Tuesday, July 28, 2020

"Quando uma mãe fala não, é não", alerta mãe de bebê que passou mal após ganhar doce

Ana Sophia há 1 ano; e ela com a mãe, recentemente (Foto: Arquivo pessoal)

 

Há um ano, a operadora de loja Scarlet Mayara Gimenez Soares, 21 anos, de Esteio, no Rio Grande do Sul, fez um alerta nas redes sociais. Na época, sua filha, Ana Sophia, recém tinha completado 1 ano e passou por um grande susto. Mesmo depois de afirmar que não era para dar doce para a filha, uma pessoa próxima ofereceu um marshmello para a menina. Ninguém sabia, mas ela tem alergia a corantes. Meia doce foi suficiente para a criança parar no hospital. 

O post de Scarlet viralizou e, desde então, continua sendo compartilhado por milhares de pessoas, principalmente mães e pais. 

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"E mais um relato sobre irresponsabilidade de quem não sabe discernir quando uma mãe fala 'não'. Minha bebê se chama Ana Sophia, tem 1 ano e 1 mês e vou contar um pouco do que tem sido esses últimos dias. Na última sexta feira, recebemos uma visita (não vem ao caso quem seja). Já eram 21 horas e, nessa horário, obviamente, ela já tinha jantado, mamado e estava pronta pra dormir. Essa pessoa chegou esse horário na minha casa, comendo um determinado doce (marshmelow), o qual eu disse: 'Não dê, porque ela nunca comeu e não está na hora de doces'. A pessoa olhou pra mim e disse: 'Ah, mas é só um'. Eu reforcei minha decisão dizendo 'não'. Pois bem, eu fui até a cozinha fazer algo e, nesse tempo, a pessoa deu a porcaria do doce que eu disse pra não dar. Eu já fiquei furiosa, fechei a cara e a visita se foi. Ela comeu apenas metade. Metade do doce e não quis mais. Pouco tempo depois, ela vomitou. Até aí, tudo bem, pensei: 'Bom, não fez bem e ela já pôs pra fora', e ela dormiu. Não deu 20 minutos e ela acordou chorando, inquieta, foi questão de eu sentá-la na cama e ela deu um jato de vômito e não parou mais de vomitar e passar mal. No sábado, decidimos levar ela ao pronto socorro. Lá, ela foi diagnosticada com intoxicação alimentar, mas pediram para cuidarmos da febre, pois, se desse febre, tinha risco de ela estar contraindo uma infecção intestinal. Ela foi liberada e mandada pra casa. No entanto, ela não progrediu nada, tudo o que ela comia, colocava pra fora. Quando foi ontem, ela teve 4 episódios de febre e começou a ter diarréia. Retornamos ao pronto socorro e veio a confirmação: infecção intestinal devido a alta presença de corantes e conservantes, e mais, ela é extremamente intolerante. Agora, é antibiótico direto na veia e dieta regrada. Tirando isso, foram três veias estouradas e quase uma eternidade pra achar a quarta. Caso contrário, tentariam colocar através de um canal na cabecinha. Quando uma mãe diz NÃO, é NÃO! Não importa se tu é tio, tia, madrinha, padrinho, vó ou vô. Somente uma mãe sabe o que pode ou não ser melhor para o seu filho. Somente ela passa noites em claro cuidando do filho doente."

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Segundo a mãe, na época, foram "longos 9 dias de internação". "Durante oito dias, ela não conseguia beber, nem mesmo água, tudo fazia mal. O organismo dela passou a rejeitar também a proteína do leite, após o episódio de intoxicação e infecção. Hoje, ela consome somente alimentos a base de soja. Foi complicado e muito difícil. Tenho muitas alergias, por exemplo, ao chocolate, embutidos e conservantes. Então, por decisão própria, eu nunca ofereci pra ela esses alimentos, já por medo que ela tivesse as mesmas alergias que eu. De resto, ela comia basicamente de tudo e, de repente, é privada de 90% das coisas", lamenta Scarlet.

Hoje, além de pediatra, Sophia faz acompanhamento com nutricionista e alergista. "É bem difícil sair, pois temos que levar as coisinhas dela. Ela vê as outras crianças comendo bolo e doces em aniversários, mas ela não pode. Mas o que mais me deixava aflita era a creche. Ficava com medo que fossem confundir as refeições, se alguma mãe oferecesse algo pra ela ou se alguma criança, sem maldade, desse algo pra ela. Mas foi tudo bem", afirma. Sobre a pessoa que ofereceu o marshmello para Ana Sphia, a mãe comentou que ela se sentiu culpada e, inclusive, ajudou no tratamento da menina. "Deixei ela ciente de tudo o que tinha acontecido. Ela ficou mal, mas nos ajudou com tudo, desde gastos com remédios e até mesmo nos primeiros leites de soja pra Ana que não é nada barato", conta.

E sobre a quantidade de compartilhamentos nas redes sociais, Scarlet disse que ficou surpresa. "Eu fazia parte de um grupo de mães e tentantes nas redes sociais. Lá, nós trocávamos muitas experiências e dicas, e quando o fato ocorreu, resolvi postar no grupo. Mas poucos instantes depois, a postagem teve um alcance absurdo. Recebi muitas mensagens. Fiquei meio assustada por ter repercutido tanto e permanecer repercutindo mesmo depois de tanto tempo, mas, ao mesmo tempo feliz por poder ajudar a alertar as pessoas de que quando uma mãe diz NÃO é NÃO", finalizou.

PALAVRA DE ESPECIALISTA

Segundo o pediatra Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria, existem vários tipos de alergias, que podem ser genéticas e desencandeadas — isto é, a criança tem pré-disposição e entra em contato com o alergênico — e não genéticas. "Crianças muito pequenos, com menos de 2 anos e meio, não costumam positivar nos testes alérgicos. Até existem exames que conseguem, mas são extremamente caros", explica. "Portanto, a recomendação é não oferecer esses tipos de alimentos com corantes e adocicados para as crianças. Não somente por causa das alergias, mas também por questões nutricionais e de saúde", alerta.

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Mas ele ressalta que, após os 2 anos, quadros alérgicos leves, como a proteína do leite, por exemplo, podem melhorar ou durar a vida inteira. "O correto, diante de um caso como esse, é fazer acompanhamento com nutricionista, manter uma dieta balanceada, com alimentos saudáveis, evitando os alergénicos e, depois dos 2 anos, fazer todos os teste alérgicos", finaliza.



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