Friday, October 25, 2019

Hospital usa música para reduzir uso de sedação em crianças

Stephanie tocando para a pequena Elizabeth (Foto: Carl Juste/Miami Herald/TNS)

 

Era o início de tarde do dia 1º de outubro no Hospital Infantil Holtz, em Miami, e o quarto da pequena paciente, Elizabeth Foley, 2, estava em silêncio. A menina acordava da anestesia após ter realizado um exame para um possível transplante de fígado, quando a mãe, Amy, debruçou-se sobre a cama da filha e disse: "Vamos fazer música e, então, seu humor vai melhorar". De fato, em poucos minutos, a menina, que sofre de uma condição genética chamada síndrome de Alagille — que, em parte, afeta o funcionamento do fígado —, estava agarrada a um instrumento.

Stephanie Epstein, a musicoterapeuta do hospital, tem seus métodos para encantar os pacientes. Ela começa com as músicas dos filmes favoritos dos pequenos, como Frozen e Moana. Depois, toca um tambor oceânico, cheio de pequenas contas metálicas que flutuam, para criar ondas suaves de som. Já são cinco anos animando crianças doentes. Mas não é só isso. Além de levantar o ânimo, a música também ajuda a relaxá-los antes e depois dos tratamentos e mais: a música também é capaz de reduzir a dor e a ansiedade das crianças durante procedimentos médicos.

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Isso significa que os médicos podem usar doses menores de sedativos ou até dispensar o uso de alguns medicamentos — que podem ser especialmente severos em pacientes mais jovens. "Não ter que sedar uma criança também significa economizar tempo e dinheiro. As crianças não precisam jejuar por 12 horas, não há necessidade de um anestesista, não há efeitos colaterais dos medicamentos e nem necessidade de intubação", disse ela. "É melhor para os pacientes e a para a equipe. O clima geral da sala fica mais tranquilo", completa ela.

A alegria de Elizabeth (Foto: Carl Juste/Miami Herald/TNS)

 

Um exemplo foi quando Elizabeth precisou de um tubo de cateter, que deve ser inserido em uma veia no braço, perna ou pescoço da criança para fornecer remédios e nutrição. A enfermeira avisou a mãe que, provavelmente, a pequena gritaria durante o procedimento. Mas Stephanie apareceu com seu violão e Elizabeth ficou tão calma e quieta, que outras enfermeiras foram conhecer "a garota que não chorou". Para a família e equipe médica, o foco na música ajudou. "Sabemos que ela passará por mais cirurgias no futuro e limitar a quantidade de anestesia é uma grande bênção para nós", disse a mãe.

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Hamilton Clark, diretor executivo do hospital, disse que o programa de musicoterapia já se tornou "parte integrante da equipe de atendimento". "As crianças precisam de cuidados de saúde especializados em todos os aspectos, e sabemos que a musicoterapia desempenha um grande papel no processo de cicatrização", afirma.

A primeira música que Stephanie tocou no quarto de Elizabeth foi Let it go, do filme Frozen. E também foi o momento em que menina abriu seu primeiro sorriso do dia. "Consigo dar a eles algo de positivo, para poder ajudá-los a se expressar. Eu sou a pessoa que os ajuda a se sentir criança novamente", disse Stephanie. "A música também me acalma", completou Amy, mãe da menina.

Equipe cantando e tocando para a paciente (Foto: Carl Juste/Miami Herald/TNS)

 

 



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