Monday, September 30, 2019

Vai trocar seu filho de escola? Saiba o que levar em conta

CF310-TROCA-DE-ESCOLA (Foto: Getty Images/Tetra images RF)

 

A escolha da escola é um dos grandes desafios da vida em família. Apostamos tudo, desenhamos presente, futuro, sonhos. Só que, quando a própria criança – e a família toda – já tem uma memória da vida escolar, rotina, formas de aprendizado, valores e, o principal, vínculos, a mudança a ser enfrentada é de outro tipo. Pode envolver comparações e decepções. Porém, o resultado pode ser um crescimento emocional importante, um grande passo para todos. “Não é fácil lidar com ambientes novos, o estranhamento está presente e faz parte do jogo”, diz a psicopedagoga Edith Rubinstein, diretora do Centro de Estudos Seminários de Psicopedagogia (SP). “Para todos os envolvidos, mudanças são desafiadoras e demandam suportar o desconhecido.” Para a psicopedagoga Renata Truffa Tarabay, duas palavras dão direção a esse processo: acolhimento e pertencimento. “Se os procedimentos de transição mantiverem esse norte, a história da criança nesse novo lugar tem tudo para ser boa de viver, lembrar e contar”, diz.

Isso, claro, falando de escolha: quando não há, a batalha é outra. Mas, para todos os casos, CRESCER oferece aqui sugestões de conversa e reflexão para vocês, juntos, encontrarem os melhores caminhos para essa nova fase. E eles devem ser considerados desde já, se você pretende trocar o seu filho de instituição no ano que vem, uma vez que é neste período que começam as matrículas.

MOTIVO FAZ DIFERENÇA?

Sim. Há processos de transição em que a criança pode viver o luto por conta da perda de algo significativo. Em outros, ela pode sentir um alívio por deixar uma escola onde, por algum motivo, viveu momentos difíceis. “O alívio não impede que ela se sinta insegura, mas, apesar da insegurança, pode estar presente o entusiasmo. É do humano se sentir inseguro também diante de algo que considera bom”, diz Renata Truffa. Para ela, independentemente do motivo da troca, é fundamental que a criança saiba por que está mudando de escola. “É preciso que seja ouvida em suas necessidades, angústias, dúvidas, curiosidades.”

Além do motivo, a maneira como foi feita a “saída” da criança da escola antiga também irá influenciar na etapa futura. “Se houve uma ruptura drástica, ou se a criança não participou ou foi informada que a mudança iria acontecer, é possível que ela se mostre mais receosa. Ela não precisa saber detalhes, principalmente se for decorrente de algum tipo de insatisfação, mas deve saber que sua família acredita que a nova instituição vai ser melhor para ela”, afirma Ana Paula Yazbek, formadora de professores e diretora pedagógica do Espaço da Vila (SP).

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Elementary school kids sit on floor looking up at teacher (Foto: Getty Images/iStockphoto)

 

A IDADE TAMBÉM IMPORTA

O fato de a criança ser mais nova ou mais velha interfere. De ambos os lados: de quem chega ao novo espaço e para quem está ali recebendo o colega. De todo modo, sem dúvida, à medida que as crianças crescem podem participar mais do processo de escolha da nova escola e, durante a adaptação, conseguem comunicar melhor sobre suas primeiras impressões do lugar. “Os alunos que estão recebendo os novatos também podem participar mais do acolhimento, da apresentação da escola e das propostas que acontecem ali. As crianças bem pequenas (até 2 anos) podem demonstrar certo desconforto frente às novas crianças”, diz Ana Paula Yazbek. Porém, há um outro fator para o qual a idade não pesa: a qualidade do vínculo com os amigos e educadores da escola antiga. “É mais significativa do que o tempo em que a criança esteve na escola. Portanto, se ela passou anos na escola mas não tem muitos laços, a dor será menor do que aquela que não passou muitos anos, mas que tem ligações afetivas”, afirma Renata Truffa.

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DILEMAS PARA OS PAIS

A troca de escola também gera angústia para os adultos. A insegurança sobre o filho ser bem acolhido na nova instituição, ser tratado como uma pessoa com características próprias e não apenas como um aluno a mais na sala.

Além disso, a comunidade toda é nova: mães e pais também terão um novo processo de aprendizagem – só saberão na prática o modo de funcionamento da escola, inclusive com relação a tarefas, trabalhos, provas, dinâmicas de encontros, eventos.  Por mais que você se informe sobre tudo na visita à escola e na matrícula, somente no dia a dia é que vai entender a dinâmica de como realmente funciona. Sendo assim, os pais da nova escola também serão novos “colegas de turma” dos recém-chegados.

É importante não cair em comparações. Muitos fatores influenciarão nessa adaptação, então é necessário tempo  para entender as novas relações,

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Elementary school kids raising hands to teacher, back view (Foto: Getty Images/iStockphoto)

 

O PAPEL DA ESCOLA

Ela precisa fazer o seu trabalho em conjunto com a família, mas quem está habituado a diversidades entre as crianças, sem dúvida alguma, é ela. “Incluir e ser incluído num contexto novo demanda esforço de todos os envolvidos. Aos educadores da instituição compete o papel de mediadores para tornar o mais confortável possível a adaptação dos alunos e das famílias”, diz Edith Rubinstein. “Escutar o grupo e os indivíduos demanda sensibilidade dos educadores para promover manejos facilitadores para o benefício de todos”, conclui.

Depois da adaptação dos primeiros dias, o trabalho continua. “É importante que haja uma reunião para partilhar como a criança está se inserindo na rotina da turma e nas situações propostas. Para além das reuniões, deve-se cuidar para que as famílias recebam notícias frequentes sobre como a criança tem passado”, diz a pedagoga Ana Paula.

No mais, é ter paciência, sensibilidade, estar pronto para ouvir e acolher a criança diante de qualquer necessidade. E a adaptação ao novo virá. Para todos.

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from Crescer https://revistacrescer.globo.com/Criancas/Escola/noticia/2019/09/vai-trocar-seu-filho-de-escola-saiba-o-que-levar-em-conta.html