Monday, November 23, 2020

“Mesmo com a vacina, a pandemia ainda afetará as crianças por muitos anos”, diz Unicef

Mãe e filho na pandemia (Foto: Getty Images)

 

Na última sexta-feira (20), o Unicef divulgou um relatório mostrando que os impactos da pandemia para as crianças podem ser “maiores do que imaginávamos”. O documento diz que a crise econômica causada pelo novo coronavírus pode prejudicar a longo prazo o desenvolvimento das crianças e aumentar desigualdades pré-existentes.

Apesar de não serem o grupo mais atingido pela doença, as crianças já representam 11% das 25,7 milhões de infecções por covid-19 no mês de novembro. Os dados foram obtidos pelo próprio Unicef em uma análise feita com dados de 87 países. “Nos últimos meses, o mundo viu aumentar a prevalência de casos entre populações mais novas. Em geral, crianças e adolescentes com o novo coronavírus relataram sintomas mais leves em comparação com adultos, mas os impactos a longo prazo de ter covid-19 na infância ainda não são claros”, diz o relatório.

"A covid-19 é uma crise infantil"

Segundo o órgão, o risco de contaminação não é a maior das preocupações quando pensamos nos impactos que o novo coronavírus pode trazer para as crianças. A pandemia fez com que atividades essenciais, como escolas e transportes, parassem de funcionar e que as famílias tivessem acesso reduzido a serviços de saúde, educação, nutrição e saúde mental.

A estimativa do Unicef é de que pelo menos 90% das crianças no mundo todo tiveram os estudos interrompidos em algum momento desde abril deste ano. As crianças mais pobres foram as mais afetadas: 463 milhões de alunos não tiveram acesso às aulas remotas nos últimos meses. “Sabemos que crianças que ficam fora da escola por longos períodos, especialmente meninas, têm menos chances de retornar”, diz o documento.

O medo de contrair o novo coronavírus e a dificuldade de acesso a hospitais também colocou à prova a saúde física e mental de crianças no mundo inteiro. Uma análise feita pelo Unicef em 141 países mostrou que as taxas de vacinação, a procura por atendimento médico pediátrico e materno caiu pelo menos 10% em um terço das localidades. Outros estudos já haviam apontado que os pequenos foram um dos grupos que mais ficaram emocionalmente abalados nos últimos meses.

O documento fala da importância de o governo e a população se mobilizar para reduzir os danos que a pandemia pode trazer a longo prazo para as crianças. “A covid-19 é uma crise infantil. A pandemia ainda afetará a vida das crianças por muitos anos, mesmo que uma vacina inovadora seja disponibilizada em breve. A menos que a comunidade global mude urgentemente as prioridades, o potencial desta geração dos jovens pode muito bem estar perdido”, finaliza.

 



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