Thursday, March 25, 2021

"Aqui as crianças se sentem seguras e não perdemos um ano de estudo", relata mãe brasileira que mora na Holanda

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Mãe conta como foi o ensino das filhas na pandemia (Foto: Reprodução: YouTube)

 

A pandemia do coronavírus afetou o mundo inteiro, porém, cada país vivenciou esse momento crítico de uma forma diferente, principalmente com relação à educação. A médica, Marina Borro, que mora na Holanda e tem duas filhas, uma de 5 anos e outra de 7, disse que as meninas ficaram sem ir para a escola por 12 semanas, mas logo retornaram. "As crianças se sentem seguras e não perdemos um ano de estudo", relatou a brasileira no evento Conecta Escolas Exponenciais 2021 — que reúne especialistas para discutir inovações no setor de ensino.

Durante o encontro, que aconteceu na última quarta-feira (24/3), Marina contou que as filhas estudam em uma escola pública em Culemborg, no interior da Holanda. Ela explica que no início da pandemia, em meados de março do ano passado, as unidades de ensino fecharam e passaram a ter aulas remotas. Foi um momento difícil, pois as meninas estavam em período de alfabetização. Porém, seis semanas depois, as estudantes voltaram para a escola. "Quando as crianças retornaram depois da primeira onda, o número de infectados continuou caindo, mesmo com as escolas abertas. O que ficou fechado aqui foi o setor entretenimento, como restaurantes", disse a mãe.  

Com a segunda onda, as escolas holandesas voltaram a fechar a partir de dezembro para o recesso e ficaram mais um tempo paradas em janeiro, devido ao pico da pandemia. Quando os casos começaram a cair, a primeira medida foi liberar as aulas para as crianças e, segundo Marina, a tendência do número de infectados continuou a cair, assim como na primeira onda. "Pela nossa vivência, as crianças irem para a escola não impactou na quantidade de infectados". 

Na cidade da médica, as escolas voltaram no mês passado, seguindo alguns protocolos de segurança. As crianças que estiverem resfriadas, por exemplo, não podem ir à escola e precisam fazer o teste. Enquanto não sai o resultado, elas assistem às aulas online. Os alunos também não retornaram para as atividades de educação física, como aconteceu após a primeira onda, e as turmas não se misturam.

Evento discute experiências internacionais com relação à educação (Foto: Reprodução: YouTube)

 

Há algumas diferenças com relação aos protocolos de segurança se compararmos com países como o Brasil. Como por exemplo, as crianças só precisam usar máscaras a partir dos 13 anos, além disso, elas podem interagir entre elas. Marina explica que em sua cidade não há muito infectados o que permite que haja maior flexibilidade dos protocolos com relação aos pequenos. "Aqui, há entre 4 e 10 infectados por dia, mesmo com as escolas básicas e de ensino fundamental abertas", relata a médica. "Hoje, as minhas filhas não têm mais medo do vírus, porque elas já passaram pelo processo de voltar para escola e ver que está tudo bem". 

"Minha filha perdeu o prazer pela escola"

Realidade muito diferente foi vivenciada pela jornalista, Luciana Savioli, que mora em Austin, no Texas (EUA). Mãe de uma menina de 10 anos, ela conta que as escolas em sua cidade fecharam entre março e maio e passaram a ter aulas online, mas a adaptação não foi fácil. "Foi um esquema muito improvisado, muito puxadinho, com muitas críticas, porque basicamente, eles mandavam as atividades que as crianças tinham que fazer até a sexta-feira e só. Foi caótico". 

Após as férias de verão, em setembro, as aulas voltaram em um sistema híbrido, seguindo os protocolos de segurança. Além disso, foi colocado um professor apenas para dar aula online.  "Nós escolhemos por mantê-la em casa, justamente por não saber como seria esse retorno e pelo medo. Eu não me sentia segura e ela também", disse a mãe. 

A adaptação com o ensino online tendo sido um grande desafio para mãe e filha. "A migração do presencial para o digital foi caótica. Do ponto de visto acadêmico, senti uma perda grande de aprendizado. Com o tempo, minha filha perdeu o prazer pela escola". Luciana precisou contratar uma professora particular para acompanhar a aluna e também pediu para um psicólogo da escola conversar com a menina para ajudá-la nesse momento de esgotamento mental, o que tem ajudado na adaptação com as aulas remota. 

Luciana conta que a filha assiste às aulas de manhã e depois, se está disposta, faz as atividades opcionais. Ela explica que as escolas vêm demandando muito dos alunos em relação às tarefas com intuito de balancear a falta de horas de ensino. "Isso tem estressado a minha filha". A menina faz duas horas de interação com os professores, mas tem três horas de lição para fazer por dia, fora as atividades opcionais. "Quando ela termina, eu tenho deixado ela ter os momentos dela no quintal com as amigas [com máscara] e também mantive o esporte, como tênis", disse a mãe. 

Por enquanto, a filha da jornalista ainda irá ficar no ensino online. "Acredito que a escola aberta pode dar certo com as regras, mas acho que o sistema em casa também funciona, porém isso é uma coisa muito particular de cada família", afirmou a mãe. 

 

 

 

 

 

 

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/03/aqui-criancas-se-sentem-seguras-e-nao-perdemos-um-ano-de-estudo-relata-mae-brasileira-que-mora-na-holanda.html

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