Ninguém nasce sabendo. Nem a mãe, que “surge” quando ela tem um filho. Nem nós, que nem sempre "acertamos" no tom, mesmo tentando. Mas, comunicação pode ser conhecida, aprendida, trabalhada e aplicada por todos que quiserem. CNV (Comunicação Não Violenta), uma “técnica” elaborada pelo psicólogo Marshall Rosenberg: observação, sentimento, necessidade e pedido. Mas não é só isso - e pode ser até mais simples do que isso.
Uma nova visão sobre como nos relacionamos com o mundo, com o outro e, por que não, com nós mesmos? Quantas vezes você “se culpou” nessa última semana? E quantas dessas vezes você "se ouviu" e/ou "não se julgou"?
Somos vulneráveis em grande parte de nossas vidas desde que nascemos. Estamos mais vulneráveis nesses últimos tempos pela pandemia. Como já foi abordado por aqui, “um dos maiores momentos de vulnerabilidade de uma mãe é o início de vida de seu filho, seja ele o primeiro ou o último”.
Sim. Ela precisa, quer e aceita apoio, compreensão e ajuda. Sim. Nós achamos que compreendemos, até queremos apoiar, pensamos que oferecemos ajuda e que ela vai aceitar. Sutil demais a diferença? Você aceitaria refletir sobre algumas ideias?
Antes de tudo: acolher. A mãe tem uma voz. Que tal escutar, de verdade, o que ela diz, como ela diz? “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.”
Esse texto poderia ser inteirinho sobre ESCUTATÓRIA (Rubem Alves, do livro “O amor que acende a lua” - 1998). Esse é um bom começo. Quando se faz um curso de ACONSELHAMENTO para profissionais que querem abordar aleitamento materno, algumas habilidades são sugeridas e podem ser treinadas.
Usar comunicação não verbal útil. Isso está nas nossas atitudes quando vamos escutar alguém. É tudo o que envolve o momento da comunicação e que vem antes da fala: atenção, postura, expressão. É sobre estar presente. Naquela hora. Naquele lugar (ponto de partida):
- Manter sua cabeça no mesmo nível (olhar nos olhos).
- Prestar atenção (desde antes da fala).
- Remover barreiras (desligar o celular).
- Dedicar tempo (o que for necessário).
Pode até parecer que isso tudo não tem relação com amamentação. Pode ser muito mais do que isso. Tudo é uma questão de manter. A mente quieta. A espinha ereta e o coração tranquilo (Walter Franco). Antes de escutar, antes de falar, para que possamos, de fato, atingir o objetivo de apoiar uma mãe que amamenta, é importante estarmos lá, com ela, por ela. Buscamos, no outro, não a sabedoria do conselho, mas o silêncio da escuta; não a solidez do músculo, mas o colo que acolhe (muito Rubem Alves).
Saiba como acessar todo o conteúdo exclusivo da CRESCER aqui
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Moises-Chencinski-Eu-Apoio-Leite-Materno/noticia/2021/06/moises-chencinski-escutar-uma-mae-que-amamenta-vai-muito-alem-do-ouvir.html