Tuesday, November 10, 2020

Corte de gastos na pandemia: como falar de dinheiro com os pequenos?

Cofrinho pode ser um ótimo começo para ensinar os pequenos sobre a importância de poupar (Foto: Pexels)

 

Com um crescente número de pais desempregados no país e a queda na renda de muitas famílias por conta da pandemia do novo coronavírus, a conversa sobre cortes de gastos com os pequenos passou a ser urgente. Mas como e quando falar de dinheiro com os pequenos? Será que eles entendem?

Para criar hábitos saudáveis no que diz respeito às finanças, vale a boa e velha regra que se aplica a tudo na educação das crianças: nada funciona melhor do que o exemplo. E quanto antes o assunto for abordado, melhor.

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“Tão logo a criança comece a se relacionar com o mundo do consumo, o que hoje em dia ocorre cada vez mais cedo, é possível - e importante - abordar o assunto. Quando ela, por exemplo, pede para comprar alguma coisa, é o momento de começar a trabalhar isso, respeitando, claro, a maturidade da criança”, diz à CRESCER Carlos Eduardo Costa, autor da coleção Meu Dinheirinho, sobre educação financeira para as crianças.

Para o autor, o ideal é que o dinheiro não seja um tema para ser tratado em um momento específico, mas que seja abordado no dia a dia, da forma mais natural possível. “Precisamos incluir a criança nas conversas que envolvem gastos, como uma ida ao supermercado, o corte de uma despesa, o planejamento de uma viagem, ou até a escolha de um presente”, defende.

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‘Não temos dinheiro para isso’

Será que devemos falar às crianças a verdade sobre a situação financeira da família? Para Luciano Tavares, pai de três filhos, que é fundador e CEO da gestora digital de investimentos Magnetis, a aposta deve sim ser na transparência. “Podemos, por exemplo, dizer que a compra de uma determinada coisa que ela pediu não é possível agora, mas que ela pode poupar e comprar depois. Aprender desde cedo a importância de poupar é fundamental para o desenvolvimento financeiro consciente”, explica o especialista, que atua no mercado financeiro há mais de 25 anos.

Carlos Eduardo concorda com a importância da sinceridade, mas faz um alerta: “Evite dizer coisas como ‘não temos dinheiro’. A criança é muito literal e isso pode causar medo. Temos que ter cuidado com essas afirmativas. O certo seria dizer que o dinheiro está comprometido com outras coisas, que não está disponível. E, sobretudo, independente da condição da família, é preciso que os pais passem segurança aos filhos. Somos o porto seguro deles. Temos que demonstrar tranquilidade”, afirma.

Coleção Meu dinheirinho, do autor Carlos Eduardo Costa (Foto: Divulgação)

 

Frustrar-se faz parte

Muitos dos enganos cometidos pelos pais na hora de tratar de dinheiro com os filhos ocorre porque eles temem que as crianças se frustrem. Mas será que esse é um sentimento que deve mesmo ser evitado?

Para o autor, as frustrações fazem parte do processo de aprendizado. "É claro que uma situação de corte de gastos pode causar frustrações, como no caso de uma festa que precisou ser cancelada, por exemplo. Mas isso é natural, faz parte da vida. Nosso papel como pais e mães não é evitar frustrações, isso seria impossível. Temos, sim, que ajudar nossos filhos a superá-las com amor, carinho", diz. 

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Mesada: vilã ou mocinha?

Os dois especialistas acreditam que oferecer uma quantia em dinheiro para as crianças é importante para que elas aprendam a lidar com as finanças. É a partir daí que terão noção do valor das coisas que desejam e aprenderão a escolher prioridades na hora de gastar. “É com a administração desse dinheiro, independentemente da quantidade, que os pequenos começam a aprender a fazer escolhas - o que é chave na nossa relação com o dinheiro. Eles começam a entender que os desejos são ilimitados, mas os recursos são finitos”, diz o autor.

“É bacana que a criança saiba que existem gastos fixos do mês. Claro que, a depender de cada idade, você pode ser mais ou menos específico, mas, mesmo de forma simples, é possível ensinar seu filho a estipular os gastos necessários e a calcular, por exemplo, quanto sobrará para diversão ou compras”, afirma Luciano.

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Para os menores, Carlos Eduardo sugere que seja dada uma “semanada”, já que o ciclo de tempo de um mês ainda é muito abstrato. E o dinheiro deve ser usado para atingir objetivos da própria criança, como comprar um brinquedo ou um lanche, ou sair para assistir a um filme.

Vale dar mesada para quem ajuda em casa?

Aqui a dica é não oferecer dinheiro em troca de tarefas que precisam ser feitas de qualquer forma, como ajudar com a louça ou com a arrumação. “Eu pagaria ao meu filho caso ele fizesse algo que eu pagaria a outra pessoa para fazer, como lavar o carro, por exemplo, se ele tiver idade para isso. Também não usaria o dinheiro como recompensa para os estudos. Neste caso, apostaria em uma experiência, levá-lo a um lugar de que goste, fazer sua comida favorita. Afinal de contas, saber que nem tudo se resume a dinheiro também é um aspecto fundamental da educação financeira”, diz o escritor.

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Aprendendo a poupar

Uma ferramenta lúdica, mas eficiente, o clássico cofrinho pode ser um excelente ponto de partida para ensinar os pequenos a poupar. Estabeleça junto ao seu filho um prazo para abrir o cofre, e um objetivo prático, que seja tangível. Ao fim do período, abram juntos. Aproveite a oportunidade para começar a ensinar sobre alguns conceitos matemáticos, a depender da idade da criança: fazer montinhos de dinheiro, separar, juntar, e trocar as moedas por notas, ensinando sobre esses valores, que não estão associados à quantidade.

“O grande desafio é quebrar o sentido de urgência, que é tão inerente à espécie humana e que compromete a nossa vida financeira – inclusive dos adultos. Quando a gente ensina à criança que nem todos os seus desejos podem ser atendidos imediatamente, ela começa a entender que é preciso trocar algo do presente (guardar) para ter no futuro. E esse equilíbrio é importante”, explica Carlos Eduardo.

E essa é uma lição que pode, segundo o especialista, ser ensinada para além do dinheiro propriamente dito. “Quando a criança ganha tudo, aquilo que ela ganha perde valor. Então sugiro que a família crie um calendário de presentes, para que só naquelas datas estipuladas a criança ganhe coisas. Outra dica é estabelecer um dia na semana ou no mês para pedir aquela comida favorita. Assim você não precisa deixar de fazer as coisas de que a criança gosta, mas a ensina a esperar e dar valor."

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Já para os mais velhos, a própria mesada pode ser usada para as primeiras lições sobre planejamento financeiro. "Com meu filho, por exemplo, combinei que ele sempre deve separar a mesada em 3 partes. Uma parte para gastos mais imediatos (comprar figurinha), uma parte que ele vai acumular para uma compra maior (um brinquedo) e uma parte que vai guardar para o longo prazo (porquinho). Isso é fundamental para já desenvolver o hábito de separar em “caixinhas” e poupar desde cedo”, explica Luciano.

Conforme a criança vai crescendo, a caixinha do longo prazo pode, por exemplo, virar uma carteira de investimentos, para que a criança possa acompanhar os rendimentos e entender conceitos mais complexos.

E também cabem aqui lições sobre a importância de doar, seja uma parte do dinheiro recebido, seja tempo, atenção, um serviço. "Ensinar a doar, como tudo, começa pelo exemplo. Mas precisamos ensinar nossos filhos que não é só o dinheiro que pode ser doado. Quando paramos para ajudar um colega com uma matéria que ele tem dificuldade, quando lanchamos ao lado de alguém que está sozinho... Tudo isso é doação! E está ao alcance de todos", completa. Carlos Eduardo Costa.



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Educacao-Comportamento/noticia/2020/11/corte-de-gastos-na-pandemia-como-falar-de-dinheiro-com-os-pequenos.html

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