A luz emitida pelas telas de aparelhos como os smartphones e tablets tem provocado uma série de mudanças no corpo humano, afetando, por exemplo, o nosso ritmo circadiano, o relógio interno que regula o sono, e a renovação das células, entre outras funções. Enquanto esses efeitos são bem documentados pela ciência, as consequências da luz azul para a visão ainda são fonte de debate entre os especialistas.
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Uma pesquisa publicada em 2018 na Scientific Reports por químicos da Universidade de Toledo, nos Estados Unidos, investigou se a exposição prolongada à luz azul (de ondas curtas de 445 nanômetros) pode provocar danos irreversíveis às celulas dos olhos.
Em laboratório, os cientistas isolaram algumas células oculares e as expuseram diretamente a um foco de luz azul. As ondas de alta intensidade dessa luz provocaram uma reação química nas moléculas retinais, que são capazes de perceber a luz. Conforme elas se oxidaram, espécies químicas tóxicas foram formadas, matando células oculares, que não foram capazes de se regenerar após o dano, segundo o coautor do estudo, Ajith Karunarathne,.
A conclusão pode parecer assustadora, mas a boa notícia é que, como esclarecem os próprios pesquisadores, o que acontece em uma placa de Petri (superfície usada para o experimento) não reflete o que de fato ocorre no olho humano — e, portanto, não há razão para entrar em pânico.
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Isso porque danos irreversíveis à visão, como os que foram observados pelo estudo, podem estar ligados à degeneração macular, uma doença que "embaça" a vista e pode levar à cegueira — mas não há qualquer relação com o uso de aparelhos eletrônicos.
A luz azul
Não são apenas os celulares, computadores e tablets que emitem a luz azul. Nós também a consumimos naturalmente, por meio da luz do sol, que também contém outras formas de luz visíveis, como o infravermelho e o ultravioleta.
Apesar de olharmos para as telas dos nossos aparelhos muito mais do que para o sol, a luz azul emitida pela nossa estrela supera drasticamente qualquer raio vindo de um aparelho. "A luz solar, mesmo que em um dia nublado, tem mais intesidade luminosa do que qualquer luz que podemos encontrar dentro de casa", confirma Rosa Maria Graziano, presidente do Departamento de Ofltamologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Ainda assim, quanto menos contato com as telas os pequenos tiverem, melhor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que, antes de completarem 1 ano de idade, os bebês não sejam expostos a eletrônicos. Crianças de até 5 anos podem desfrutar dos tablets, celulares e computadores por, no máximo, uma hora por dia - com intervalos. A ideia é evitar que o contato excessivo com os gadgets crie hábitos sedentários desde a infância e diminua a quantidade de horas de sono.
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Até agora, nenhum estudo conseguiu relacionar danos permanentes nos olhos humanos ao uso de telas. Os efeitos da luz azul que mais preocupam os médicos estão, na verdade, relacionados ao sono.
"A luz azul inibe a produção de melatonina, o hormônio responsável por nos induzir ao sono", explica Graziano. A médica ainda lembra que algumas versões de gadgets permitem que o usuário filtre a emissão de luz azul. É recomendável evitar o uso de telas, inclusive para os pais, entre uma e duas horas antes de dormir.
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"Levará algum tempo até que vejamos se e quanto dano esses aparelhos podem causar em um longo período", afirmou Karunarathne em entrevista à revista Popular Science, que também já imagina como intervir em possíveis problemas. "Quem sabe, um dia nós estaremos aptos a desenvolver um colírio para usar quando você for exposto à luz intensa, para reduzir danos", disse.
from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Saude/noticia/2019/04/luz-azul-das-telas-faz-mal-para-visao-do-meu-filho.html