Monday, October 22, 2018

O que é preciso para os pais brincarem com os filhos

Pai e filha negros se divertem sorrindo e brincando de carregar a criança no ombro (Foto: Thinkstock)

 

Nós precisamos nos importar com a brincadeira quando estamos brincando com nossos filhos. Pouco importa se temos 2 horas ou apenas os 15 minutos entre chegarmos em casa e as crianças irem dormir.

 Mas mais do que isso, a gente precisa saber que brincando estamos ajudando no desenvolvimento completo dos nossos filhos. Especialmente os que estão na primeira infância, ou seja, desde o recém-nascido até os 6 anos.

E quando falamos que a brincadeira é a atividade completa para as crianças é porque sabemos que brincando, eles estão trabalhando juntinhos os 4 aspectos fundamentais do desenvolvimento: o físico-motor, o cognitivo, o social e o emocional. E estas quatro áreas precisam estar juntas.

Sabendo disso, fica mais fácil para entendermos como a brincadeira é importante para os nossos filhos e até temos mais vontade de passar momentos juntos brincando. Entretanto, muitas vezes a gente não sabe como agir direito durante a brincadeira.

 Papel de palhaço controlador

Pode ser que você seja alguém que se sinta desconfortável brincando. E tudo bem se for isso. Ninguém precisa ser recreador ou palhaço porque se tornou pai e mãe.

Por outro lado, você também pode ser daqueles para quem a brincadeira precisa ser certinha e ter o resultado esperado. E daí que em lugar de brincar, a gente fica conduzindo a brincadeira.

Sabe aquele momento do quebra-cabeça, e que você não se contém e pega para seu filho aquela pecinha que ele está com dificuldade de achar? Eu fui dessas. Mais vezes do que gostaria. Também fui daquelas que se a brincadeira saiu um pouquinho do combinado já não deu certo e precisa começar de novo.

A boa novidade é que brincar não precisa dar certo e quebrar as regras do brincar é um exercício de autonomia dos filhos.

Então, como é que a gente pode brincar, sem ser um palhaço ou controlador e ainda assim ter um momento ótimo com as crianças e ajudá-las a se desenvolver para este mundão, que a gente nem sabe como será no futuro?

Vou aproveitar aqui 5 dicas de um projeto muito legal que trabalha com desenvolvimento infantil que se chama Vroom.org.

São dicas simples, que qualquer um de nós pode adotar durante a brincadeira com as crianças.

1. Olhe para seu filho. É o que eu disse na primeira frase desta coluna. Mostre que você se importa com a brincadeira e dê atenção a ela. Observe seu filho brincando, mesmo que você não esteja participando diretamente. Mesmo antes de os bebês falarem, eles estão mostrando a você o que eles estão interessados. Olhe nos olhos deles, ou no que lhes chama a atenção.

2. Converse. Sim, mesmo com os bebês. Faça sons, cante músicas, aponte e dê nome para as coisas e converse mesmo. Pode não parecer, mas os sons e gestos que as crianças fazem são o modo de se comunicar com você! Então fale em voz alta e continue conversando enquanto seus filhos crescem, envolvendo-os em aprender sobre o mundo ao seu redor.

3. Siga seu filho. É aquilo que eu falei do quebra-cabeça. Deixe que seu filho tente brincar e conquistar os desafios que aquela brincadeira está colocando para ele. E deixe também que ele lidere a brincadeira. Quando seu filho percebe que você o está acompanhando, ele ganha a segurança de ser autônomo e a confiança que você acredita no que ele está fazendo. Imagina como isto é valioso para o futuro de vocês.

4. Estique a brincadeira. Quando uma brincadeira estiver interessante para seu filho, faça com que ela dure um pouquinho mais. De novo, você não precisa estar necessariamente brincando junto. Mas, se ele deu um mergulho na piscina, desafie-o a fazer mais um. Se ele construiu uma casa, peça para que complete mais um pedaço da cidade. Se desenhou uma árvore, que tal sugerir que apareça uma floresta? Muitas vezes, só perguntando o que é que seu filho está fazendo, você já consegue ampliar aquele momento.

5. Bate-bola com seu filho. Ele sorri, você sorri. Um dia você lê uma história e no outro é a vez de seu filho contar olhando as figuras. Quando a gente está brincando tem esta oportunidade de revezar com as crianças, o que ajuda demais no desenvolvimento do seu filho.

Um último recado é que todas estas cinco dicas podem estar no seu dia a dia com seu filho, mesmo que não seja uma “brincadeira formal”. O brincar é mais amplo, mas este é papo para um outro dia.

Patricia Tempo Junto (Foto: )

Patrícia Marinho é publicitária, mãe de duas meninas, de 12 e 4 anos; e Patricia Camargo é jornalista, mãe de um menino de 9 anos, e duas meninas de 7 e 6 anos. As “Patricias” são sócias do Tempojunto, que mostra como a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento das crianças e dá sugestões práticas de como incluir o brincar no dia a dia e na relação entre as mães, os pais (e tios, e avós...) e seus filhos. Aqui elas tiram dúvidas, dão dicas e contam como o brincar pode fazer a diferença no convívio com as crianças de qualquer idade. 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Colunistas/Patricia-Camargo-e-Patricia-Marinho-Tempojunto/noticia/2018/10/o-que-e-preciso-para-os-pais-brincarem-com-os-filhos.html