Monday, April 1, 2019

Mancha mongólica: já ouviu falar?

Geralmente, a mancha escura desaparece ainda na primeira infância (Foto: Flickr)

 

 

 

Quando Noah, 6, nasceu, a produtora de eventos Fabiana Lima, 43, levou um susto. “Ele tinha a bundinha toda roxa. A primeira coisa que você pensa é: ‘será que os médicos deram uns tapas fortes e o menino ficou roxo?’ Foi meio estranho para mim. Depois, comecei a ler sobre o assunto e aí percebi que era mancha mongólica”, conta. 

Com a publicitária Ana Gabriela de Oliveira Lopes, 40, foi parecido. "Ainda na maternidade, ao ver pela primeira vez as manchas nas costas e no tornozelo, cheguei a pensar que ela tinha se machucado no parto. Foi quando o plantonista explicou o que era", lembra. Na época, a mãe diz que precisava explicar para as visitas, já que parecia um hematoma. "Quando as pessoas vinham nos visitar e eu precisava trocar a fralda, já ia logo dizendo: 'olha só, ela tem mancha mongólica'. Por que, sim, eu tinha essa preocupação de que achassem que a bebê estivesse machucada", afirma.

A manicure Giovana de Oliveira da Silva, 19, também passou por algumas situações "embaraçosas" por conta disso. “Minha filha nasceu com a mancha na perna, ela é bem grande, ia da coxa ao pé. Quando fui tirar os pontos da cesárea, uma enfermeira viu a perninha dela e entrou em desespero. Pegou Valentina e a levou sem me perguntar nada, achando que ela estava machucada. Depois que eu expliquei que era mancha mongólica, ela pediu desculpas", lembra.

Normalmente, as manchas aparecem na região lombar (Foto: Reprodução)

 

PORQUE ELAS APARECEM?

Apesar de pouco conhecida, a mancha mongólica é muito comum, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Ela ocorre em função da miscigenação, isto é, a mistura de raças. O nome faz menção aos mongóis, um grupo étnico que habitava a Ásia Central. No corpo, o que ocorre é que em determinadas regiões, os melanócitos – células que possuem melanina, pigmento responsável por dar a cor para a nossa pele – se acumulam de forma irregular. 

“É uma parada de migração de células que dão uma tonalidade acastanhada na região, apesar de enxergarmos uma cor azulada, que lembra um machucado. Mas não tem nada a ver com isso. No Brasil, com essa mistura de raças que a gente tem, a mancha mongólica é muito frequente. No entanto, como muitas vezes é bem clarinha e em locais não muito visíveis, as pessoas não costumam notar", explica a dermatologista Vânia Oliveira de Carvalho, presidente do Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, elas surgem em 10% dos brancos, 40% dos latinos, 80% dos negros e, em descendentes de orientais, chega a 90%. O que explica as manchas na pequena Nina. “Eu sou descendente de japoneses. Eu não conhecia, mas, segundo minha mãe, minha irmã e eu também tivemos", conta Ana Gabriela.

Ana Gabriela e Ninah: descendência japonesa (Foto: Reprodução Facebook)

 

 

Mãe faz maquiagem igual à marca de nascença do filho

A MANCHA DESAPARECE? 

Mancha de Noah, 6 anos (Foto: Arquivo pessoal)

Os locais mais comuns são na parte inferior da coluna, bumbum ou ainda costas e pernas. As manchas podem variar de tamanho e pigmento. "Nina tinha manchas enormes nas costas. Mas, como o médico explicou, elas foram diminuindo com o tempo e, hoje, 8 anos depois, ela não tem mais nenhuma", afirma Ana Gabriela. Mas isso não é regra. "No meu filho eram meio espalhadas, mas tinha uma bem escura. As outras saíram, mas essa, escura, ainda permanece”, conta Fabiana, mãe de Noah, 6.

“É uma condição totalmente benigna e transitória, isto é, geralmente desaparece com o passar dos anos. De uma maneira geral, ela some ainda na primeira infância", explica a dermatologista. Sobre a mancha mais escura de Noah, a especialista acredita que ela ainda deve desaparecer nos próximos anos, e afirma que os pais não precisam se preocupar. "Não necessita de nenhum tratamento ou acompanhamento. Exceto casos de manchas muito extensas no corpo inteiro, acompanhadas de outros sintomas como problemas de desenvolvimento. Nesse caso, é importante investigar”, finaliza.

Hoje, 1 anos e 3 meses depois do nascimento, a mancha na perna de Valentina também clareou bastante. No entanto, segundo a mãe, as pessoas ainda olham e questionam. "Fico sem graça. Ás vezes, eu tenho paciência de explicar, outras vezes, não. É chato, pois as pessoas não conhecem e quase não se ouve falar sobre a mancha mongólica. Mas sou grata por ela ter saúde. Para mim, não muda em nada", completa Giovana.

Valentina com 1 mês e, ao lado, com 1 ano (Foto: Arquivo pessoal)

 

 



from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Bebes/Cuidados-com-o-recem-nascido/noticia/2019/04/mancha-mongolica-ja-ouviu-falar.html

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