Friday, March 19, 2021

Crianças que recebem aparelhos eletrônicos para regular a raiva têm mais dificuldade de lidar com os sentimentos, diz estudo

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Como acolher a criança em um ataque de birra? (Foto: Getty Images)

 

Não é de hoje que a comunidade médica tenta entender os efeitos das telas nos primeiros anos de vida das crianças. Definir horários e um tempo limite de uso é essencial, mas não só isso. Um estudo da Universidade Brigham Young,  localizada em Utah, Estados Unidos, mostrou que filhos que recebem aparelhos eletrônicos para regular emoções, por exemplo, para controlar o choro, podem sofrer problemas futuros.

Apesar de parecer inofensiva a ideia de distrair a criança com um telefone ou tablet, a longo prazo, as reações dos pequenos podem se tornar cada vez mais agressivas, pois perdem a capacidade de aprender a lidar com os diferentes sentimentos e a regular suas emoções, o que é essencial mais tarde na vida.

 

Para elaborar o estudo, os especialistas analisaram 269 crianças e seus respectivos pais para coletar dados sobre diversos fatores, como por exemplo, temperamento, 'uso problemático da mídia' e 'regulação da emoção da mídia'. 

Os pesquisadores decidiram, por exemplo, observar a reação das crianças com a interrupção antes do fim de um episódio de uma série infantil de TV americana, Daniel Tiger’s, que costuma ser muito querida entre os pequenos. Os resultados mostravam o que a teoria já imaginava: aqueles que tiveram reações como se jogar no chão, chorar e gritar eram as mesmas que costumavam receber a tecnologia como consolo.

 

Muitos relataram que quando os filhos têm um dia ruim, a mídia parece ser a única solução que, de fato, os ajudam a se sentirem melhor. A maioria dos responsáveis que optam por tomar essa decisão, são pais de crianças extrovertidas, agitadas e que costumam ter momentos de explosão.


A importância de entender os sentimentos

"O papel das emoções é ajudar a regular o nosso comportamento. Assim como o medo tem a função de nos proteger de perigos, a tristeza nos ajuda a identificar e a evitar o que nos faz mal", explica a psicopedagoga Renata Trefiglio, do Centro Paulista de Neuropsicologia (SP). Se o seu filho ficou triste depois de brigar com um amigo, por exemplo, a tristeza vai ajudá-lo a identificar que não é legal repetir os atos que desencadearam esse sentimento.

Colo, abraço e carinho são as melhores ferramentas para manter a conexão com os pequenos (Foto: Pexels)

 

De acordo com Renata, o processo emocional tem três passos. "No primeiro, nós sentimos algo, mas ainda não sabemos identificar o que é. Depois, atribuímos um significado e um nome ao que estamos experimentando - como 'tristeza', por exemplo. Por último, vem o reflexo no comportamento. Ficamos mais quietos, com uma expressão triste, choramos. É a partir disso que conseguimos avaliar, tentar encontrar uma solução, resolver, sair daquela situação que nos incomoda", explica a especialista.

Quando pulamos parte desse processo, deixamos de realizar e aprender com aquela experiência. Sabemos que é muito difícil não conseguir resolver o problema para os nossos filhos, mas deixá-los desenvolverem a própria autonomia, sempre com o auxílio necessário dependendo da idade, é importante para o desenvolvimento. "Você não pode comprar a felicidade do seu filho. Ele precisa da sua presença, dos valores, do amor e não de coisas", finaliza a especialista.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2021/03/criancas-que-recebem-aparelhos-eletronicos-para-regular-raiva-tem-mais-dificuldade-de-lidar-com-os-sentimentos-diz-estudo.html

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