ao universo das canções infantis com o lançamento de seu terceiro álbum, Vida de mãe, obra que conclui sua trilogia dedicada à infância e maternidade, junto aos álbuns Vida de bebê (lançado em 2006 e indicado ao Grammy Latino no ano seguinte) e Vida de criança (2016).
Mãe de Theo, 18, e Lia, 11, Isadora resume toda sua experiência como mãe ao longo das 11 faixas do novo álbum, já disponível em todas as plataformas de streaming. À CRESCER, a artista conta como foi o processo de criação e produção de Vida de mãe. Confira!
O que este terceiro álbum representa para você?
Este álbum me deixa muito emocionada por ser o mais maduro de todos, e também o mais conciso. É uma síntese do que vivi com os meus filhos, um resumo da nossa história. Falo sobre tudo o que me tornei através da maternidade e como descobri que não precisamos ser a mãe perfeita, mas a melhor mãe possível. Além disso, canto o reencontro com o feminino, sobre cuidar e amar a si mesma.
Como você tem passado por essa fase de redescoberta?
Acho importante que não nos esqueçamos de que, além de mãe, somos mulheres também. Temos uma essência feminina e várias potências dentro de nós. Algo que me ajudou muito nessa redescoberta foi o Materna em Canto, grupo musical e cênico que ajudei a fundar há 11 anos. Nos encontramos toda a semana para ensaiar e são nesses encontros que trocamos muitas experiências e ideias sobre ser mãe e sobre a beleza do feminino. Trago essas questões para o Vida de mãe também, que aborda desde a infância das crianças até meu processo de maternidade, bem como o encontro com o feminino. Quero passar à frente essa mensagem de que a gente pode ser tanto mulher quanto mãe. Isso é muito prazeroso e muito potente para mim.
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Como essas questões foram condensadas em Vida de Mãe?
Eu digo que este álbum é feminino, materno e infantil. Como as duas obras anteriores, Vida de bebê e Vida de criança, ele foi inspirado em vivências minhas, desde a gestação até hoje. Vamos brincar e Bicho carpinteiro falam bastante sobre a primeira infância, enquanto Meu pai é uma música composta por mim e pela Lia para o pai dela [o também produtor do álbum, Márcio Arantes]. No álbum, também trato sobre separação de uma maneira bem leve. Em Fé-menina, a última faixa, canto a sororidade.
Como foi produzir uma música com a sua filha?
Meus filhos cresceram muito envolvidos musicalmente, então, para a Lia, cantar é uma coisa muito natural. Nós compusemos Meu pai em casa, ao piano. Ela cantava, dava ideias, assim como já tinha feito em Pitanga, música de Vida de Criança. Quando estávamos no estúdio, a chamei para cantar um trecho da música e ela o fez de uma forma tão natural, tão genuína, que decidimos deixá-la cantar a música toda. Não coloquei a minha parte. Meu pai fluiu naturalmente para ela.
Ouça a música Meu pai:
E mesmo sendo uma obra tão pessoal, Vida de Mãe é também o seu primeiro álbum a contar com músicas de autoria de outros compositores. Como você conheceu e escolheu as suas parcerias?
Fico muito feliz ao lembrar que as duas únicas pessoas com quem eu tive vontade de trabalhar em um CD na minha vida aceitaram a minha proposta e permitiram que eu gravasse a música delas. Bicho carpinteiro, de Camilo Pereira, um compositor do interior de São Paulo, é uma música que eu ouvia nos corredores da escola onde eu trabalhava enquanto ainda estava grávida do Theo. Ou seja, há 18 anos ela esteve na minha cabeça e foi um prazer poder cantá-la neste álbum.
Já a música Plantadeira, da Minuska, chegou até mim por meio de um amigo. Demorei mais de um ano para encontrar a compositora, que vive no sertão nordestino, onde cuida do pai. No primeiro contato com ela, a Minuska não aceitou o convite. "Essa música fez muito sentindo para mim. Ela fala o que eu sinto, ela fala o que eu canto, ela chegou até mim como um presente", tive que implorar. Chorei horrores. Três dias depois, ela me ligou mudando de ideia. Chorei novamente, de emoção.
Depois de Vida de mãe, você pretende produzir mais álbuns para o público infantil?
A sensação que eu tenho é a de que um ciclo está se encerrando. Não sei se farei um álbum infantil depois desse, porque os meus filhos já estão indo para o mundo e estamos todos em uma nova fase. Eu lancei a minha trilogia, sabe? E estou muito satisfeita com a produção desse terceiro álbum, que é muito especial para mim, porque vejo muito de mim nele. Compus a maioria das músicas sozinha, dei muitos pitacos nos arranjos e fui atrás de uma ilustradora espanhola que eu amo para fazer a capa do álbum, a Ana Jarén.
Agradeço também as pessoas que participaram do financiamento coletivo do àlbum [que ultrapassou a meta de R$ 38 mil, arrecadando R$ 42 mil]. É impressionante como tantas pessoas se dispuseram a ajudar por acreditarem no meu trabalho. Pela primeira vez, me sinto muito representada no meu próprio projeto.
Vida de mãe já está disponível em todas as plataformas de streaming (Spotify, Apple Music, Deezer, Tidal e Youtube Music).
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