Como dizia aquela canção do Legião Urbana: “É preciso amar como se não houvesse amanhã”. E esse é um ato de coragem.
Amar por inteiro. Amar na inteireza de ser. E, quando não há certeza do amanhã, somos presenteados com a intensidade do aqui e agora. Como na infância, nada mais importa se não o que está diante de nós, acontecendo.
Amar, porque é a única saída quando parece que já não há mais caminhos. Amar, porque é o amor que cria a resistência quando parece que já não temos mais força.
Amar em bando. Amar com outras pessoas. Juntos e juntas para o amor se tornar mais forte, tornar-se linguagem, a narrativa de um tempo presente, do que fica em nós, do que passa por nós.
Amar para não sobrar mais dúvidas de quem somos, do que podemos e para onde queremos ir. O amor é a saída de todas as portas de entrada das nossas escolhas.
Amar para nos tornarmos quem podemos ser. Conscientes da dimensão oscilante da vida. Amar a vida em sua instabilidade. Coragem!
Coragem é um ato de amor, de amar. Coragem é a costura entre os nossos desejos e as nossas possibilidades. Coragem é ação, amor é concepção.
Coragem para falar o que precisa ser dito, amor para cuidar da pessoa que escuta. Coragem para escolher o que precisa ganhar força, amor para entender que é preciso desapegar do que não pode mais crescer.
Coragem para se tornar o que se pode ser, amor pra entender que somos reflexo de nossos contornos. Coragem para dar vida aos nossos sonhos, amor para incorporar um mundo de gente diferente nele.
Coragem para expressar nossos sentimentos, amor para entender os demais.
Coragem para educar nos tempos que correm, amor pela missão cotidiana.
Coragem para ser diferente todos os dias, amor para perceber que as pessoas também mudam. Coragem para pensar livremente, amor pelas ideias que ainda não estão.
Coragem para não aceitar o fácil, o superficial, o corrupto. Amor pelo que não está ao alcance do seu controle ou do seu ego.
Coragem para dar um basta. Amor por cada passo dado.
Coragem de perdoar. Amor por crescer com erros, seus e do mundo.
Coragem de admitir que não sabemos nada. Amor pelo novo, pelo que virá.
Coragem para recomeçar: do zero, do meio, de onde paramos.
Coragem e amor como combustíveis da potência da criação.
Amor e coragem, pai e mãe, família e amizades, professores e professoras, escola e educação. Amor e coragem para cada leitora e leitor.
Marcelo Cunha Bueno é um educador apaixonado pela infância. É pai do Enrique, 9 anos. Diretor da Escola Estilo de Aprender, autor dos livros Sopa de pai e No chão da escola: por uma infância que voa
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