Escola: tempo e espaço do cuidado. Escola: espaço e tempo de amor. Escola: templo e espaço do crescer.
Para onde vão a sociedade, as pessoas, as crianças sem a escola? Onde vive a infância sem ela? A infância que tanto defendemos? A da descoberta, a da potência de vida, a da poesia do brincar, a infância que faz memória? Como caminha a humanidade se não temos escolas? Como caminha a humanidade se a escola é a última a ser lembrada depois de vivermos tamanho isolamento?
Não seria a escola a cura para a nossa saúde? Para a saúde de um país? Para as decisões de saúde de um país? Não é à toa que um país sem educação é um país que não se prepara, que não cria estrutura para a saúde, para a manutenção e preservação da vida quando um vírus nos atinge. Não seria a escola a conscientizar políticos e sociedade para a importância de reequilibrarmos as forças entre as frentes para vivermos melhor? Quando o discurso sobre a grana, sobre o comércio, sobre a bolsa de valores se tornou mais importante do que a escola?
Quando o mercado financeiro se tornou mais valorizado do que um chão de escola? Quando a escola foi esquecida ou quando foi rebaixada nos critérios prioritários de retomada da “vida normal” e perdeu espaço para bares, shoppings, restaurantes, comércio de rua, campeonatos de futebol? Triste e assustador.
Quando refiro a escola, refiro-me à educação. Educação: espaço para ações inventivas, criativas. Espaço, oportunidade e templo que faz circular a nossa história, que afirma a humanidade.
Educação e escola como direito, como a única maneira de sermos melhores para as pessoas e o mundo em que vivemos. E isso não seria um dever de um país?
E quando uma sociedade sacrifica a escola, a educação, sacrifica crianças, jovens, famílias, o presente e o futuro de um país. Sacrifica trabalho, sacrifica sua história. Sim, pensar na escola é criar uma vacina universal contra a pandemia da ignorância, da ganância econômica e política que tem destruído gerações. O vírus não é pior do que o abandono da escola. O vírus é o antídoto do abandono da educação. Ele nos mostrou que tudo estava errado. Então, por que continuar insistindo em virar as costas para o que realmente se deve fazer? Devolvam as escolas aos educadores, devolvam as escolas ao país, à população. A escola não é uma proposta política, a escola não é plataforma de ninguém, escola não é bravata de um mundo melhor.
A Escola é a vida. Faz parte da história de cada pessoa. Por que viramos as costas para a nossa história, mesmo? Vamos pensar, vamos refletir, vamos usar o que a escola nos ensinou, e mudar os rumos das nossas vidas.
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