Os eventos super transmissores de covid-19 são aqueles em que diversas pessoas contraem o vírus depois de passarem algumas horas juntas em determinado local. Apesar de o termo aparecer em artigos científicos, ainda não há uma definição exata de quantos indivíduos precisam ser infectados para que um evento seja classificado dessa forma.
Alguns dos eventos super transmissores de covid-19 chamaram atenção da mídia, como o caso de um casamento uruguaio para 500 pessoas em que 44 convidados foram infectados; um homem infectado em Seoul que foi a cinco boates em uma noite e transmitiu a doença para, pelo menos, 101 pessoas; e uma cerimônia na Casa Branca em que nove pessoas, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contraíram o vírus.
De acordo com o imunologista e professor da Universidade de São Paulo, Antônio Condino, fatores biológicos, ambientais e comportamentais contribuem para um evento super transmissor. “No caso de fatores ambientais, já está comprovado que locais fechados, com pouca circulação de ar em que as pessoas ficam por um período relativamente longo, como um bar cheio ou uma igreja, aumentam as chances de contágio”, explica Condino.
Do ponto de vista biológico, o médico afirma que algumas pessoas apresentarão uma carga viral consideravelmente mais alta do que a população em geral, o que aumenta seu risco de transmitir a doença. Ainda não se sabe ao certo o que faz com que esses indivíduos tenham uma carga viral muito elevada, mas algumas hipóteses envolvem traços genéticos, respostas imunológicas e características fisiológicas, como o formato da cavidade nasal.
Por fim, Condino ressalta os fatores comportamentais, que podem fazer até que uma pessoa assintomática, que geralmente tem carga viral baixa, torne-se uma super transmissora. “Alguém que não sabe que está com coronavírus, não usa máscara, não faz a higiene correta das mãos e não respeita o distanciamento pode transmitir a doença para muita gente, mesmo sem ter os sintomas”, diz o imunologista. “É por isso que existe uma controvérsia grande quanto a volta as aulas. As crianças são propensas a se tornarem super transmissoras no ambiente escolar. Já existem estudos que mostram que nos pequenos o vírus pode ser transmitido por até 30 dias por vias respiratórias e pelas fezes, diferente do que ocorre nos adultos em que a doença, no geral, se resolve em 14 dias”.
Para reduzir as chances de participar de um evento super transmissor de covid-19, Condino recomenda evitar aglomeração de pessoas e, caso seja necessário encontrar pessoalmente com alguém que não mora na mesma residência, escolher um ambiente aberto. Manter o distanciamento e usar máscaras é essencial em todas as ocasiões. Se precisar receber alguém dentro de casa, mantenha as janelas abertas e usa ventiladores ou purificadores para aumentar a circulação de ar.
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