As crianças têm uma relação complexa com o medo. As mesmas coisas que assustam, muitas vezes, são alvos de fascinação. Em seu novo livro Coisas Arrepiantes (Harper Collins, R$49,90) o escritor e doutor em Educação pela USP Ilan Brenman, aborda esse sentimento típico da infância com linguagem acessível e bem-humorada. Nas páginas, desfilam monstros, bruxas e fantasmas que ganham o papel por meio dos traços do ilustrados Guilherme Karsten.
Em entrevista exclusiva à CRESCER, o autor revela por que escolheu a temática e como os livros podem ajudar os pequenos a superar seus temores:
O que te motivou a escrever sobre o medo das crianças?
Os adultos temem o medo das crianças, querem evitar a todo custo que elas tenham esse sentimento, mas, trabalhando com o medo é que podemos fortalecê-las para o que, inevitavelmente, vão sentir na vida real. Os livros infantis são uma ótima maneira de fazer isso, pois testam os limites de uma maneira segura.
Como as crianças podem encarar seus medos?
O medo não está fora da criança, mas dentro delas. O fantasma aparece à noite, como projeção nossa, e, quando acendemos a luz, ele desaparece. Um livro de terror é como um farol contra esses temores. Só podemos enfrentar o medo falando dele, por isso, é interessante quando os pais leem junto com os pequenos. O medo tem a função também de unir as pessoas e fortalecê-las.
Como você criou as situações inusitadas que aparecem no livro?
Meu processo de criação é bem orgânico, só racionalizo depois que a obra está pronta, e adoro acrescentar pitadas de humor em todas as histórias. Por isso, temos uma bruxa com dor de barriga, um fantasma com asma e um lobisomem no dentista. É direto, ingênuo e as crianças se identificam na hora. Colocamos também uma aranha que está escondida em todas as páginas do livro. As crianças têm se divertido tentando encontrá-la.
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