Monday, July 27, 2020

“Vitória grande como mãe e atleta”, diz Tandara sobre ação contra clube por direitos durante a gestação

Tandara Caixeta (Foto: Reprodução Instagram)

 

A jogadora de vôlei Tandara Caixeta foi a primeira da modalidade a vencer uma ação na justiça contra seu antigo empregador, o Praia Clube, depois de seu salário ter sido reduzido em 99,5% durante a gestação de filha Maria Clara, em 2015. A decisão do Tribunal Superior do Trabalho dando vitória à esportista foi publicada no dia 16 de junho. “Foi uma vitória muito grande como mãe e atleta”, disse a oposta em entrevista à Crescer. “Espero que mostre que as mulheres podem fazer as duas coisas e devem ter um respaldo nesse período. Gravidez não é doença, muito pelo contrário, faz a gente voltar mais forte e motivada”.

Em 2015, Tandara tinha o salário composto por um contrato de trabalho de R$ 821 e um contrato de imagem de R$ 98 mil, de acordo com nota de Sílvia Pérola, advogada que defendeu a atleta. “Durante a gestação, o meu contrato que era de um ano acabou, mas como está previsto na legislação, eles deveriam renová-lo”, explica Tandara. “O que o clube fez, porém, foi renovar apenas o meu contrato de trabalho e não o de imagem, que constituía a grande maioria dos meus rendimentos. Por isso, entramos com ação para reaver a quantia que não foi paga nesse período”.

Tandara e a filha Maria Clara (Foto: Reprodução Instagram)

 

De acordo com Tandara, o que a motivou a entrar com a ação foi garantir seu direito. “Não é pelo dinheiro, mas eu realmente queria esse respaldo do clube. Qualquer outra profissão teria isso garantido por lei sem discussão”, diz a atleta. “Minha gestação foi muito saudável, joguei até os quatro meses e meio, não fiquei fora de quadra e não faltei aos treinos. Os únicos jogos que perdi foram os da Seleção Brasileira nesse período, mas o Zé (José Roberto Guimarães, técnico da Seleção Brasileira Feminina de Vôlei) foi super compreensivo e me deu força para me cuidar e depois continuar a carreira. A Maria Clara nasceu no dia 13 de setembro e em 21 de outubro eu já estava em quadra com um novo clube”.

Relembrando os primeiros meses com a filha pequena, Tandara admite que voltar as quadras não foi nada fácil. “No começo, precisei muito do apoio da minha família. Foi muito difícil, estava exausta o tempo todo tentando conciliar casa, trabalho, relacionamento com o marido e maternidade” diz a atleta. “Hoje em dia, lido bem melhor com isso. Aprendi a definir  meus horários para conseguir me dedicar 100% a tudo que faço. A quarentena nesse sentido, para mim, foi ótima como oportunidade para conviver ainda mais com a Maria Clara e também me conhecer melhor. Com certeza vai contribuir para ter ainda mais garra em quadra e honra para o Brasil nas Olímpiadas de 2021”.



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