A coqueluche é uma infecção do trato respiratório causada pela bactéria Bordetella pertussis. Na medicina chinesa, é chamada de tosse dos 100 dias, pois a tosse persistente é o sintoma mais comum. A doença é transmitida de pessoa a pessoa e adultos sem reforço vacinal funcionam como fonte de infecção.
A doença tem três estágios:
Catarral (duração de 1 a 2 semanas)
Inicia-se após período de incubação de 7 a 10 dias em média
Rinorréia (muita coriza)
Conjuntivite com lacrimejamento
Febre baixa
Tosse ocasional
Paroxismo (duração de 1 a 6 semanas)
10 a 15 tossidas por ciclo expiratório
Tosse seca com ruído característico
Vômito após episódio de tosse
Convalescência (duração de 1 a 6 semanas)
A duração da tosse seca (não produtiva) é marcante
O tratamento antimicrobiano visa eliminar as bactérias, mas não diminui a duração dos sintomas. É importante para impedir a transmissão da doença, que ocorre de pessoa a pessoa. Além disso:
- Suporte ventilatório em casos que necessitam de internação hospitalar
- Tratamento de co-infecção – pode ocorrer infecção concomitante por outros patógenos do trato respiratório tal como Streptococcus pneumoniae (principal agente de infecções como otites, sinusites e pneumonias) e Haemophilus influenzae (agente que pode causar pneumonias e meningite bacteriana)
- Corticóides (anti-inflamatórios) e anti-histamínicos (anti-tussígenos) sem impacto significativo na melhora ou diminuição dos sintomas
As crianças com idade menor que seis meses têm maior risco para adquirir a infecção. Em particular aquelas que não tomaram pelo menos três doses da vacina pentavalente. A doença é mais grave em crianças com idade menor que dois meses, pois essas ainda não receberam a primeira dose da vacina. No ano passado foram dois óbitos por coqueluche no estado de São Paulo. Cerca de 70% dos óbitos por coqueluche ocorrem na faixa etária de até dois meses.
O calendário vacinal contra coqueluche público no Brasil é:
1ª dose aos 2 meses - vacina pentavalente contra Corynebacterium diphtheriae (agente da difteria), Clostridium tetani (agente do tétano), Bordetella pertussis (agente da coqueluche), Haemophilus influenzae tipo b (agente de meningite e otite) e vírus da hepatite B.
2ª dose aos quatro meses
3ª dose aos seis meses
15 meses – tríplice bacteriana - contra Corynebacterium diphtheriae (agente da difteria), Clostridium tetani (agente do tétano), Bordetella pertussis (agente da coqueluche)
4 anos - tríplice bacteriana - contra Corynebacterium diphtheriae (agente da difteria), Clostridium tetani (agente do tétano), Bordetella pertussis (agente da coqueluche)
A cada 10 anos deve ser feito o reforço da tríplice bacteriana, mas, atualmente, no sistema público, o reforço é feito apenas com a dupla (difteria e tétano) e não a tríplice bacteriana do adulto.
Sim, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) recomenda a inclusão da vacina contra coqueluche a cada gestação. Outra abordagem importante é vacinar contra coqueluche todos aqueles familiares e profissionais que entrarão em contato direto com o recém-nascido. O ideal é que o reforço vacinal no adulto seja feito com a vacina tríplice bacteriana do adulto e não a dupla.
Fonte consultada: Jorge Sampaio, microbiologista do Fleury Medicina e Saúde.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Quem-ama-vacina/noticia/2020/10/6-perguntas-sobre-coqueluche.html