Todo o sintoma que impossibilita a pessoa de escutar direito, total ou parcialmente, é considerado surdez. Segundo o otorrinolaringologista Alexandre Colombini, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial (ABORL-CCF), o problema pode começar desde o ventre materno, com problemas de má-formação na orelha interna do bebê ou com problemas de infecção gestacional. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Otologia, de cada mil crianças nascidas no país, três a cinco já nascem com deficiência auditiva. Mas a surdez também pode ser adquirida ao longo da vida. Pelo menos 800 milhões de pessoas sofrem alguma perda auditiva no mundo. Mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas auditivos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Por isso, é fundamental procurar um especialista assim que aparecerem os primeiros sintomas, pois, quanto mais cedo iniciar o tratamento, melhores serão os resultados. Existem diversas causas da surdez, que vão desde desde um cerumin (rolha de cera) atrapalhando a audição até uma perda induzida por ruídos excessivos ou induzida por medicações fortes, tumores, acidentes ou traumas.
ATENÇÃO REDOBRADA NA INFÂNCIA
Quando a perda auditiva é diagnosticada antes dos 2 anos, a dificuldade em aprender a falar será menor. Por isso, o primeiro passo é a realização do teste da orelhinha – ou triagem auditiva neonatal – ainda na maternidade. Desde 2010, uma lei obriga que todas as maternidades ofereçam o exame, inclusive as do Sistema Único de Saúde (SUS). O ideal é que, logo após o nascimento, o bebê passe por esse procedimento indolor e rápido para medir seus estímulos sonoros. No entanto, o exame é apenas uma triagem. Caso a criança seja “aprovada” no teste, não significa que seja surda, mas é um alerta para que os pais procurem um otorrinolaringologista submete-lo à exames mais detalhados.
Mas há também formas domésticas de desconfiar do problema. Entre 3 e 4 meses, o bebê já firma o pescoço e consegue virar a cabeça ao ouvir seu nome. Também desenvolve o chamado riso social, que nada mais é do que um sorriso ao escutar a voz dos pais. Mas um sinal importante: ao chorar, durante a noite, o bebê costuma se acalma se ouve a voz da mãe. Já as crianças com problemas de audição só se tranquilizam quando conseguem ver o rosto da mãe ou do pai e quando alguém acende a luz.
No Brasil, o principal motivo da perda de audição de bebês são as infecções que acometem as grávidas – sífilis, rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus. Má-formações (principalmente na região da cabeça e pescoço), prematuridade, baixo peso do bebê (inferior a 1 kg), genética (associada ou não a síndromes) e uso de drogas durante a gestação. O histórico familiar deve ser considerado. Depois do parto, há outros fatores que podem causar a deficiência auditiva, como otite, sarampo, rubéola, caxumba e meningite bacteriana. O uso de certos antibióticos, principalmente em prematuros que estão na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), também merecem atenção para o surgimento do problema.
Portanto, fazer o pré-natal e ter a carteira de vacinação em dia é importante para preservar o bebê. O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses também ajuda, já que aumenta a imunidade. Não expor a criança ao cigarro – seja seu, do vizinho ou de alguém da família – é outro cuidado necessário. Tente também, sempre que possível, evitar que a criança tenha contato com poeira, já que isso aumenta o risco de otite, fator de risco para o problema.
Veja mais algumas dicas para você e seu filho:
- Nunca manipule o ouvido com haste flexível, pois pode levar a traumas que podem causar perda da audição.
- Nunca se automedique ou medique crianças sem orientação médica nem use receitas caseiras, como azeite quente.
- Evite a proximidade de caixas de som.
- Use fones de ouvidos com moderação, sempre com o volume até a altura indicada.
- Som auto dentro de um veículo ou lugares fechados também merecem atenção. Acima de 85 decibéis pode ser prejudicial.
- Atenção às doenças do ouvido, como as otites; qualquer sensação incômoda, procure um otorrinolaringologista.
- Assoe o nariz, de forma suave, duas vezes por dia. A medida evita a entrada de secreções que podem causar perda auditiva, dor, pressão nos ouvidos e zumbido.
- Alimentação saudável ajuda na audição. Alto consumo de carboidratos está associado a maior predisposição ao desenvolvimento de perda auditiva relacionada a idade.
- Atividades físicas regularmente aliada a uma alimentação saudável diminui o risco de perda auditiva.
+ Vídeo: Bebê ouve a voz dos pais pela primeira vez, depois de ganhar aparelhos auditivos
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Bebes/Saude/noticia/2020/11/dia-de-prevencao-e-combate-surdez-fique-atento-ao-comportamento-do-seu-filho.html